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Fátima: D. José Tolentino Mendonça defende «novo começo» para a humanidade pós-pandemia

Fotografias de estúdio da Imagem de Nossa Senhora de Fátima

O cardeal português D. José Tolentino Mendonça disse esta quinta-feira em Fátima que o mundo precisa de um “novo começo”, no pós-pandemia, para transformar “a crise em oportunidade” e “a calamidade em esperança”.

“O amor é o mais verdadeiro, o mais profético, o mais necessário desconfinamento”, referiu o presidente da peregrinação internacional do 13 de maio, na homilia da Missa que reuniu 7500 peregrinos no recinto de oração da Cova da Iria.

O limite de participantes estipulado para as celebrações foi atingido cerca de uma hora antes do início da Eucaristia.

Sublinhando as restrições ainda impostas pela pandemia, o cardeal Tolentino Mendonça referiu que a fé transforma a experiência da crise em “ocasião para relançar a vida”.

“Olhando para a cruz poderíamos pensar que Jesus estava brutalmente confinado. E estava. Mas o verdadeiro desconfinamento é aquele que o amor opera em nós”, indicou.

O colaborador do Papa evocou a experiência de sofrimento de Jesus, que “ensina a transformar as crises em laboratórios de esperança”.

D. José Tolentino Mendonça defendeu a necessidade de um “relançamento espiritual” para o pós-pandemia, que ultrapasse a “expressão material da vida”.

Sem dúvida que é urgente garantir o pão e esse trabalho exigente – fundamentalmente de reconstrução económica – deve unir e mobilizar as nossas sociedades. Mas as nossas sociedades precisam também de um relançamento espiritual. Sem o pão não vivemos, mas não vivemos só de pão”.

O cardeal e poeta português considerou que o mundo enfrenta “um imenso desafio a renascer”, por causa da crise provocada pela Covid-19.

“Não basta voltarmos exatamente ao que éramos antes: é preciso que nos tornemos melhores. É preciso um suplemento de alma. É preciso que desconfinemos o nosso coração”, sustentou.

O arquivista e bibliotecário da Santa Sé convidou todos a um “balanço interior” sobre estilos de vida e modelos de desenvolvimento, transformando-os para gerar “uma verdadeira e criativa hospitalidade da vida”.

“Não tenhamos dúvidas: a reconstrução pós-pandemia depende do modo como encararmos a fraternidade”, assinalou, citando o pensamento do Papa Francisco.

D. José Tolentino Mendonça falou em particular aos jovens portugueses que se preparam para acolher, no verão de 2023, a Jornada Mundial da Juventude, pedindo que “em vez de ter medo, tenham sonhos”.

“O mundo fatigado por esta travessia pandémica que ainda dura, e que pede a cada um de nós vigilância e responsabilidade, não tem apenas fome e sede de normalidade: precisa de novas visões, de outras gramáticas, precisa que arrisquemos ter sonhos”, declarou.

O cardeal apresentou como “peregrino” de Fátima e disse que é preciso ver para lá das “tantas lágrimas, demandas e promessas”.

“A Fátima, nós peregrinos, chegamos sempre de mãos vazias. Mas de Fátima levamos, acordado dentro de nós, um sonho. Fátima ensina, assim, como se ilumina um mundo que está às escuras. Seja o pequeno mundo do nosso coração, seja o coração do vasto mundo”, observou.

O presidente da celebração evocou o 40.º aniversário do atentado contra São João Paulo II, na Praça de São Pedro, e a primeira viagem do Papa polaco a Fátima, em maio de 1982, para “agradecer à Divina Providência, neste lugar, que a Mãe de Deus parece ter escolhido de modo tão particular”, por ter sido poupada a sua vida.

A Peregrinação Aniversária de Maio decorreu no Santuário de Fátima com fortes restrições articuladas entre a Igreja e as autoridades de saúde. Estiveram apenas 7 500 peregrinos no recinto de oração.

© Agência Ecclesia


Papa envia mensagem aos peregrinos e pede orações pelas vítimas da pandemia

O Papa enviou esta quinta-feira uma mensagem aos peregrinos que participam nas celebrações do 13 de maio, em Fátima, pedindo orações pelas vítimas da pandemia.

“Por todas as pessoas que estão a sofrer com esta pandemia de Covid-19, por tantas pessoas que perderam o seu trabalho, os seus entes queridos… Por tanta pobreza e miséria que esta pandemia está a provocar”, recordou Francisco, num vídeo transmitido no início da Eucaristia desta manhã.

Os 7500 peregrinos que lotaram o espaço que lhes estava reservado para esta celebração aplaudiram a “surpresa” que lhes foi apresentada, no recinto de oração da Cova da Iria.

O Papa disse que este é “o momento de pedir à Mãe por todo o mundo”.

“E por cada um de nós, pelas famílias, pela pátria, por Portugal. Este é o momento da oração e Ela, com o seu coração de Mãe, vai acompanhar-nos. Nunca se esqueçam de temos uma Mãe e Ela gosta muito de nós”, acrescentou.

Francisco começou por saudar os peregrinos, “de forma especial”.

“Obrigado por se lembrarem de Nossa Senhora e por irem visitá-la. Obrigado por manterem no coração este desejo de estar junto da Mãe”, disse.

“Que Deus os abençoe e Ela cuide de vocês, como cuida sempre dos seus filhos”, referiu, antes de se despedir com uma bênção e o tradicional pedido de orações por si.

O Santuário de Fátima acolhe hoje, a partir das 17h00, uma etapa da “maratona” de oração promovida pelo Papa, durante o mês de maio, com a recitação do terço pelo fim da pandemia.

A celebração vai decorrer na Capelinha das Aparições, sob a presidência do cardeal D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, e transmissão mundial pelos canais oficiais do Vaticano.

“O Papa Francisco desafiou a Igreja a unir-se numa maratona de oração, numa cadeia de oração, durante este mês de maio pelo fim da pandemia. O fundamental desta iniciativa é que cada cristão reze o terço, em cada dia deste mês, por essa intenção”, explicou o reitor do Santuário, no lançamento da peregrinação internacional aniversária do 13 de maio.

 

Falando aos jornalistas, esta quarta-feira, o padre Carlos Cabecinhas sublinhou que a iniciativa de oração, que passa por vários santuários mundiais, acontece hoje, “simbolicamente”, na Cova da Iria.

“Porque a proposta vem do Papa, porque acreditamos na força da oração e porque a oração do terço é parte integrante da Mensagem de Fátima, o Santuário não poderia deixar de se associar a esta iniciativa”, indicou.

O Conselho Pontifício para a Nova Evangelização (Santa Sé) informa que para além do Rosário, cada dia do mês de maio tem uma intenção de oração pelas “pessoas mais afetadas” pela pandemia Covid-19.

A celebração no santuário português tem, como intenção particular, a oração por todos os presos.

©Agência Ecclesia

Foto: Arlindo Homem/Agência Ecclesia

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13 de Maio de 2021