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Dia do Pai: “Ser Pai é errar mas também é aprender”

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Testemunho de António Martins, Paróquia de Amora

Com este testemunho não pretendo ser um exemplo nem sequer definir uma forma ideal de ser pai. Pois ser pai é isso mesmo: algo único e cada situação é única – os seus protagonistas, as situações vividas e o enquadramento existente.

Venho simplesmente partilhar um pouco da minha experiência de pai de quatro filhos, em que a mais velha tem 22 anos, seguida de um rapaz de 19 e de mais duas meninas, com 15 e 11 anos, respetivamente.

Foi uma vida construída a 6, desde 1999 até 2018. Desde fevereiro de 2018, a Rita, a mãe, está no Céu a ajudar-nos a viver o dia a dia.

Em nossa casa as refeições principais (almoço e jantar) têm sempre hora marcada e estamos sempre juntos (excepto se algum está fora). Fazemos por estar sempre juntos neste momento. É aqui que partilhamos os assuntos da família e decidimos o que é mais importante para todos. É também aqui que partilhamos o nosso dia a dia. Os planos para o futuro próximo.

Os valores são importantes e há que escolher o que é importante. Não vale a pena querer transmitir tudo o que pensamos nem tudo o que desejamos que os nossos filhos sejam. A minha função como pai não é moldar os meus filhos, mas sim transmitir os valores que acho que são importantes para as suas vidas. Há que escolher o que é importante e não abdicar desses valores. Quando transmito o que acho importante também me sinto responsável por dar o exemplo. Se digo aos meus filhos que a verdade é importante, também não devo mentir.

Mas é nos momentos difíceis que sentimos que a nossa união é importante, pois nem sempre estamos a remar para o mesmo lado. Nos momentos difíceis, como a doença, cada um ajuda como pode e tudo corre pelo melhor.

Foi também nos momentos de mudança que senti que não vale a pena contrariar os acontecimentos. Há que “pôr a mão na massa”, há que adaptar, há que fazer o que nunca tinha pensado fazer, sempre colocando os filhos em primeiro lugar, mesmo que para isso tenha de abdicar de algumas coisas.

Ser pai também é errar, saber que errei algumas vezes e que vou errar no futuro. Mas com esses erros aprenderei a mudar as minhas atitudes e as minhas acções em relação as meus filhos. Assim, no futuro, irei tomar decisões diferentes, fruto dos erros do passado.

Ser pai também é aprender. Aprender com os meus filhos que têm muito para ensinar. Cada um é único e diferente e cada um ensina algo de importante.

A formação também é importante neste processo de aprender a ser pai. Ler artigos da imprensa, livros especializados e procurar momentos com os amigos para troca de experiências.

No meu caso específico tive sempre amigos com filhos mais velhos que foram dando algumas “pistas” de como lidar com situações específicas. Existiu sempre uma grande partilha.

Mas com quem mais aprendi sobre educar foi com a Rita, uma mulher que tinha como grande paixão na vida o ensino. Sempre preocupada em saber mais sobre educar e ensinar. Também a mim me ensinou tudo ou quase tudo sobre a educação dos filhos.

Numa formação em que participei recentemente foi dito que “educar é extrair”. Para mim foi uma novidade, mas fez todo o sentido. Educar não é moldar, não é ter filhos iguais a nós. É tentar construir adultos preparados para o mundo, para o dia a dia, com as ferramentas comportamentais mais adequadas para serem respeitados pelos outros.

António Martins, Paróquia de Amora

 

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19 de Março de 2021