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Plenário do Clero/D. José Ornelas: “É tempo de comunhão, de reconstrução e de missão”

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O clero da Diocese de Setúbal reuniu-se em plenário no passado dia 22 de junho, no Seminário de Almada. O encontro teve como objetivo fazer uma apreciação do ano pastoral que está a concluir e apresentar as primeiras perspetivas para o próximo ano.

Após a oração da Hora Intermédia, na sua primeira intervenção, D. José Ornelas fez uma avaliação do impacto da pandemia na vida das comunidades, assumindo que muitas pessoas “perderam a bússola que conduz à Igreja” e que agora é hora de “ir ao encontro daquilo que se perdeu.”

“Deus não abandona a sua Igreja nem aqueles que a servem”

“Estamos a concluir um ano estranho, cansativo e em alguns aspetos dramático. Para muitas famílias, e para toda a Igreja, a pandemia tocou muitas das nossas fragilidades, a nível pessoal e pastoral” disse, lembrando as situações de saúde mais delicadas que afetaram o clero e seus familiares e a “dura experiência de ter de suspender ou limitar o modo de celebração dos momentos mais significativos da nossa fé”.

“Sentimos que muitas pessoas perderam a bússola que conduz à Igreja, particularmente jovens e crianças” assumiu o bispo diocesano, advertindo, porém, que em toda a experiência pandémica se fez a experiência de Deus, que esteve connosco, mesmo nos momentos de maior provação.

Ao longo deste tempo sentimos bem esta força, seja nos irmãos que nos apoiaram, seja nas pessoas que assistimos, e que ajudaram a perceber que Deus não abandona a sua Igreja nem aqueles que a servem.”

D. José Ornelas destacou o empenho, o cuidado e a competência nas comunidades, tanto da parte do clero como de leigos, na garantia de condições de segurança para as celebrações, processo que, “com generosidade renovada”, implicou muitos jovens.

“Também as nossas igrejas e centros de apoio têm se esforçado por ir ao encontro de quem precisa, criando cadeias de solidariedade entre nós, parcerias com autoridades, agentes económicos e organizações sociais”, salientou.

Sobre a atual evolução da pandemia na região de Setúbal, o prelado afirmou que a situação “não é entusiasmante”, alertando para não se relaxar a vigilância, em sinal de responsabilidade perante as comunidades e a sociedade.

“Esta é uma ocasião para uma nova missão”

Não esquecendo a pandemia que ainda nos condiciona, D. José Ornelas exortou sacerdotes e diáconos a pensar o futuro e participar ativamente na preparação dos próximos anos pastorais. Mas, primeiro, apelou a descansar, fisicamente e espiritualmente:

É necessário descansar. Andamos todos muito cansados. É importante que também todos tenham férias. Não tenhamos medo de reconhecer o cansaço, a fraqueza e a necessidade de parar se for necessário. Por isso é necessário encontrar soluções, dentro da interajuda que é habitual entre as paróquias.”

Sobre o futuro próximo, o prelado lembrou o capítulo 34 do Livro de Ezequiel que fala do Bom Pastor, que parte à procura das ovelhas que se encontram dispersas: “tratava-se do tempo do exilio, nós tivemos também um exilio pandémico. Ficámos isolados e dispersos uns dos outros. Muitos esqueceram-se do caminho para Igreja. Agora, temos de ir ao encontro daquilo que se perdeu.”

Temos de desenvolver criativamente caminhos facilitadores deste reencontro e chamamento. É uma ocasião para uma nova missão, de aprofundamento da fé, de participação ativa na vida da comunidade, de anúncio para fora da comunidade. É tempo de comunhão, de reconstrução e missão. É esta a adrenalina espiritual pastoral que nós precisamos para a nossa retoma.”

O prelado lembrou os desafios próximos como a Jornada Mundial da Juventude, o Sínodo dos Bispos, ambos em 2023, e o caminho sinodal a iniciar na Diocese no próximo ano pastoral com a vista à celebração do seu cinquentenário em 2025. São, na sua visão, “acontecimentos que sacodem a Igreja, constituindo pontos de apoio, de discernimento, para ir à procura dos caminhos que Deus tem para ela” e que passam pela sinodalidade.

Queremos chegarmos lá como uma Igreja que esfrega os olhos, como fazemos todas as manhãs, e que olha para si própria, se vê ao espelho, e se prepara para a luta de um novo dia. Que seja esse o nosso Espírito. Que a Igreja deixe abrir os olhos para a luz que vem do Senhor.”

Frisou que a sinodalidade “começa naqueles que têm maior responsabilidade na vivência e no anúncio do Evangelho” e por isso exortou à sinodalidade do clero.

“É um modo de viver o mistério da Igreja, na diversidade dos seus carismas e funções mas na convergência para a vida e para a missão que temos em comum”, disse chamando a atenção para os carismas laicais recentemente reconhecidos pela Igreja.

A implementação dos novos estatutos administrativos da Diocese, a reorganização pastoral, o início de atividade da Fundação D. Manuel Martins bem como da Academia Fé e Cultura, foram alguns dos pontos destacados pelo prelado na sua intervenção.

Uma Igreja em ação, para além das incertezas

A assembleia, que contou com padres e diáconos a assistir presencialmente e por videoconferência, contou com a moderação do Padre Fernando Paiva, recentemente eleito secretário do Conselho Presbiteral.

O Vigário Episcopal da Pastoral, Padre Luís Ferreira fez a apresentação do Calendário Pastoral do próximo ano, não sem antes lembrar os principias acontecimentos do ano a concluir, como a Ordenação Sacerdotal do Padre Cláudio Rodrigues, a 7 de dezembro, “Os Encontros com João” dinamizados por D. José Ornelas, as caminhadas de Advento e Quaresma e a retoma das celebrações de Crisma.

Informou que no próximo ano pastoral a Diocese de Setúbal irá acolher duas iniciativas de âmbito nacional: a “Praça Central”, encontro nacional dos leigos católicos, promovido pela Conferência Nacional de Apostolado dos Leigos (CNAL), e a apresentação pública da mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, a 24 de janeiro, promovida pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais.

O encontro contou ainda com intervenções: do Padre Rui Gouveia, que deu conta das novas perspetivas de desenvolvimento do Diaconado Permanente na Diocese; do Departamento da Juventude, representado pela coordenadora Ana Lúcia Agostinho, que apresentou o trabalho do ano da estrutura diocesana, especialmente no fortalecimento das estruturas juvenis locais, bem como os desafios próximos, em particular na preparação da Jornada Mundial da Juventude, na criação do Conselho Diocesano da Juventude e na criação de propostas de oração, formação e missão para os jovens; por fim interveio o Diácono Fernando Magalhães, diretor do Externato Frei Luís de Sousa, que fez um balanço do ano letivo no colégio diocesano.

JM

 

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25 de Junho de 2021