Nos últimos dias, o Papa aprovou novas canonizações, entre elas a de Carlos de Foucauld. Exortou-nos a ser discípulos-missionários, a testemunhar o amor, a rezar por finanças mais justas. Participou no arranque da maratona de oração pelo fim da pandemia e dirigiu palavras de incentivo à Igreja de Madagáscar pela construção da nova catedral.
Papa Francisco: “promover a sinodalidade, não um parlamento católico”
O Pontífice recebeu em audiência na sexta-feira, dia 30 de abril, os membros do Conselho Nacional da Ação Católica Italiana (ACR). O discurso do Papa aprofundou o nome da própria associação de leigos exortando para um contínuo trabalho de gratuidade, humildade e proximidade às pessoas, sobretudo durante a pandemia. Ao enaltecer a importância da experiência sinodal na Itália, Francisco alertou sobre armadilhas que seduzem as associações, como o funcionalismo e a tentação de se fazer um “parlamento católico” – que não é sinodalidade.
Ao começar a reflexão sobre a palavra “ação”, o Papa propõe repensar o seu significado mas, sobretudo, por quem é realizada a ação. O Evangelho assegura, explica ele, que “o agir pertence ao Senhor”, o que não significa livrar-nos da responsabilidade, “mas traz-nos de volta à nossa identidade como discípulos-missionários”.
Além disso, recorda Francisco, não se deve “nunca perder de vista o facto de que é o Espírito a fonte da missão: a sua presença é causa – e não efeito – da missão”, e ter muito cuidado para não cair “na ilusão do funcionalismo”: porque programas e organogramas são úteis, mas o que faz avançar o Reino de Deus é Espírito.
Ao abordar a palavra “católica” que qualifica a identidade da associação, o Papa explica que “a missão da Igreja não tem limites”. Assim como aconteceu com os discípulos, a tarefa da Ação Católica também deve ser de estar “com todos e para todos” (cf. Evangelii Gaudium, 273), acrescenta Francisco.
No final do seu discurso, o Papa afirmou que a ACR é uma “academia de sinodalidade”, reconhecendo o seu valor para a Igreja. “Fazer sínodo não é se olhar para o espelho, nem mesmo para a diocese ou para a Conferência Episcopal, não, não é isso. É caminhar juntos com o Senhor e em direção ao povo, sob a orientação do Espírito Santo”, concluiu.
Justiça: novo “Motu Proprio” do Papa traz novas medidas anticorrupção
O Novo Motu Proprio do Papa Francisco, que modifica o sistema judicial do Estado da Cidade do Vaticano, traz alterações relevantes no combate à corrupção na Igreja.
De agora em diante, os cardeais e bispos acusados de delitos penais por magistrados vaticanos, se levados a julgamento, serão julgados pelo Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano como todos os outros e não por um Tribunal de Cassação presidido por um cardeal, como era o caso até agora. Esta é a novidade introduzida pelo Motu proprio do Papa Francisco que altera o sistema judicial do Estado vaticano promulgado em março de 2020. Não muda, ao invés, a necessidade de autorização prévia do Pontífice para levar cardeais e bispos a julgamento.
A mudança na legislação vem depois do pronunciamento do próprio Francisco na inauguração do ano judicial no Vaticano, em 27 de março. O Papa, no Motu proprio, citando as palavras proferidas naquela ocasião, lembra a “necessidade prioritária, que – também através de mudanças normativas adequadas – no sistema processual vigente se tenha a igualdade entre todos os membros da Igreja e sua igual dignidade e posição, sem privilégios criados no tempo e não mais de acordo com as responsabilidades que a cada um compete na aedificatio Ecclesiae”.
Madagáscar: Papa pede proteção de São José Operário aos fiéis da nova Catedral africana
O Papa Francisco enviou uma breve mensagem em vídeo por ocasião da bênção, neste 1º de maio, Festa de São José Operário, da nova Catedral de São José em Miandrivazo, Diocese de Morondova, em Madagáscar.
Parabenizo a todos por este trabalho que estais a realizar e felicito-vos por toda a obra educativa, social, religiosa, pelo que fazeis para que os canais de água possam irrigar melhor e produzir mais arroz para todos. Peço a São José que proteja muito todos vós. Uno-me a todos para abençoar esta nova catedral. Que Deus vos abençoe e não se esqueçam de rezar por mim”.
“Agradecemos ao Papa”, disse o bispo da diocese, Dom Marie Fabien Raharilamboniaina, “por ter voltado o seu olhar para nós, apesar de estarmos longe. Com o seu coração, ele vê o que está a milhares de quilómetros de distância e é invisível aos olhos. Com esta Catedral, construída por 200 pobres pedreiros, tanto homens como mulheres, a população sente-se mais próxima de Deus”.
Francisco participa da oração do Terço pelo fim da pandemia
Com a presença do Papa, iniciou na tarde de 1 de maio na Capela Gregoriana da Basílica de São Pedro, o primeiro Terço invocando o fim da pandemia. Todos os dias do mês de maio, o terço será rezado em 30 Santuários espalhados pelo mundo, às 18h (horário de Roma).
A iniciativa está a ser realizada à luz da expressão bíblica: “De toda a Igreja subia incessantemente a oração a Deus” (At 12,5).
A cada dia deste mês de maio, confiaremos a Vós, Mãe de Misericórdia, as muitas pessoas que foram tocadas pelo vírus e que continuam a sofrer as consequências: dos nossos irmãos e irmãs falecidos, às famílias que vivem a dor e a incerteza do amanhã; dos doentes aos médicos, aos cientistas e enfermeiros que estão na linha de frente nesta batalha; dos voluntários até todos os profissionais que prestaram o seu precioso serviço em favor dos outros; das pessoas em luto e dor, até aquelas que, com um simples sorriso e uma boa palavra, levaram conforto aos necessitados. daqueles que, especialmente mulheres, sofreram violência dentro das paredes dos seus lares devido ao encerramento forçado a quantos desejam os ritmos de vida quotidianos. Mãe do Socorro, acolhei-nos sob o vosso manto e protegei-nos, sustentai-nos na hora da provação e acendei em nossos corações a luz da esperança pelo futuro”.
No final do Terço o Santo Padre proferiu uma oração e abençoou os terços que serão enviados aos 30 Santuários que participam na “maratona” bem como os fiéis, invocando com confiança a intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria.
Regina Coeli: “Uma vida verdadeiramente cristã testemunha Cristo”
No Regina Coeli deste V Domingo de Páscoa, o Papa Francisco recordou mais uma vez que não podemos viver como cristãos sem permanecer unidos ao Senhor.
Permanecei em mim como eu em vós”, disse Jesus aos apóstolos antes de ir junto ao Pai. “Esta permanência – afirma Francisco – não é uma permanência passiva, um “adormentar-se” no Senhor, deixando-se acomodar pela vida. Não é isso. O permanecer n’Ele que Jesus nos propõe é um permanecer ativo, e também recíproco. Porquê? Porque os ramos sem a videira não podem fazer nada, eles precisam da seiva para crescer e dar frutos”. Do mesmo modo a videira precisa dos ramos, “é uma necessidade mútua, é um permanecer recíproco para dar frutos.”
Porém, acrescenta Francisco, “também Jesus, assim como a videira com os ramos, também precisa de nós. (…) Ele precisa do nosso testemunho. O fruto que nós, como ramos, devemos dar é o testemunho da nossa vida cristã.”
“Os discípulos devem continuar a anunciar o Evangelho com a palavra e com as obras”, afirma o Papa. E fazem isso “testemunhando o seu amor: o fruto a ser dado é o amor”.
Uma vida verdadeiramente cristã dá testemunho de Cristo” explica, acrescentando que a sua “fecundidade depende da oração”: “podemos pedir para pensar como Ele, agir como Ele, ver o mundo e as coisas com os olhos de Jesus. E assim amar os nossos irmãos e irmãs, começando pelos mais pobres e sofredores, como Ele fez, e amá-los com o seu coração e levar ao mundo frutos de bondade, frutos de caridade, frutos de paz.”
Depois da oração do Regina Coeli, o Papa Francisco saudou os presentes e recordou que no dia anterior tinha iniciado a “maratona” de oração para o mês de maio pelo fim da pandemia. Na ocasião o Santo Padre falou de uma “iniciativa que lhe é muito cara” proveniente da Igreja em Myanmar: uma Avé Maria do Rosário pelo país.
“Cada um de nós volta-se para a nossa Mãe quando estamos em necessidade ou dificuldade; nós, neste mês, pedimos à nossa Mãe do Céu para falar ao coração de todos os líderes do Myanmar para que eles encontrem a coragem de trilhar o caminho do encontro, da reconciliação e da paz”.
Outras saudações do Papa referiram à beatificação na sexta-feira passada, em Caracas, Venezuela, de José Gregorio Hernández Cisneros, um médico que ajudou os doentes “com caridade evangélica”. Exorta Francisco, que “o seu exemplo nos ajude a cuidar daqueles que sofrem no corpo e no espírito”.
Carlos de Foucauld e outros seis novos santos para a Igreja
O Papa Francisco presidiu, na manhã de segunda-feira, o Consistório Ordinário Público para a votação das causas de canonização de sete beatos, duas mulheres e cinco homens. Entre eles está Carlos de Foucauld, sacerdote francês, “pobre entre os pobres” e “irmão universal”, como ele mesmo se definia, que no início do século passado plantou as sementes do Verbo divino no coração do Saara.
“A data da canonização dos beatos ainda não foi definida. O dia deve ser ainda decidido”, disse o Pontífice na fórmula em latim usada para os sete beatos cuja “vida cristã e santidade exemplar” foram lembradas. A situação atual da emergência de saúde, devido ao coronavírus, influenciou na decisão de marcar a canonização numa data posterior.
Para além de Carlos de Foucauld, foi validada a canonização de Lázaro (Índia), Maria Francisca de Jesus (Itália), Maria Domenica Mantovani (Itália), César de Bus (França), Luigi Maria Palazzolo (Itália) e Giustino Maria Russolillo (Itália).
Vídeo do Papa: “que as finanças sejam instrumentos de serviço”
Finanças justas, inclusivas e sustentáveis são o pedido do Papa Francisco na intenção de oração deste mês de maio, divulgada na terça-feira, na mensagem em vídeo.
Na intenção intitulada “O mundo das finanças”, o Santo Padre pede um mundo financeiro que cuide das pessoas: “enquanto a economia real, a que cria emprego, está em crise, com tanta gente sem trabalho, os mercados financeiros nunca estiveram tão inflacionados como agora. Quão longe está o mundo das grandes finanças da vida da maioria das pessoas!”
As finanças, se não estiverem regulamentadas, tornam-se pura especulação reforçada por algumas políticas monetárias. Essa situação é insustentável. É perigosa”, afirma o Papa.
Segundo Francisco, “ainda podemos pôr em andamento um processo de mudança global para praticar uma economia diferente, mais justa, inclusiva, sustentável, que não deixe ninguém para trás”.
Que as finanças sejam instrumentos de serviço, instrumentos para servir as pessoas e cuidar da casa comum!”, exorta.
“Vamos fazer isso! E rezemos para que os responsáveis pelo mundo financeiro colaborem com os governos para regulamentar os mercados financeiros e proteger os cidadãos em perigo”, conclui.
Twitter: “media para construir e fortalecer o bem comum”
“Usemos todos os instrumentos que temos, especialmente o poderoso instrumento dos média, para construir e fortalecer o bem comum.” É o que escreve o Papa Francisco no Twitter na conta @pontifex, por ocasião do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado pelas Nações Unidas, esta segunda-feira, 3 de maio.
O convite de Francisco, lembrando também a campanha de Signis, movimento católico que une os profissionais da comunicação de mais de cem países, é o de comprometer-se a utilizar os meios de comunicação para a paz.
O tema do dia, “a informação como bem público”, informa a Unesco, “é de relevância urgente para todos os países do mundo”, pois é preciso reconhecer “a mudança que o sistema de comunicação está a causar na nossa saúde, nos direitos humanos, nas democracias e no desenvolvimento sustentável”.
Audiência Geral: o milagre pela oração
“Contemplar e rezar”: este foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira, realizada ainda sem a presença de fiéis, na Biblioteca do Palácio Apostólico.
Se na semana passada o Pontífice falou sobre a meditação, prosseguindo o seu ciclo sobre a oração, esta semana falou sobre a contemplação.
A dimensão contemplativa do ser humano, afirmou, é um pouco como o sal da vida: “dá sabor, dá gosto aos nossos dias. Podemos contemplar o nascer do sol, a primavera que desabrocha ou uma obra de arte. Antes de mais, contemplar não é um modo de fazer, mas um modo de ser”.
Ser contemplativo, prosseguiu o Papa, não depende dos olhos, mas do coração. “E nisto entra em jogo a oração, como um ato de fé e amor, como ‘respiração’ da nossa relação com Deus.”
Francisco citou o Santo Cura d’Ars, que afirmava que a contemplação é o olhar da fé, fixado em Jesus. “Eu olho para Ele e Ele olha para mim” – dizia.
Contemplação, explica ainda o Papa, não é o oposto da ação e não é correto fazer esta contraposição. “Este é certamente um dualismo que não pertence à mensagem cristã. No Evangelho, há apenas uma grande chamada, que é seguir Jesus no caminho do amor”.
“O que nasce da oração e não da presunção do nosso ego, o que é purificado pela humildade, mesmo que seja um ato de amor isolado e silencioso, é o maior milagre que um cristão pode realizar”, elucidou.
JM (com recursos jornalísticos do portal de notícias Vatican News)