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Cabo Espichel/D. José Ornelas: “Que este valioso património faça parte não só da nossa história, mas também do nosso futuro”

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D. José Ornelas esteve presente na sessão de abertura do concurso para a concessão dos edifícios de hospedaria do Santuário de Nossa Senhora do Cabo Espichel, no âmbito do programa público “Revive”.

O prelado olha com alento e apreço para as possibilidades de recuperação do património, rejeitando as tentativas ou receios de desvirtuação do espaço devocional: “neste ambiente de santuário, ter aqui um alojamento local para acolher pessoas não é uma dessacralização do espaço sagrado. É uma continuação daquilo para o qual estes edifícios foram feitos: foram feitos para os peregrinos que aqui chegavam”.

Na sua intervenção, o bispo diocesano confessou o seu “espanto” pela beleza do espaço quando o visitou pela primeira vez, mas ao mesmo tempo a sua “tristeza” pelo estado de conservação em que se encontrava.

 

Para D. José Ornelas, este Santuário, pela paisagem e ambiente espiritual que se vive, constitui um lugar propício à busca de sentido de vida, sentido para a história:

Num mundo que está a mudar rapidamente, é importante arranjarmos formas de reviver o passado e recriar o futuro. Os peregrinos, hoje, não vêm simplesmente pagar promessas: vêm à procura de sentido, à procura de vida e este é um lugar onde se pode aprender a viver, onde se pode aprender a reavaliar a história, encontrar um sentido para a nossa vida, encontrar um futuro melhor.”

“No meio da natureza, da história e da motivação religiosa deste local, pela qual foi construído, eu penso que encontramos um caminho para este Santuário” referiu.

O bispo diocesano assumiu o “sentido de grande esperança” no caminho trilhado nos últimos tempos entre a Diocese de Setúbal, Confraria de Nossa Senhora do Cabo, Câmara Municipal de Sesimbra e demais entidades públicas no sentido da requalificação e redinamização do Santuário. Salientou que a Diocese continua a trabalhar na procura de parcerias, públicas e privadas, com o objetivo comum de valorizar o edificado histórico e religioso e garantir a sua manutenção, realçando o vasto património valioso que a Igreja tem na Península de Setúbal.

“Estas peças valiosas do nosso património fazem parte da história e fazem parte do nosso futuro”, concluiu.

O concurso para a concessão do Santuário do Cabo Espichel está aberto durante 60 dias no âmbito do Programa “Revive”. A área total de requalificação é de 5 937 metros quadrados, com vista à criação de um estabelecimento hoteleiro ou outro projeto de vocação turística, compreendendo a Ala Norte, propriedade da autarquia, e parte da Ala Sul, propriedade da Confraria de Nossa Senhora do Cabo.

Francisco Jesus, presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, salientou na sua intervenção que o regime de concessão que se procura para o edificado do Santuário tem como objetivo a sua “recuperação e valorização”, respeitando sempre “a sua identidade, a sua religiosidade e a sua fruição pública.”

O autarca refere ainda que, paralelamente ao programa Revive, a Câmara Municipal assumiu o compromisso com a Confraria para a reabilitação e requalificação de parte da ala sul do edificado “que será simultaneamente dedicada à peregrinação e musealização”.

O Revive é um programa conjunto dos Ministérios da Economia, Finanças, Defesa e Cultura, com a colaboração das autarquias e coordenado pelo Turismo de Portugal. Pretende-se com este programa valorizar e recuperar o património devoluto, reforçar a atratividade dos destinos regionais e o desenvolvimento de várias regiões do País. Este concurso é o 24º lançado no âmbito do programa.

JM

 


Declarações à Ecclesia: Bispo deseja receber peregrinos com «novo rosto» no Santuário do Cabo Espichel, para a JMJ 2023

O bispo de Setúbal disse esta terça-feira desejar que o Santuário do Cabo Espichel, em Sesimbra, tenha um “novo rosto” para a edição internacional da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que Portugal recebe no verão de 2023.

“É uma ocasião a não perder no ponto de vista turístico, porque vão estar aqui muitos jovens, e a memória de chegar a um santuário destes vai ser importante, vão levá-la consigo e para a vida”, realçou D. José Ornelas, em resposta a uma questão da Agência ECCLESIA, após a cerimónia de abertura do concurso para a concessão dos edifícios do santuário, por parte do Estado.

No âmbito do Programa ‘Revive’, o local vai receber um investimento que envolve a criação de um estabelecimento hoteleiro ou outro projeto com vocação turística.

“São contratos de 50 anos. Não se trata de alienação de património, mas de assegurar que, durante um determinado período de tempo, os investidores que garantem a sua reabilitação podem colocá-la ao serviço da criação de emprego e valorização dos territórios”, afirmou o Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, presente no lançamento do concurso.

Pedro Siza Vieira referiu aos jornalistas que “este espaço merece muito ser visitado” e adiantou já ter manifestações de interesse para apresentação de propostas.

O Santuário do Cabo Espichel, inserido no Parque Natural da Arrábida, é também conhecido como Santuário de Nossa Senhora da Pedra Mua.

O bispo de Setúbal referiu que este local “nunca deixou de ser lugar de peregrinação” e os círios são “um exemplo disso”.

“Nós queremos dar vida para que estes edifícios, para que não sejam simplesmente turísticos e de lazer, mas um turismo que encontre sentido de vida”, indicou D. José Ornelas, para quem o Santuário do Cabo Espichel conjuga “a história, o mar, a fé e a cultura”.

Segundo o responsável católico, estas parcerias com as unidades turísticas “são fundamentais”, porque “muitas pessoas apreciam o turismo religioso e espiritual”.

Com uma renda anual mínima de 15 276 Euros, a concessão compreende o bem imóvel pertencente ao domínio privado do Município de Sesimbra (Ala Norte) e parte do bem imóvel propriedade da Confraria de Nossa Senhora do Cabo (Ala Sul).

A Confraria de Nossa Senhora do Cabo e o Município de Sesimbra assinaram, em 2018, um protocolo de cooperação com objetivo de executar obras de reabilitação das alas norte e sul do Santuário.

Atualmente, o culto no Santuário de Nossa Senhora do Cabo Espichel encontra-se vivo, através das celebrações dos círios de Azoia, Palmela e Sesimbra, cujas festividades se realizam nos meses de março e abril e agosto e setembro, respetivamente.

Classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1950, o Santuário de Nossa Senhora do Cabo Espichel consiste num complexo arquitetónico civil e religioso, com tradição devocional e de peregrinação desde o século XIV.

Agência Ecclesia

Património: Lançamento do concurso para concessão dos edifícios do Santuário do Cabo Espichel

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18 de Maio de 2021