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Opinião: Quando ‘ser mãe’ é uma missão

Charming young mother has fun with her little sons lying on a pl

Comentário do Padre António Sílvio Couto

Por determinação do calendário, no nosso país, o primeiro domingo de maio é considerado o “Dia da Mãe”. Atendendo à importância e significado desta celebração humano-cultural, a Comissão Episcopal do Laicado e da Família fez publicar uma mensagem, da qual vamos respigar alguns aspetos, inserindo, pela nossa parte, outras inquietações, propostas e desafios. 

As mães sabem que não basta dar filhos ao mundo, mas é preciso também dar um mundo aos filhos. Um mundo cheio de valores, de esperança e sonhos”.
A graça – e até a graciosidade – de ser mãe manifesta-se em tantos pormenores que, tantas e múltiplas vezes, se tornam por maiores porque feitos, vividos e sentidos com o coração. Àqueles que ainda têm mãe viva não menosprezem os gestos de encanto – mesmo que subtis – das vossas mães. Depois já poderá ser tarde…

As mães sabem que ser mãe não é ter, é ser. Ser-se quem se é nos filhos e pelos filhos. As mães são aquelas que amam antes de serem amadas. São aquelas que respondem antes de serem chamadas. São aquelas que beijam antes de serem beijadas. São aquelas que correm para o abraço esquecendo o cansaço. Como ninguém, as mães são capazes de se doar, de perdoar, de compreender, de aceitar e não julgar”.
De facto, as mães fazem tudo pela conjugação do verbo na forma ativa e quase nunca na passiva: amam, respondem, beijam, correm, perdoam, compreendem, aceitam, para o fruto das suas entranhas.

Nenhuma mãe tem em si todas as qualidades humanas e, menos ainda, vive sem erros, mas, apesar de tudo, abraça os filhos tal como são, por poucas qualidades que tenham, por maiores que sejam os seus erros. Uma mãe perdoa sempre. Ainda que de coração sacrificado, preferem pensar que a culpa é sua e não de quem, por vezes, assim a crucifica”.
Dá a impressão que a mãe peca sempre por exagero, quando tudo desculpa e quase se sente culpada por não ser ‘a’ melhor mãe. Por certo uma mulher só apreciará o que é ‘ser mãe’, quando ela mesma se torna mãe. Aí radica a força que lhe vem de ser mais do que de parecer…

A mãe ensina os filhos a serem mais fortes que os medos, não tanto através de discursos inspirados, mas pela grandeza e humildade do seu exemplo. É capaz de lhes oferecer o mar com um só sorriso e a vida inteira com uma só lágrima, que não será mais que uma gota do imenso mar do seu amor”.
Esse jeito de ser mãe pode aprender-se, mas está gravado no ser mais profundo de qualquer mãe. Talvez, por isso, não se ouse pagar o papel de mãe. Podê-lo-á ser enquanto pessoa que está em casa e não tem trabalho remunerado, mas a função de ser mãe é isso mesmo: missão, que não tem preço nem precisa de ser quantificado, pois emerge do coração.

Neste tempo de incerteza, confiamos as mães a Maria, que é a mãe de todas as mães. Recordamos as mães que deram à luz durante a pandemia, mães que perderam o emprego ou rendimentos, mães que perderam filhos e estão de luto, mães que lutaram e lutam pela saúde da sua família, mães cuidadoras de idosos e de pessoas com deficiência”.
Indubitavelmente o ‘dom da maternidade’ é um dos mais altos da divinização dos humanos, pois Deus tem coração de mãe nas mães da terra. Deus não perdeu tempo com discursos sobre a ternura, derramou-a nas mães. Deus não quis ser teórico nas coisas do coração, fez-Se presença na mães. Deus não andou fora para revelar a felicidade, derramou-a nas mães…

Ser mãe é ser feliz somente por ser mãe. Ser mãe é ser amor e amor que ninguém esquece, mas que sempre se agradece”.
Com seria frio o mundo – e é-o cada vez mais visivelmente – se acabasse a maternidade – também na dimensão psicológica e espiritual – como dom, como vocação e como ministério…mesmo na Igreja.

Obrigado minha mãe… tendo já partido para Deus!

Padre António Sílvio Couto, Pároco da Moita

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28 de Abril de 2021