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Portugal: Encontro Nacional das Comissões de Proteção de Menores e Pessoas Vulneráveis

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A Comissão de Proteção de Menores e Pessoas Vulneráveis da Diocese de Setúbal participou no primeiro encontro nacional de Comissões Proteção de Menores e Pessoas Vulneráveis (CPMPV), organizado pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) e realizado em Fátima no dia 29 de maio de 2021.

D. José Ornelas, na qualidade de Presidente da CEP, deu início aos trabalhos do Encontro. Dirigiu as boas vindas aos participantes e referiu que as CPMPV são um sinal de esperança numa Igreja que não se resigna em deixar passar esta temática. Quer cuidar, prevenir, criar um olhar atento à capacidade de intervenção e capacidade de proteger os mais frágeis.

A iniciativa teve como orador o Padre Hans Zollner, docente do Instituto de Psicologia da Pontifícia Universidade Gregoriana, onde é o Presidente do Center for Child Protection. Integra a Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores, criada pelo Papa Francisco. É consultor da Congregação para o Clero e autor de várias obras e artigos científicos na área de psicologia e da proteção de menores e pessoas vulneráveis.

O Padre Zollner classificou este Encontro, onde também participaram alguns bispos portugueses, como “um momento único para Igreja em Portugal”, pela abordagem determinada de um tema tão sensível e de difícil tratamento.

Congratulou-se com a numerosa presença de representantes das CPMPV, considerando-as um “tesouro” e “parte integrante do centro da missão da Igreja de Jesus Cristo”, por fazerem parte do que “somos e fazemos como Igreja”, e por receberem a incumbência de “tocarem no nervo da humanidade”: as diferentes formas de abuso e violência contra a pessoa humana em situação de vulnerabilidade, tema omnipresente em todas as sociedades.

 

O orador advertiu as Comissões de que estas são chamadas a percorrer um caminho difícil, que passa pela purificação das consequências de um passado que a Igreja quer enfrentar e curar através da escuta empática das suas vítimas e do acolhimento da sua dolorosa realidade. Mas também, pela tomada de medidas pró-ativas de formação e sensibilização e pela criação de espaços seguros em contexto eclesial, educacional, social e, em concreto, nas famílias, lugar onde se verificam a parte mais significativa dos abusos.   

Para esta mudança de mentalidade e paradigma de comportamentos, o Padre Zollner interpelou as CPMPV ao diálogo com peritos de “fora do nosso centro de ação”, portadores de outras competências, conhecimentos e capacidades, a fim de que se chegue a uma melhor e mais adequada resposta para estas situações.

Antes de terminar a sua exposição, rica em conteúdos e testemunhos, e, depois de um tempo de reflexão e trabalho em grupos, o orador salientou a necessidade do cuidado atento do “trauma espiritual destas vítimas e das suas famílias” e reforçou a mensagem de que “esta missão é um caminho sempre em saída”, e “com muitas resistências”, por isso, “exige coragem institucional e individual, esperança e empenho, porque foi uma missão recebida de Jesus”.

No encerramento do Encontro, D. António Marto, agradeceu as reflexões e a “motivação espiritual” que o Padre Hans Zollner trouxe às CPMPV, e referiu-se a estas como “a imagem da Igreja em Portugal que se preocupa com este drama e o leva a sério”, e como um “testemunho evangélico que pede à Igreja que cuide dos seus filhos vulneráveis e fragilizados”.

Maria da Graça Pacheco, Coordenadora da CPMPV da Diocese de Setúbal

Fotos: Agência ECCLESIA/HM

 


Proteção de Menores: Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa indica que caminho com a sociedade «é uma vitória sobre todo o género de violência»

O Bispo de Setúbal destacou este sábado a importância da “consciência clara de quem quer mudar e de encontrar caminhos”, falando num encontro de formação sobre proteção de menores e pessoas vulneráveis, em Fátima.

“Não creio que a instituição Igreja seja pior do que outras da sociedade, a própria noção dos casos que temos, mesmo em todo o mundo, não é o lugar onde se cometem mais abusos deste género, mas a nós preocupa-nos que são um abuso grave”, disse D. José Ornelas à Agência Ecclesia.

O presidente da CEP explicou que é preciso “criar uma mentalidade” para acabar com uma pseudo-autodefesa que “leva a que não se faça justiça”, nem se recuperam vítimas, nem se faça o trabalho necessário “com aqueles que causam estas vítimas”.

“Depois encontrarmos caminhos como sociedade inteira que nos possam ajudar da hecatombe pessoal que significam estes casos”, acrescentou.

A Conferência Episcopal Portuguesa promoveu uma formação sobre ‘proteção de menores e de pessoas vulneráveis como parte integrante da missão da Igreja’ e ‘a missão das comissões diocesanas para a proteção de menores e de pessoas vulneráveis’.

O encontro para bispos e membros das comissões diocesanas é orientado pelo padre Hans Zollner, membro da Comissão Pontifícia para a Tutela dos Menores (CPTM), desde a sua criação, em 2014.

D. José Ornelas assinalou que as comunicações do sacerdote Jesuíta “vêm abrir caminho” na capacidade de clarificação e de metodologia que tem de ser feito pelas comissões.

“Dentro da Igreja também é preciso uma alteração de mentalidades. Falou-se aqui, em vez de ir para uma autodefesa, ir precisamente para uma clarificação, purificação, e um caminho com as vítimas, com as famílias, com os perpetradores”, desenvolveu.

A partir da formação, o presidente da CEP referiu que a violência sexual tem a ver com “as raízes da vida, dos afetos, da confiança”, e isso é “particularmente grave”.

“Se é grave para a sociedade toda, é muito mais, à priori, para aquilo que a Igreja quer ser e é chamada a ser. Temos aqui um caminho, sem ninguém se armar em muito bom, nem na Igreja, nem fora dela, mas para todos entendermos que há um caminho que temos de fazer juntos e esta é uma vitória sobre todo o género de violência”, desenvolveu.

O presidente da CEP referiu também que “todo o problema da violência” envolve a sociedade e a humanidade no seu conjunto e a Igreja Católica não está sozinha, destacando a importância de um serviço do crescimento de toda a sociedade, “particularmente dos mais frágeis, e quando se trata de crianças é fundamental para ter uma sociedade minimamente aceitável”.

D. José Ornelas salientou que “alguma coisa vai mal” quando 60% dos adolescentes em Portugal consideram que “a violência no namoro é uma coisa normal”.

“Dentro da Igreja temos também coisas destas e temos de ser claros, transparentes, e sobretudo bem assertivos nos objetivos que queremos atingir e nos meios que levam concretamente lá, que devem ser propostos, verificados, e constantemente atualizados” acrescentou.

O padre Hans Zollner, da Comissão Pontifícia para a Tutela dos Menores, vai continuar em Portugal e, esta segunda-feira, vai falar aos superiores das congregações religiosas, também em Fátima, e no dia seguinte, 1 de junho, encontra-se com o clero de Braga.

© Agência Ecclesia

 

Bispo de Setúbal constituiu Comissão de Proteção de Menores e Pessoas Vulneráveis

Conferência Episcopal publica novas orientações para «proteção de menores e adultos vulneráveis»

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31 de Maio de 2021