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Diocese/Cinquentenário: D. José Ornelas anunciou Primeiro Sínodo da Igreja Diocesana de Setúbal

O Bispo de Setúbal, D. José Ornelas, proclamou, hoje, Solenidade de Pentecostes, na Catedral da Diocese, o Caminho Sinodal que irá conduzir a Igreja de Setúbal ao seu Primeiro Sínodo Diocesano, no cinquentenário da criação da Diocese que se assinala em 2025. 

O Prelado sublinhou que a formação da Diocese e o caminho percorrido desde a sua criação, em 1975, é motivo de alegria e gratidão a Deus, sendo este o ponto de partida para o Caminho Sinodal que agora se inicia e que deverá representar “um caminho de renovação, a partir da escuta do Espírito do Senhor que sempre fala à Igreja e a conduz à missão”.

D. José Ornelas destacou que o Primeiro Sínodo Diocesano será “um percurso de cada membro desta Igreja” e que “todos são convocados e necessários”, apontando a recente instituição, por parte do Papa Francisco, dos ministérios laicais de Leitor, Acólito e Catequista, como sinal da responsabilidade daqueles que são chamados a trilhar este Caminho Sinodal. 

Ao “sair das catacumbas da pandemia” o Bispo diocesano referiu que “durante este tempo, junto com a solicitude pastoral dos sacerdotes, ganhou nova importância a dedicação e o serviço dos leigos e leigas, muitos dos quais jovens” e deixou aos mais novos, uma particular palavra de esperança para o Sínodo Diocesano: “Muito esperamos – Deus espera! – de vós, jovens, neste caminho para o Sínodo. Vocês são hoje esperança nova de renovação, são a geração do Primeiro Sínodo e do Cinquentenário. Nós, os mais velhos, não estaremos lá, mas muitos de vocês hão de narrar a história da nossa Igreja, quando chegar o primeiro centenário.”

O Pastor da Diocese evidenciou, ainda, alguns momentos importantes que, ao longo dos próximos quatro anos, vão estimular e dar sentido ao percurso sinodal na Diocese de Setúbal: em 2022, XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos de toda a Igreja, que terá como tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”; e em 2023, a Jornada Mundial da Juventude que se realiza em Lisboa e que mobilizará toda a Igreja portuguesa. 

A celebração contou com a presença dos novos Vigários Forâneos das sete vigararias da Diocese, que entram em funções neste domingo para o quinquénio 2021-2026.

 

Leia, abaixo, na íntegra, as palavras do Bispo de Setúbal.


Proclamação do Caminho Sinodal
para o Cinquentenário da Diocese de Setúbal

A todos os irmãos e irmãs da Diocese de Setúbal, com os seus Presbíteros, Diáconos, Consagrados e Consagradas e quantos servem esta Igreja, nos diversos ministérios, que alimentam a sua vida e sua missão: que o amor de Deus nosso Pai acompanhe o nosso caminho em Igreja e que Cristo, o Bom Pastor, nos conduza e ilumine pelo seu Espírito.

1.      Ação de Graças a Deus pelo caminho da nossa Igreja de Setúbal

Em 2025, a nossa Diocese de Setúbal vai celebrar 50 anos de existência. Na vida de uma Igreja Local, esta é uma idade de menina, mas essa pequenez juvenil não é motivo para desânimo ou receio. Antes, assumindo a atitude de Maria, a “Cheia de Graça” e nossa Padroeira, podemos louvar a Deus que “olhou para a pequenez da sua serva” e proclamar que “o seu Nome é Santo” e “fez grandes coisas”, também entre nós, ao longo destes anos.

É nessa atitude de alegria e gratidão que queremos começar o caminho de preparação para celebrar o primeiro cinquentenário da nossa Mãe-Igreja de Setúbal. Somos uma Igreja habituada a caminhar: ao longo dos séculos, esta península de Setúbal foi meta de imigração, trouxe gente de todo o país que, ligando-se com os que já cá estavam, foi dando consistência, riqueza, cultura e fé a esta terra entre dois lindos rios, formando aquilo que somos hoje, mais abertos do que nunca à diversidade cultural proveniente de todos os continentes.

Nesse peregrinar humano, sob o olhar providente de Deus, surgiu a nossa Diocese. Como seu povo – famílias, bispos, padres, diáconos, religiosos e religiosas – chegámos cá de múltiplas origens e por variados caminhos. Fomos convergindo para esta Igreja, como discípulas e discípulos, seguindo Cristo, o Bom Pastor, transformados pelo Espírito Santo em comunidade de irmãos e irmãs, filhos e filhas do Pai do céu. Não foi sempre um caminho fácil: as crises não faltaram no passado e, nos últimos tempos, atingiram o auge com a pandemia e todas as suas consequências. Mas o Senhor esteve connosco e aqui estamos para reconhecer que, com Ele, é possível vencer as dificuldades e ganhar nova força para viver, partilhar e dar testemunho do amor de Deus que nunca nos abandona.

2.      Um caminho para o Primeiro Sínodo da Diocese

Caminhar, convergir, construir e anunciar juntos, a partir da diversidade dos dons de Deus, está na nossa identidade, nos nossos genes de cristãos, na nossa fé. E é importante que esse modo de ser se exprima, no presente e no futuro, com nova criatividade. Na tradição da Igreja, este convergir e caminhar juntos diz-se com uma palavra importante, que vamos ouvir, interiorizar e viver: “Sínodo”“syn-odós” – “juntos em caminho”. É esta Palavra que vai marcar o nosso peregrinar até ao cinquentenário, em 2025.

Hoje, na Igreja de Santa Maria da Graça, Sé da nossa Diocese, na Solenidade do Pentecostes, na qual celebramos a efusão do Espírito Santo que marca o início da Igreja, em Jerusalém, proclamo um Caminho Sinodal da Igreja Diocesana de Setúbal, que deve concluir-se com a celebração do Primeiro Sínodo Diocesano, em 2025, no Cinquentenário da criação da Diocese.

Este caminho há de representar uma tomada de consciência da nossa história nascente e das marcas originais da nossa vocação, mas há de ser sobretudo um caminho de renovação, a partir da escuta do Espírito do Senhor que sempre fala à Igreja e a conduz à missão. É um percurso de cada membro desta Igreja; somos todos convocados e necessários neste caminho: cada um e cada uma terão de ser objeto de atenção, acolhimento e estima; e cada qual é chamado a colocar ao serviço de todos os dons que recebeu de Deus. É isto que significa a sinodalidade: caminhar, discernir e anunciar em conjunto, colocando ao serviço da vida e da missão da Igreja, os dons que recebeu de Deus.

Nestes dias, o Papa instituiu na Igreja, para os leigos – homens e mulheres – três ministérios importantes, não apenas para os seminaristas candidatos ao sacerdócio ministerial, como era até aqui, mas para ficarem estavelmente ligados a serviços de leigos e leigas nas comunidades de toda a Igreja: o Ministério de Leitor/Leitora, ligado à proclamação e anúncio da Palavra de Deus; o Ministério de Acólito/Acólita, ligado à celebração da Eucaristia, centro da vida da Igreja; e o Ministério do/da Catequista, que se concentra na transmissão da fé, aos catecúmenos que batem à porta da Igreja e aos que estão a crescer nela, para que entendam, vivam e anunciem o Evangelho do Senhor. É assim, no Serviço/Ministério e na responsabilidade de todos que somos chamados a encetar este caminho. Queremos crescer, como fazendo parte de uma Igreja Sinodal, isto é, uma Igreja de gente ao serviço uns dos outros, ao serviço do Evangelho.

Estamos a sair de uma pandemia que confinou muitas das nossas celebrações e modos de agir, como aconteceu em toda a Igreja e em todo o mundo. Durante este tempo, junto com a solicitude pastoral dos sacerdotes, ganhou nova importância a dedicação e o serviço dos leigos e leigas, muitos dos quais jovens. É tempo, agora, de sair das catacumbas da pandemia, da imobilidade, do fechamento, não para voltar atrás nem para esquecer este esforço, mas a caminho de uma Igreja renovada pelo Espírito, ao serviço de um mundo renovado segundo o projeto de Deus. Este é o verdadeiro Espírito do Pentecostes que espera que nos deixemos guiar por Ele, neste momento crucial da nossa história.

3.      Um percurso de compromisso e transformação

Ao longo destes quatro anos, importantes eventos vão estimular e dar sentido ao nosso percurso sinodal. Em 2022, terá lugar a XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos de toda a Igreja, que terá como tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. Será uma ocasião fundamental para, em comunhão e sinodalidade com toda a Igreja, viver, desenvolver e participar na construção da sinodalidade na nossa Diocese, no empenhamento pessoal, na renovação das nossas estruturas e procedimentos, no renascer dos caminhos da missão.

Em 2023, teremos a celebração da Jornada Mundial da Juventude (JMJ 2023), que já está em preparação e que há de empenhar-nos a viver a sinodalidade como acolhimento dos jovens de todo o mundo. Será um desafio para todos nós, a começar pelos nossos jovens que, desde agora e de forma crescente, são chamados a estar na linha da frente deste grande acontecimento. O nosso objetivo comum é fazer chegar ao coração de cada jovem, aqui e em todo o mundo, a alegria do Evangelho que nos guia e nos dá força e esperança. Muito esperamos – Deus espera! – de vós, jovens, neste caminho para o Sínodo. Vocês são hoje esperança nova de renovação, são a geração do Primeiro Sínodo e do Cinquentenário. Nós, os mais velhos, não estaremos lá, mas muitos de vocês hão de narrar a história da nossa Igreja, quando chegar o primeiro centenário. Por isso é importante que construais esta nossa e vossa história, a partir de agora.

A JMJ 2023 tem como lema: “Maria levantou-se e partiu apressadamente para a montanha”, ao encontro da sua prima Isabel, para celebrar as maravilhas de Deus e para lhe levar o grande dom que assumia forma humana no seu ventre: Jesus, o salvador do mundo. Essa atitude de levantar-se, de partir em missão, para anunciar e celebrar com os irmãos, é bem a imagem do que significa assumir uma atitude sinodal. Maria, a nossa padroeira, será sempre luz e inspiração no nosso caminho sinodal. Ela ensina-nos a guardar no coração a Palavra de Deus e os gestos de Jesus e a meditá-los com alegria, humildade e generosidade, orando como fez com os discípulos nos inícios da Igreja. Convida-nos a levantarmo-nos, solícitos para o encontro e o serviço dos irmãos, nas nossas comunidades, movimentos e grupos de vida e apostolado. Incentiva-nos a abrir as portas e a partir em missão sobretudo entre aqueles que mais precisam de ajuda, de conforto, de solidariedade e da esperança que vem do conhecimento de Jesus salvador.

Deixemo-nos guiar pelo Espírito do Senhor ressuscitado, inspirados pela atitude da nossa padroeira e protetora, Santa Maria da Graça. Que ela nos ensine o Caminho de Sínodo – caminhar juntos – como irmãos e irmãs, membros da família do Pai do Céu, solidários e próximos de quem sofre, como ela, junto à cruz de Jesus e levantando-nos para levar a todos a alegria do Evangelho que nos dá vida.

Catedral de Setúbal, 23 de maio de 2021, Solenidade do Pentecostes.

+ José Ornelas Carvalho

 Bispo de Setúbal

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23 de Maio de 2021