Esta semana, o Papa dirigiu a sua primeira mensagem do Dia Mundial dos Avós e Idosos. Noutras intervenções, destacou o serviço dos Diáconos na Igreja, iniciou um ciclo de catequeses sobre a Carta de São Paulo aos Gálatas e exortou a que tenhamos confiança no Senhor e não apenas recorramos a Ele nos momentos de provação.
Diaconado: “A Generosidade de um diácono tem perfume de Evangelho”
Na manhã de sábado, o Papa Francisco recebeu na Sala Paulo VI os Diáconos da Diocese de Roma. No seu discurso, Francisco iniciou respondendo ao pedido dos presentes que queriam saber o que o Papa espera dos diáconos de Roma.
“Comecemos por refletir um pouco sobre o ministério do diácono”, explicou o Papa, e percorrendo o caminho do Concílio Vaticano II seguindo a Lumen gentium afirmou: “Ao ministério dos diáconos são impostas mãos não para o sacerdócio mas para o serviço” explica. “Esta diferença não é insignificante. O diaconado, que na conceção anterior foi reduzido a uma ordem de passagem para o sacerdócio, recupera assim o seu lugar e a sua especificidade. O simples facto de enfatizar esta diferença ajuda a superar o flagelo do clericalismo, que coloca uma casta de sacerdotes ‘acima’ do Povo de Deus”. E continua explicando: “Na Igreja, a lógica oposta deve estar em vigor, a lógica de rebaixamento. Todos somos chamados a nos rebaixarmos, porque Jesus se rebaixou, ele fez-se servo de todos”.
Recordemos, por favor, que sempre para os discípulos de Jesus amar é servir e servir é reinar. O poder está no serviço, e em nada mais.”
Francisco segue explicando que, “o diaconado, seguindo a via mestra do Concílio, conduz-nos ao centro do mistério da Igreja. Assim, como falei de uma ‘Igreja constitutivamente missionária’ e de uma ‘Igreja constitutivamente sinodal’, também digo que devemos falar de uma ‘Igreja constitutivamente diaconal’. Se esta dimensão de serviço não for vivida, de facto, todo o ministério é esvaziado de dentro, torna-se estéril, não produz frutos. E pouco a pouco vai se tornando mundano.”
Insistindo no serviço dos diáconos o Papa pondera: “A generosidade de um diácono que se entrega sem procurar as filas da frente tem perfume de Evangelho, conta a grandeza da humildade de Deus que dá o primeiro passo para ir ao encontro até mesmo dos que lhe viraram as costas.”
Angelus: “Acreditar no poder suave e extraordinário da oração”
Na oração mariana do Angelus deste domingo, 20 de junho, o Papa Francisco falou sobre o texto do Evangelho de Marcos no qual Jesus, com os discípulos no barco, acalmou a tempestade. No texto, os discípulos são deixados levar pelo medo, assustados, olhando as violentas ondas e ficam perplexos ao ver Jesus, na popa, dormindo sobre um travesseiro. E gritam-lhe: “Mestre, não te importa que pereçamos?”.
Partindo da atitude dos discípulos, o Papa Francisco recorda: “Muitas vezes nós também, assaltados pelas provações da vida, gritamos ao Senhor: ‘Por que ficas em silêncio e não fazes nada por mim?’”. Devemos lembrar, continua o Papa que “apesar de estar a dormir, Jesus está lá e partilha com os seus discípulos tudo o que está a acontecer. O seu sono, se por um lado nos surpreende, por outro põe-nos à prova” pois o Senhor “espera que o envolvamos, que o invoquemos, que o coloquemos no centro do que vivemos.”
O primeiro passo é “reconhecer que sozinhos não somos capazes de permanecer à tona. A fé começa com a crença de que não somos suficientes para nós mesmos, com o sentimento de necessidade de Deus.”
Quando superamos a tentação de nos fecharmos em nós mesmos – continua o Papa – quando superamos a falsa religiosidade que não quer perturbar Deus, quando clamamos a Ele, Ele pode fazer maravilhas em nós. É o poder suave e extraordinário da oração que faz milagres”.
Depois de Jesus perguntar aos discípulos: ‘Por que tendes medo? Ainda não tendes fé’? nos damos conta que devemos olhar para Jesus e não se deixar levar pelo medo. E Francisco conclui:
“Quantas vezes ficamos a olhar para os problemas em vez de irmos ao Senhor e lançarmos as nossas preocupações n’Ele! Quantas vezes deixamos o Senhor num canto, no fundo do barco da vida, para despertá-lo apenas no momento da necessidade!”
Depois do Angelus, o Papa Francisco recordou a chamada de atenção dos Bispos de Myanmar para a situação “angustiante de milhares de pessoas desalojadas e a morrer no país”:
Suplicamos com toda a gentileza de permitir corredores humanitários e que as igrejas, pagodes, mosteiros, mesquitas, templos, assim como escolas e hospitais, sejam respeitados como lugares neutros de refúgio’. Que o coração de Cristo toque o coração de todos, levando a paz à Myanmar!”.
Em seguida o Pontífice recordou o Dia Mundial do Refugiado, promovido pela ONU, que pede para acolher todos para a construção de uma comunidade mais humana:
Hoje celebramos o Dia Mundial do Refugiado, promovido pelas Nações Unidas, com o tema “Juntos podemos fazer a diferença”. Abramos os nossos corações aos refugiados, façamos nossas as suas tristezas, as suas alegrias; aprendamos com a sua corajosa resiliência! Assim, todos juntos, faremos crescer uma comunidade mais humana, uma só grande família”.
Papa recebeu grupo de prisioneiros de Roma
O Papa Francisco recebeu na manhã desta segunda-feira, 21 de junho, na Casa Santa Marta um grupo de 20 detidos da Prisão de Rebibbia, uma das principais prisões de Roma. Segundo comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé, eles fazem parte do terceiro instituto do complexo e estavam acompanhados pelo diretor, capelão e alguns funcionários que, em seguida, iriam visitar os Museus do Vaticano.
Por ocasião da Festa da Divina Misericórdia deste ano, a 11 de abril na Igreja do Espírito Santo em Sassia, próxima do Vaticano, o Papa Francisco presidiu a missa com a presença de prisioneiros oriundos de três institutos penitenciários de Roma, como o de Rebibbia. Na homilia, o Pontífice aprofundou a reflexão sobre os três dons oferecidos por Jesus para que os discípulos obtenham a misericórdia: a paz, o Espírito e as chagas.
“Deixemo-nos ressuscitar pela paz, o perdão e as chagas de Jesus misericordioso. E peçamos a graça de nos tornarmos testemunhas de misericórdia. Só assim será viva a fé; e a vida unificada. Só assim anunciaremos o Evangelho de Deus, que é Evangelho de misericórdia.”
Idosos: salvaguardar as raízes, transmitir a fé aos jovens e cuidar dos pequeninos
Esta semana foi divulgada a mensagem do Papa Francisco para o 1º Dia Mundial dos Avós e dos Idosos que será celebrado no 4° domingo de julho, neste ano a dia 25. O Papa Francisco escreveu a sua mensagem colocando-se lado a lado com os idosos, e iniciou afirmando:
‘Eu estou contigo todos os dias’ (cf. Mt 28, 20) é a promessa que o Senhor fez aos discípulos antes de subir ao Céu; e hoje repete-a também a ti, querido avô e querida avó. Sim, a ti! ‘Eu estou contigo todos os dias’ são também as palavras que eu, Bispo de Roma e idoso como tu, gostaria de te dirigir por ocasião deste primeiro Dia Mundial dos Avós e dos Idosos: toda a Igreja está solidária contigo – ou melhor, connosco –, preocupa-se contigo, ama-te e não quer deixar-te abandonado”.
“Mesmo quando tudo parece escuro, como nestes meses de pandemia, o Senhor continua a enviar anjos para consolar a nossa solidão repetindo-nos: ‘Eu estou contigo todos os dias’. Di-lo a ti, di-lo a mim, a todos. Está aqui o sentido deste Dia Mundial que eu quis celebrado pela primeira vez precisamente neste ano, depois dum longo isolamento e com uma retoma ainda lenta da vida social: oxalá cada avô, cada idoso, cada avó, cada idosa – especialmente quem dentro vós está mais sozinho – receba a visita de um anjo!”.
O Santo Padre alerta os idosos, dizendo-lhes que a sua vocação, nesta idade, é “salvaguardar as raízes, transmitir a fé aos jovens e cuidar dos pequeninos”, reiterando que “não existe uma idade para aposentar-se da tarefa de anunciar o Evangelho, da tarefa de transmitir as tradições aos netos. É preciso pôr-se a caminho e, sobretudo, sair de si mesmo para empreender algo de novo”.
Todos devemos ser ‘parte ativa na reabilitação e apoio das sociedades feridas’”. E sugere três pilares sobre os quais sustentar esta nova construção: os sonhos, a memória e a oração”.
O Papa Francisco concluiu a sua mensagem com um auspício: “Oxalá cada um de nós aprenda a repetir a todos, e em particular aos mais jovens, estas palavras de consolação que ouvimos hoje dirigidas a nós: ‘Eu estou contigo todos os dias’. Avante e coragem! Que o Senhor vos abençoe”.
A Penitenciaria Apostólica divulgou um decreto sobre a Indulgência Plenária, por ocasião do Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, que será celebrado no 4° domingo de julho, dia 25.
Receberão a Indulgência Plenária os avós, idosos e todos os fiéis que participarem no Primeiro Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, da solene celebração que o Papa Francisco presidirá na Basílica de São Pedro ou das diversas funções que ocorrerão em todo o mundo.
Audiência Geral: o caminho libertador de Jesus é a resposta aos “guardiães” da verdade
Uma série de catequeses inspirada na Carta aos Gálatas: foi o anúncio desta quarta-feira do Papa Francisco na Audiência Geral. Na semana passada, o Pontífice concluiu o ciclo sobre a oração, ao qual dedicou 38 catequeses. “Espero que com este itinerário de oração tenhamos conseguido rezar melhor.”
Quarenta minutos: este foi o tempo que o Papa Francisco dedicou a cumprimentar e saudar os fiéis e peregrinos cada vez mais numerosos no Pátio São Dâmaso, onde se realiza a Audiência Geral. Já diante do microfone, o Pontífice iniciou um novo ciclo de catequeses. O tema agora será inspirado no apóstolo Paulo, mais precisamente na Carta aos Gálatas.
É uma Carta muito importante, diria até decisiva, não só para conhecer melhor o Apóstolo, mas sobretudo para considerar alguns dos temas que ele aborda em profundidade, mostrando a beleza do Evangelho. Parece escrita para os nossos tempos”, explicou o Pontífice.
Entre os temas a serem explorados nas próximas semanas, estão a conversão, a liberdade, a graça e o modo de vida cristão, mas a primeira temática abordada por Francisco foi a obra de evangelização realizada pelo Apóstolo, que visitou as comunidades da Galácia pelo menos duas vezes durante as suas viagens missionárias.
Sabe-se que os gálatas eram uma antiga população celta que, através de muitas vicissitudes, se estabeleceu na extensa região da Anatólia que tinha a sua capital na cidade de Ancira, hoje Ankara, capital da Turquia.
Paulo relata apenas que, por causa de uma doença, viu-se obrigado a permanecer naquela região – facto que indica que o caminho da evangelização nem sempre depende da nossa vontade e dos nossos projetos, mas requer a disponibilidade a deixar-nos plasmar e seguir outros caminhos que não estavam previstos.
Para o Papa, é interessante notar a preocupação pastoral de Paulo, pois havia muitos infiltrados semeando teorias contrárias aos seus ensinamentos, chegando ao ponto de o difamar. Como alguém dizia, notou o Pontífice, “vêm os abutres a destruir a comunidade”.
Pensemos em alguma comunidade cristã ou diocese: começam as histórias e depois acabam por desacreditar o pároco, o bispo. É precisamente o caminho do maligno, dessas pessoas que dividem e não sabem construir. E nesta Carta aos Gálatas vemos este procedimento.”
“Ainda hoje, não faltam pregadores que, especialmente através dos novos meios de comunicação, se apresentam não para anunciar o Evangelho de Deus que ama o homem em Jesus Crucificado e Ressuscitado, mas para reiterar com insistência, como verdadeiros ‘guardiães da verdade’, qual é a melhor maneira de ser cristão”, constatou Francisco.
Frequentemente identificadas com certas formas do passado, o traço distintivo dessas pessoas, segundo o Papa, é a rigidez: “Diante da pregação do Evangelho que nos torna livres, nos faz alegres, estes são rígidos”.
Mas é o próprio Apóstolo que indica o caminho a seguir, e é o caminho libertador e sempre novo de Jesus Crucificado e Ressuscitado: “é o caminho do anúncio, que se realiza através da humildade e da fraternidade; da confiança mansa e obediente, que os novos pregadores não conhecem, na certeza de que o Espírito Santo age em cada época da Igreja.”
JM (com recursos jornalísticos do portal Vatican News)