Desde o passado dia 13 de julho, e por despacho do Diretor-geral da Segurança Social, os dois Centros Sociais da Paróquia da Charneca de Caparica obtiveram o parecer, definitivo, de fusão. Este é um processo pioneiro dentro das Instituições Particulares de Solidariedade Social da Diocese de Setúbal.
De acordo com nota informativa do Engenheiro Domingos de Sousa, coordenador do Departamento Sóciocaritativo da Diocese de Setúbal, enviada a todos os Presidentes de Centros Sociais Paroquiais diocesanos, “após um processo longo, os Centros Sociais da Paróquia da Charneca da Caparica obtiveram o parecer final, definitivo, de fusão”.
“Assim – refere ainda a mesma nota – prevalece um, Centro Social e Paroquial Imaculada Conceição, e o outro, Centro Social e Comunitário de S. José, é extinto por ser absorvido no primeiro”.
Acrescenta, ainda, o coordenador da área sóciocaritativa diocesana que “foi um processo trabalhoso, até pela novidade do mesmo, mas chegou a bom porto”. “Acreditamos que esta era a solução”, assinala.
“Agradecemos ao Padre Francisco Mendes, e na pessoa dele a todos os membros da Direção, pelo esforço, dedicação e capacidade de resistir a todas as dificuldades que a própria pandemia também criou. Certamente que a instituição que resultou da fusão das duas, será mais forte e terá maior capacidade para resistir aos muitos desafios que teremos pela frente”, conclui.
Leia também, em seguida, o comunicado completo do Padre Francisco Mendes, pároco da Charneca de Caparica e presidente da Direção do Centro Paroquial, publicado na página de Facebook da Paróquia.
AS
Centro Paroquial da Charneca de Caparica: A primeira fusão de IPSS diocesanas
Por despacho do Diretor-geral da Segurança Social, datado de 13 de julho, foi aceite e mandada registar a fusão do Centro Social de São José com o Centro Paroquial da Imaculada Conceição da Charneca de Caparica. Esta última instituição é a que subsiste, e surge já há largos meses designada publicamente, por maior conveniência comunicativa, como Centro Paroquial da Charneca de Caparica.
Foi um passo lógico e por isso óbvio que duas instituições complementares, da mesma paróquia, se juntassem para proporcionar melhor eficácia e melhor serviço às camadas da população para as quais nasceram: os idosos e as famílias com necessidade de apoio domiciliário.
Entretanto, o Centro lança-se já no concurso para lançamento da Creche de Nossa Senhora da Rosa, que vai alargar a sua prestação de serviços à área da infância, ao abrigo do Programa PARES 2, da Segurança Social, e candidatou-se já ao alargamento de todos os seus serviços para a terceira idade com a construção de um novo edifício para aquelas valências junto à capela de São José, com apoio do Programa PARES 3 e da Câmara Municipal de Almada.
Contudo, o mais interessante nesta fase, é o facto de termos sido pioneiros num movimento que, não duvidamos, cedo ou tarde terá de atravessar inteiramente a Diocese de Setúbal e as IPSS da Igreja que nela existem.
Porquê? Porque, salvas devidas exceções e exemplos, estas não existem senão subsistindo e penosamente, à custa do esforço das suas direções e técnicos.
Sejamos claros: a boa vontade não chega para tudo, e num tempo em que tudo se profissionaliza forçosamente, por força das exigências legais, fiscais e económicas, isso acabaria por afetar estas instituições, que são, para o bem e para o mal, entidades empresariais e devem ser administradas como tal, sem ironismos, ingenuidades e utopias.
A diferença empresarial com as empresas comuns é apenas no facto de estas não buscarem dividendos para distribuir por acionistas, mas para reinvestir no prosseguir e no aumento da capacidade de apoio e promoção sociais. De resto, é uma empresa, com as regras de uma empresa, e se levamos a sério o serviço às famílias e os postos de trabalho das centenas de pessoas que nelas trabalham, é assim, de uma vez por todas, que devem olhadas e tratadas.
Com fusões ganha-se escala para servir melhor, capacidade de intervenção, melhor distribuição de recursos humanos e pedagógicos, melhor capacidade negocial nas contratações e aquisições de serviços e mercadorias e, sobretudo, dá-se sustentabilidade económica a instituições que, por serem demasiado pequenas, nunca poderão suportar sozinhas os custos elevados de responder com a qualidade exigida hoje pelas tutelas (segurança social e serviços diocesanos).
Inimigos disto? Vários: a inércia do «sempre foi assim» e, portanto, não pode ser doutro modo; a «arqueologia social» de continuar a perpetuar formas assistenciais que já não fazem sentido; a «memória» do fundador, como se o fundador fosse Nosso Senhor Jesus Cristo e o Padre tal o seu Profeta; a «paroquialite» de achar que é bom quando é caseirinho e da nossa paroquiazinha. E outros inimigos se poderiam apontar.
Perpetuar esta agonia lenta das instituições, sem buscar modos de lhe dar eficácia, significa brincar com a vida dos funcionários, deitar fora um trabalho de ano e fechar os olhos à realidade dos tempos de hoje.
Por isso, é mais que necessário que este exemplo da Charneca não seja o único exemplo, mas o primeiro de uma série que permita continuar a dar à Igreja a possibilidade de servir mais e melhor neste âmbito social, uma capacidade que se esgotará a médio prazo (pelo menos desta forma institucionalizada) a possibilidade de estar na vanguarda da resposta vigorosa aos fenómenos sociais de exclusão, de uma forma eficiente e economicamente sustentável.
O respeito pelo passado exige que não se comprometa o futuro através de atitudes mesquinhas e timoratas no presente. Fica à atenção de todos, sobretudo dos responsáveis diocesanos que têm a missão de decidir e indicar caminho, sem se deixarem aprisionar por barulhos ululantes dos velhos do restelo do costume.
Padre Francisco Mendes