O Clero de Setúbal esteve em formação esta terça-feira, dia 20 de abril, no 3º encontro temático previsto para a Formação Permanente do Clero do ano pastoral 2020-21, e que teve como tema “Uma Igreja toda ela ministerial?! Sinodalidade missionária e novos ministérios.”
Os oradores foram D. Armando Domingues, Bispo Auxiliar do Porto, e o Padre Amaro Gonçalo, Pároco da Senhora da Hora e Capelão Hospitalar do Hospital Particular CUF-Porto.
A primeira intervenção coube ao presbítero da diocese portuense que refletiu sobre a existência dos ministérios na vida da Igreja e quais os novos caminhos apontados no sentido da eclesialidade ministerial.
O Padre Amaro Gonçalo falou sobre a instituição de novos ministérios, tema atualmente em discussão, referindo que estes só serão possíveis “num dinamismo de coresponsabilidade”, potenciando a sinodalidade da Igreja mas evitando o clericalismo.
Na sua visão, “os ministérios laicais precisam de ser muito incentivados”, até numa perspetiva de discernimento vocacional: “é importante valorizar os ministérios laicais pois é daí que brotam as vocações ministeriais”, disse.
À vida da Igreja e às necessidades que a mesma verifica, o “Espírito Santo vai apontando respostas”, pelo que “a árvore que cresce vai frutificando de acordo com a novidade que o Espírito Santo lhe confere”.
Esta é, refere, uma “responsabilidade de todos”, reconhecendo que a ministerialidade tem alguma “especificidade” que deve ser respeitada, fazendo uma distinção muito clara entre ministérios ordenados e ministérios que têm como base a iniciação cristã, ou possivelmente, o Sacramento do Matrimónio.
Salienta ainda que os ministérios, de acordo com reflexões já feitas, não podem ser “autoreferenciais” nem estar assentes em “exaltações pessoais”. Os ministérios instituídos são laicais, necessários, eclesiais, autónomos, estáveis, credíveis e carecem de investidura pública.
A segunda parte da sessão teve D. Armando Domingues como interveniente, abordando o caminho sinodal ligado aos ministérios. Começou por afirmar que a “fraternidade católica está ferida” pelo que os leigos têm um papel importante na construção da unidade e na regeneração da comunidade.
Referiu o papel das mulheres na Igreja, cujos carismas “não podem ser limitados” e que por isso têm um lugar importante nos ministérios laicais. A prova disso são as recentes nomeações de senhoras para funções importantes no seio da Santa Sé, do Sínodo dos Bispos e das Conferências Episcopais.
D. José Ornelas, Bispo de Setúbal, esteve presente e agradeceu a intervenção do Bispo-Auxiliar do Porto e do Padre Amaro Gonçalo bem como dos sacerdotes e diáconos presentes, à distância por videoconferência.
Esta foi a terceira manhã temática, no âmbito do programa de formação permanente do clero para este ano pastoral. “O padre, o tipo da comunhão: Fraternidade presbiteral e comunhão eclesial” foi o tema da primeira sessão, a 17 de novembro.
Já a 16 de março o clero voltou a reunir-se para refletir o tema “Os fiéis leigos na Igreja e no mundo: é hora dos leigos, mas parece que o relógio parou”.
JM