«Cumpriu-se mais uma vez a Festa Grande em Honra de Nossa Senhora da Atalaia. De 27 a 30 de Agosto de 2021, decorreram as festividades religiosas no Santuário. Durante os 4 dias, o Santuário encontrou-se aberto desde manhã à noite, onde foram diversos os momentos de oração num ambiente de silêncio e de paz. Também os Artigos Religiosos, a Casa da Cera, o Museu dos Ex-Votos e os queimadores permaneceram abertos durante todo o dia, para acolher todos os peregrinos que ocorreram ao Santuário.
Pelo segundo ano consecutivo a Festa Grande decorreu com as regras vigentes e impostas pela pandemia, o que por sua vez tem vindo a afastar muitos dos peregrinos, comparativamente a tempos antigos. Apesar de tudo, muitos foram os que durante 4 dias se deslocaram em peregrinação, para agradecerem, pedirem, cumprirem as suas promessas e procurarem refúgio, muitas vezes em lágrimas, no colo e olhar da Mãe do Céu, a Senhora da Atalaia.
Um dos momentos altos da Festa foi a celebração da Eucaristia, no adro do Santuário […]. Nesta foi celebrada a Solenidade de Nossa Senhora da Atalaia, invocada como Mãe de Misericórdia. No Evangelho segundo São Lucas pudemos escutar o “Magnificat”, o momento em que a Virgem Maria exprimiu a sua gratidão a Deus aquando da visita à sua prima Isabel.
Outro dos momentos altos do Domingo da Festa Grande é o momento da Procissão em Honra de Nossa Senhora da Atalaia, que infelizmente devido às contingências actuais não se pôde realizar nos trâmites habituais. Porém, este ano, dada a realidade, Nossa Senhora da Atalaia saiu em carro de cavalos pelas ruas da Quasi-Paróquia. Muitas foram as manifestações de fé e devoção a Nossa Senhora da Atalaia: muitos acompanharam a pé todo o percurso da Nossa Senhora, outros colocando colchas nas janelas de suas casas, nas ruas, atirando flores à passagem da Senhora…. De diversas formas e cada um de seu modo, manifestou a sua homenagem a Nossa Senhora da Atalaia.
Testemunhos de peregrinos e voluntários que viveram a “Festa Grande” no Santuário da Atalaia
«Muitos foram os que visitaram o Santuário por estes dias, mas muitos mais foram os que não vieram devido à pandemia, tornando a Festa Grande mais triste e pobre». (D.O.)
«Há 4 anos que faço voluntariado na Festa Grande. Até então, participava nas festividades como peregrina. Não sei explicar muito bem o que me levou a inscrever como voluntária. Algo que “ardeu cá dentro”, como aos discípulos de Emaús (Lucas 24: 13-35). E ainda bem que ardeu e continua a arder, porque tem sido das melhores experiências da minha vida. […] Nos 2 últimos anos, a afluência de peregrinos diminuiu por causa da pandemia e da falta do arraial profano. Confesso que senti algum desânimo, mas, ao mesmo tempo, a certeza de que bastava que um só peregrino aparecesse, um só, evidenciando a sua Fé, para que tudo valesse a pena. Afinal, por muito importante que seja o dinheiro dos homens, as contas de Nossa Senhora (que intercederá por nós) é que realmente importam». (S.M.)
“A devoção à Virgem desperta nas almas cristãs um impulso sobrenatural”
«[…] Neste ano de 2021, ano de pandemia decidi cancelar todos os meus compromissos e oferecer-me como voluntário a tempo inteiro para a festa de Nossa Senhora da Atalaia. A pandemia trouxe uma situação financeira incomportável e depois a Jesus sempre se vai e se torna a ir por Maria, logo esta era uma oportunidade única.
No princípio, e por deformação profissional, tudo aos meus olhos podia ser um pouco melhor, os recursos humanos, os processos, as operações, as interacções pessoais, etc… Mas, ao viver na festa, os meus olhos e coração como que se abriram, e comecei a ver tudo de forma bastante diferente.
A devoção à Virgem, mesmo se for pequena, desperta nas almas cristãs um impulso sobrenatural, para se comportarem como membros da família de Deus e assim ali estávamos, voluntários, Padre e peregrinos, como irmãos com o pai (Padre) reunidos junto da nossa mãe por causa da festa, reencontrados num afecto comum, incrivelmente solidário. Estas experiências fazem-nos encarar a vida com mais alegria, agradecermos quando corre bem e mais difícil, aceitar quando corre mal e partilhamos da Cruz de Cristo “coração na Cruz, coração na Cruz”.
Durante estes incríveis dias, lembrava-me e rezava aquela antiga, bonita e ambiciosa oração “Lembrai-vos, ó piíssima virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que tenha recorrido à vossa protecção, implorado a vossa assistência e reclamado o vosso socorro, fosse por vós desamparado…” Esta festa e este Santuário dão-me forças para enfrentar as agruras da vida». (J.M.)
“Festa Grande com toda a sua ‘tradição’ mesmo que alterada, sempre, sempre rezada”
“A festa [..] foi também uma demonstração de fé para aqueles que vivem e praticam a fé de forma fervorosa, uma fé que acredita na graça do céu e uma graça que é vivida no Santuário da Atalaia; que Nossa Senhora, Mãe e Rainha, está connosco neste Santuário, e que n’Ela o Filho, que é Deus, escuta a nossa oração e as nossas preces. Assim, quero dizer que a festa neste ano foi um sucesso pois, finalmente, vive-se neste santuário a verdadeira fé, o amor a Cristo Jesus, uma profunda devoção a Nossa querida Mãe e Rainha […]». (J.C.S.)
A Festa Grande realizou-se «com o carinho, amor e dedicação de gente tão empenhada, […] de poucos (que pareceram muitos) na concretização de tantos sonhos que levam os populares um ano inteiro à espera de ver realizados. As promessas a Nossa Senhora de Atalaia, as velas como pagamento, os artigos religiosos benzidos, para os próprios e para oferta a familiares e amigos que sabem precisarem de ajuda divina. As orações diante e na presença da Mãe de Jesus, pedindo e suplicando a sua intercessão e ajuda para a resolução de problemas de saúde, dificuldades monetárias e todo o tipo de ajuda que sintam que precisam. A realização desta Festa mesmo que limitada, representa sempre o pulsar duma comunidade que não esquece nem quer ser esquecida. […] Quero agradecer assim, a todos os que tornaram possível mais uma vez a realização da Festa Grande com toda a sua “tradição” mesmo que alterada, sempre, sempre rezada». (I.M.)
“Desfrutar do silêncio que deve imperar em momentos de oração e devoção”
«Servir como voluntária nesta Festa é para mim motivo de orgulho e aceitação de um sacrifício feito por amor a Nossa Senhora, Ela merece todas as poucas horas de descanso, de sono e todas as dores físicas que passamos nestes dias. Todo o sacrifício é pouco para a Rainha dos Anjos. A Festa dura 4 dias, desde manhã cedo até à noite, mas nos dias que a antecedem, o trabalho tem de ser organizado, planeado e montado de modo a que nada falhe. […] Para o bem de quem acredita a Festa Grande […] é do povo que por diversos motivos vêm cá ao Santuário, é felicidade e liberdade para os voluntários». (A.P.M.)
«A Festa Grande teve pelo segundo ano um brilho muito especial, pois conseguiu atrair os cristãos, sem o folclore pagão. O nosso Santuário cativa, pois, sob a protecção da nossa Mãe do Céu, assisti no olhar de muitos a devoção e a entrega, que se faz nas preces e no queimar da vela. Pena que estando o País tão necessitado de crença e protecção contra esta pandemia, não tivessem comparecido, em força, mais fiéis e por muito suplantado a Festa Grande de 2020. Resta-nos continuar o trabalho e rezar por todos». (P.M.)
«Foi preciso esta pandemia para que, pelo segundo ano consecutivo, a exclusividade das celebrações religiosas na Festa Grande, permitisse desfrutar do silêncio que deve imperar em momentos de oração e devoção. Enquanto peregrina, encontrei paz, conforto e força junto da Nossa Senhora da Atalaia, para continuar a superar as dificuldades dos tempos actuais. Também senti […] o espírito de união e ânimo de todos aqueles que, voluntariamente, contribuíram com o seu tempo, trabalho e dedicação. A saída da imagem da Nossa Senhora da Atalaia na charrete puxada por cavalos, e que percorreu as ruas da Atalaia, foi um momento singular para quem teve o privilégio de assistir». (P.A.M.)
“Venha em nosso auxílio, em nosso socorro, pondo fim a esta pandemia da Covid- 19 em Portugal e no Mundo”
«Da Festa ficou-me, a alegria de a ver acontecer. Retive da homilia a analogia entre a peste do séc. XVI e a peste do séc. XXI (Covid) e a fé que se vivia outrora e que hoje não se verifica. […] Na memória vai-me ficar a procissão pela sua beleza e inovação de o querer fazer acontecer, numa altura em que não pode acontecer como era a tradição». (S.L.)
«A Festa Grande é muito mais que palavras. […] Sente-se na alma, no coração, nas emoções que vêm ao de cima sem darmos conta, na alegria da partilha, nas amizades que ficam e no são convívio que a cada momento vivenciamos, quer seja no momento das refeições ou na hora do trabalho. Cansativo? Sim, mas muito gratificante» (Fraternidade de Nuno Álvares – Núcleo Papa Francisco – Montijo).
«Silencioso e discreto um pequeno grupo de pessoas sobe a escadaria do Santuário. Cá em cima a azáfama dos últimos retoques da Festa Grande prossegue. O pequeno grupo acaba por chegar bastante tarde, o que suscita algum espanto. É que estavam a acompanhar uma senhora que fez todos esses lances de joelhos, em grande esforço e persistência até chegar à Igreja. Existem devoções assim. Aparecem gentes com histórias de infortúnios e pequenos milagres, ou grandes Graças ocorridos nas suas vidas e dos familiares. Aqui vêm agradecer, aqui vêm renovar essas promessas. Nestes dias tudo é mais intenso, na oração, nas promessas a que se associam as velas, adquirem-se artigos religiosos e visita-se o Museu, que muito nos conta dessa mesma devoção à Nossa Senhora da Atalaia. É também no último Domingo que a Senhora sai à rua e com a elegância de tempos idos, vai de charrete para que todos A possam ver e ser abençoados por Ela. Toda esta festa é um convite, um relembrar que não estamos sós, a nossa Boa Mãe não nos abandona. Este bem antigo Santuário permanece pronto a acolher os fiéis, durante todo ano, culminando nesta linda festividade». (S.C.)
«Peçamos a Nossa Senhora da Atalaia, que como outrora livrou os povos da Peste e de epidemias, e ao longo dos séculos tem intercedido por todos os que A Invocam. Venha em nosso auxílio, em nosso socorro, pondo fim a esta pandemia da Covid- 19 em Portugal e no Mundo, para que para o ano tudo volte à normalidade e ninguém se veja impedido de peregrinar ao Santuário e de manifestar a sua fé, amor e devoção a Nossa Senhora da Atalaia». (D.O.)
Texto e fotos: Santuário de Nossa Senhora da Atalaia