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Domingo de Ramos: “O mundo não se transforma a partir da vitória dos grandes, mas grande é o que serve e dá a vida” – D. José Ornelas

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Começou no último domingo, dia 28 de março, a Semana Maior que nos conduzirá à Páscoa Gloriosa de Jesus. O Bispo de Setúbal, D. José Ornelas, presidiu à Eucaristia de Domingo de Ramos na Paixão do Senhor, na Sé de Setúbal.

Desta vez, devido à situação pandémica que estamos a viver, e seguindo as orientações da Conferência Episcopal Portuguesa, não houve lugar à habitual procissão de ramos que se realiza a partir da Igreja de São Julião, na Praça do Bocage. A bênção dos ramos decorreu já no interior da Catedral, com os fiéis no lugar.

Na homilia da celebração que iniciou a Semana Santa, D. José Ornelas lembrou que esta é a semana em que celebramos os mistérios fundamentais da nossa fé: “Começamos o percurso pascal acolhendo o Senhor que entra na cidade de Jerusalém e é acolhido pela gente humilde, como o Messias, o enviado de Deus para realizar as promessas de salvação feitas aos antepassados. Este dia revela-nos muito do Senhor Jesus e da sua missão”, afirmou.

Por um lado, o Bispo diocesano ressaltou o “acolhimento jubiloso” de Jesus na entrada em Jerusalém, feito por “pessoas simples”: “muitos tinham vindo com Ele da Galileia, tinham sido tocados pela sua palavra, tinham experimentado a força sanadora que exercia e começavam a esperar que era possível e necessário transformar a forma de crer e de viver”.

Por outro lado, D. José Ornelas destacou que a chegada de Jesus num “humilde jumento, o animal do trabalho, das viagens da gente simples, o amigo da família pacífica” é o “estilo de triunfo de Jesus: próximo dos que labutam, constroem e desejam um mundo humano e em paz, para si, para os seus e para o mundo”.

Fidelidade e coerência com o projeto de Deus

Este início da Semana Santa, com a entrada de Jesus em Jerusalém e a narração da Paixão de Jesus, coloca “em evidência a verdadeira identidade de Jesus” manifesta a “fidelidade e coerência com o projeto de Deus de salvar e dar nova vida ao mundo”.

“Jesus está ao serviço desse desígnio do Pai e em união com Ele. E o que carateriza o Pai do céu é que Ele é o Senhor que dá vida, que vem em auxílio dos seus filhos e filhas, que está sempre a seu lado. Foi isso que Jesus fez ao longo da sua vida na terra, na atenção aos mais frágeis: doentes, pecadores, excluídos, anunciando a libertação de tudo aquilo que carateriza a pessoa, exteriormente, como a escravidão, miséria, exploração, exclusão, humilhação, mas também no foro pessoal e interno: os vícios, as dependências, o egoísmo, a prepotência e outros.”

D. José Ornelas afirma que esta forma de operar “põe em causa muita gente poderosa, na política, nas grandes manobras da economia e do poder e, mais importante, no mundo religioso. Deixando proclamar-se e assumindo claramente ser o enviado de Deus, Jesus sabe que terá a oposição e a condenação de todos esse e que os aplausos da multidão podem ser manipulados. Mas o que Jesus vai manifestar, nesta semana, é a coerência e fidelidade ao projeto salvador de Deus”.

Um percurso solitário, em comunhão com o Pai, que oferece perdão e vida

Ao longo desta Semana Maior, Jesus “viverá um percurso cada vez mais solitário”. Aparentemente isolado, Jesus está realmente em comunhão com o Pai e os discípulos e é em favor deles que oferece inteiramente a vida, por amor.

“Oferecendo perdão e vida, Ele assume verdadeiramente o drama da pessoa humana. Depois da Sua morte, os discípulos aprenderão a dar, também eles, a própria vida. Só então compreenderão que o mundo não se transforma a partir da vitória dos grandes, mas grande é o que serve e dá a vida”.

Sublinhando a figura do centurião, junto à Cruz, que reconhece Jesus como o Filho de Deus, D. José Ornelas afirmou: “Jesus foi quebrando os tabus e as exclusões da humanidade, pregando tudo isso na cruz. E lá pregou também o tabu fundamental: a morte. No aparente fracasso da morte, ele afirma-se como Filho de Deus, que vence o ódio, o egoísmo, a exclusão e a morte, como Deus Senhor e Criador”.

“É por esse caminho que Ele nos conduz – disse o Bispo diocesano – pela serenidade no caminho e nas crises da vida; na comunhão com o Pai do céu, fonte de vida, de diálogo (até com lágrimas) mas de confiança e amor; no dom da vida por quem precisa, num caminho que gera novas relações, nova esperança; e na fé inabalável no poder e no amor do Pai do céu”.

O Prelado terminou a homilia evocando, assim, a fidelidade a Deus e a fidelidade uns aos outros: “Estamos a sair de um mundo de pandemia, de dificuldades e crises económicas, de relação, de justiça, de incompreensão. É aqui que começamos a construir um mundo novo, sendo testemunhas do amor de Deus e dando a vida, como Ele, para a felicidade e para um futuro”.

AS

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30 de Março de 2021