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Ensino Superior/IPS: D. José Ornelas convidou finalistas ao serviço pelo bem comum, contrariando o “dogmatismo pessoal”

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Os alunos finalistas do Instituto Politécnico de Setúbal dos anos letivos 2019/2020 e 2020/2021 receberam a Bênção para as suas fitas no passado domingo, 27 de maio.

O bispo diocesano felicitou a escola e os jovens finalistas pela conclusão das suas formações académicas e por celebrarem este momento, especialmente no contexto de pandemia que ainda vivemos e que ficará na sua recordação por ter sido o seu ano de finalistas.

Explicou o prelado que a liturgia da celebração fala “de um Deus que acompanha a atividade humana: não fica só a ver. Dá-se, conjuga-se com esta realidade, amassa-se com a realidade humana que nós somos”.

Deus acompanha este mundo de que Ele está na origem, mas não o deixou já feito. Criou o mundo e entregou-o a nós para o trabalharmos e dele cuidarmos. E a sabedoria do homem é precisamente aprender a estar neste mundo de uma forma nova e construtiva.”

D. José Ornelas aproveitou a ocasião para refletir sobre o diálogo entre fé e ciência, que não se opõem. Muito pelo contrário têm muito em comum: “O cientista é aquele que anda à procura da razão das coisas, procura o porquê e sabe que não sabe tudo: porque se acha que sabe de tudo, deixa de ser cientista, passa a ser dogmático.”

 

“O crente e o investigador tem muito em comum: são aqueles que têm sempre fome, aqueles que procuram, aqueles que sabem sempre que têm mais para aprender, para ser, para percorrer e têm mais pessoas para encontrar. O verdadeiro cientista é alguém que se faz relação.”

A ciência – enfatiza o bispo diocesano – é cada vez mais um trabalho de relação, um trabalho de grupo, porque percebemos que a realidade é tão complexa que torna difícil uma procura de conhecimento isolada. É uma noção de um “nós” que cria comunidade científica.

O verdadeiro crente e o verdadeiro cientista é quem chama irmão e irmã àquele que com ele busca. É uma atitude intelectual, uma atitude de fé, mas é sobretudo uma atitude real. O verdadeiro investigador é aquele que procura soluções para a humanidade e procura estar ao serviço dos outros.”

D. José Ornelas criticou o “elitismo”, o “dogmatismo pessoal”, a intelectualidade autoreferenciada. A vontade de ser mais, de superar os outros, de alcançar louros para benefício próprio é um mau caminho e quem perde é a humanidade.

“Nós vimos como, ao longo da história, tantas inovações conduziram a becos sem saída: criaram tensões, criaram radicalizações, criaram destruição no nosso planeta”, realçou.

Não podem fazer do património que acumularam, não podem olhar para o que aprenderam como uma conquista pessoal ao serviço de um. As vossas competências são para colocar ao serviço de todos, para ajudar a construir um mundo melhor.”

 

O Bispo de Setúbal recomendou aos finalistas a leitura da Encíclica do Papa Francisco Laudato Si, que aponta para uma “ecologia renovada, sustentável e humanizadora, que procura soluções”.

Por fim, parabenizou os finalistas, abençoando as suas capas de curso. “Este momento é importante para cada um de vós: para todos, para o IPS, para a Igreja de Setúbal, para o país e para a humanidade”, finalizou.

A celebração decorreu com um grupo restrito de participantes, estando apenas um representante por curso. Em virtude dos constrangimentos ainda existentes por força da pandemia, a Eucaristia foi presidida por D. José Ornelas na Sé de Setúbal e não no Jardim do Bonfim, como é habitual.

JM

 

Testemunho: “Ser finalista é ser-se jovem e ir em missão” (Telma Matias)

O dia 30 de maio de 2021 foi um dos dias mais importantes na minha vida e na minha caminhada cristã. Neste dia decorreu a cerimónia mais importante na vida de um estudante universitário: a bênção das fitas! Um momento em que o estudante assinala o fim de uma etapa do seu percurso.

Sou estudante da licenciatura em Bioinformática, na Escola Superior de Tecnologia do Barreiro, Instituto Politécnico de Setúbal, desde outubro de 2017. Como finalista sinto-me realizada por ter dado 100% de mim a tudo. Foram quatro anos de estudo, de muita aprendizagem e muita aventura. Quatro anos que passaram e, agora, olho para trás e vejo todo o caminho percorrido. Este caminho não foi fácil! Teve muitos desafios tanto a nível estudantil, como a nível espiritual. Nem sempre a vida universitária é fácil. Nos momentos de dificuldade e de dúvida, o que me manteve firme e forte foi a minha fé. Sempre mostrei que era uma jovem católica sem medo e sem vergonha. Sempre lutei por aquilo em que acredito. Nestes quatro anos sempre mostrei a verdadeira Tété: uma jovem crente que segue Cristo e que tem muita honra nisso! Nunca tive problemas em assumir que sou católica, que sou ativa na minha paróquia e na diocese. No meio dos meus colegas e amigos, o meu papel foi de evangelizadora, espalhando a Palavra de Deus e respondendo às questões que me colocavam.

O dia da bênção, supostamente, é um dia de festa para ser partilhado com os nossos familiares e amigos, mas devido à pandemia só eu é que pude estar presente na missa da bênção das fitas. Passei o dia com os meus pais e vi os meus familiares, mas não tive com os meus amigos e faltou-me isso. Tudo mudou quando entrei na igreja e constatei que alguns dos meus amigos, Convivas (Convívio Fraterno) e missionários (Missão País), estavam a cantar no coro para animar a celebração. Nesse momento o meu coração encheu-se de alegria! Eu sabia que eles iam animar a Eucaristia, mas nunca pensei que isso tivesse tanto impacto em mim.  

Ser finalista é ser-se jovem e ir em missão. Ser jovem é caminhar com outros jovens e fazer caminho junto deles. Ser-se jovem finalista católico é dizer SIM e entregar-se a tudo aquilo que nos rodeia em nome de Jesus.

Telma Matias, Finalista IPS 2020-2021

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04 de Junho de 2021