comprehensive-camels

Sínodo dos Bispos/Sínodo Diocesano: Diocese de Setúbal inicia “caminho de oração, discernimento e transformação da Igreja”

Celebrou-se este domingo a abertura do processo sinodal na Igreja de Setúbal, que se inicia com a fase diocesana do Sínodo dos Bispos, convocado pelo Papa Francisco para 2023.

O dia 17 de outubro de 2021 ficará marcado como o dia da partida para a transformação. D. José Ornelas reuniu na Sé de Setúbal sacerdotes, diáconos, religiosos e leigos para dar início ao Sínodo dos Bispos de 2023, na sua fase diocesana, bem como ao Sínodo Diocesano, que culminará em 2025 nos 50 anos da criação da Diocese.

Saudando os presentes, entre eles representantes das comunidades paroquiais, serviços pastorais e movimentos laicais, o Bispo de Setúbal afirmou que fomos convocados por Deus com intuito de “abrir o nosso coração à luz do Espírito Santo, para o caminho ao qual estamos chamados, de oração, discernimento e transformação da Igreja”.

Saudou de modo particular a equipa da Comissão preparatória do Sínodo Diocesano de 2025, presidida pelo Padre José Pinheiro e constituída por Augusta Delgado, Henrique Matos e Irmã Marina Santos, aci, “que generosamente se dispuseram a colaborar na coordenação do caminho que agora iniciamos”.

 

“Sejamos uma Igreja que vive e anuncia, com credibilidade e alegria, o Senhor Jesus”

Na homilia, o prelado explicou o conceito de “Sínodo” que significa “Caminho em conjunto”.

Caminhar juntos, como povo convocado por Deus, que se reúne em seu nome, guiado pelo Espírito Santo, seguindo as pegadas de Jesus, o Bom Pastor, escutando a sua voz, e percorrendo em missão os caminhos do mundo para anunciar o seu Evangelho”.

Realçou o prelado que este caminho não é “uma catequese, umas pregações e encontros”, mas sim um caminho de “participação ativa de cada membro da Igreja, na escuta do Espírito, na transformação da vida pessoal, das paróquias, grupos e movimentos” de modo a que “sejamos uma Igreja que vive e anuncia, com credibilidade e alegria, o Senhor Jesus e, assim participa na construção de um mundo segundo o projeto de Deus”.

 

“Guiados pelo Espírito que renova todas as coisas” (At 2,1-11), continuamos a implorar o Seu dom para ser verdadeira Igreja que testemunha, e acrescenta: “Ainda hoje, apesar de perseguições, desânimos e escândalos, o Espírito de Deus continua a sarar, reunir e orientar a Sua Igreja para a missão, conduzindo-a para a viva na totalidade, apesar das dificuldades do caminho.”

D. José Ornelas advertiu para o “carreirismo e conquista do poder” que se encontra na vida da Igreja, “na diversidade de dons e das funções”, e pediu “serviço fraterno” para que “a Igreja se desenvolva”.

“A diversidade dos dons e das funções, não pode ser uma razão de carreirismo e conquista de poder, mas de serviço fraterno, para que a Igreja se desenvolva e enriqueça com a fé e as capacidades de cada um dos seus membros e todos deem testemunho credível de Jesus que os une pelo seu Espírito”, afirmou o bispo de Setúbal.

“A todos convoco para o Sínodo da Diocese e da Igreja”

“Todos somos chamados a participar na edificação da nossa Igreja, na transformação das nossas paróquias e estruturas, de modo que sejamos uma Igreja que vive e anuncia, com credibilidade e alegria, o Senhor Jesus e, assim participar na construção de um mundo segundo o projeto de Deus”, refere.

Na Igreja, não há uns que «produzem religião» e outros que vêm «abastecer» aos fins de semana. A todos Deus pede a própria colaboração, na presença, na oração, na colaboração e no serviço dos outros, dentro e fora da comunidade, ao serviço do Evangelho”, sublinhou.

 

Para D. José Ornelas, a entrada em caminho sinodal resume-se em três atitudes: “irmãos e irmãs que se colocam à escuta da Palavra de Deus deixando-se guiar pelo Espírito Santo”, que participam “ativamente na vida da Igreja, respondendo às necessidades dos irmãos e levando a todo o mundo a mensagem de Jesus” e que não têm “medo, vergonha ou cansaço”, partindo “ao reencontro da comunidade”, a “anunciar a todo o mundo o Evangelho do Senhor”.

A todos convoco para o Sínodo da Diocese e da Igreja a que hoje somos convidados a aderir, participando na partilha do pão, que o Senhor vem partilhar connosco nesta Eucaristia. Que os nossos olhos se abram à sua presença no meio de nós, que renove em nós e nas nossas comunidades a alegria do Seu Evangelho, para que, guiados pelo seu Espírito, a exemplo de Maria e dos Apóstolos, demos d’Ele testemunho, na missão que nos confia”, conclui.

A Igreja é convocada pelo Papa Francisco para um Sínodo com o tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. O percurso para a celebração do Sínodo será dividido em três fases: uma fase diocesana e outra continental, que por sua vez darão vida a dois instrumentos de trabalho distintos, pontos de partida para a fase definitiva, a assembleia sinodal, ao nível da Igreja universal, que se realizará em outubro de 2023.

A nossa Diocese participa neste caminho Sinodal de toda a Igreja, como primeira e fundamental etapa do nosso percurso do Sínodo Diocesano, cujo anúncio foi feito por D. José Ornelas na Solenidade de Pentecostes a 23 de maio de 2021, e que culminará no cinquentenário da Diocese, em 2025.

Saiba mais sobre o Sínodo dos Bispos e sobre o Sínodo Diocesano em diocese-setubal.pt/sinodo

Qualquer informação informação ou sugestão sobre o processo sinodal contactar sinodo@diocese-setubal.pt

JM


Fotogaleria


Homilia da Eucaristia de Abertura do Sínodo dos Bispos e do Sínodo Diocesano [texto integral]

Convocados para caminhar juntos em Igreja e em missão

Estamos a dar início ao processo sinodal da Igreja Diocesana de Setúbal, que irá até 2025, ano em que se celebrará os 25 anos de existência da nossa Diocese. Este início diocesano liga-se à abertura do Sínodo para toda a Igreja, proclamado pelo Papa Francisco para 2023, e que tem a sua primeira etapa em cada Igreja diocesana, em todo o mundo.

“Sínodo” significa “Caminho em conjunto”; caminhar juntos, como povo convocado por Deus, que se reúne em seu nome, guiado pelo Espírito Santo, seguindo as pegadas de Jesus o Bom Pastor, escutando a sua voz, e percorrendo em missão os caminhos do mundo para anunciar o seu Evangelho.

Não se trata apenas de uma catequese, de umas pregações, de uns encontros, mas de um caminho de participação ativa de cada membro da Igreja, na escuta do Espírito, na transformação da vida pessoal, das paróquias, grupos e movimentos. Todos somos chamados a participar na edificação da nossa Igreja, na transformação das nossas paróquias e estruturas, de modo que sejamos uma Igreja que vive e anuncia, com credibilidade e alegria, o Senhor Jesus e, assim participar na construção de um mundo segundo o projeto de Deus.

As três leituras desta Eucaristia ajudam-nos a assumir e interiorizar estas atitudes de sínodo ao qual somos convocados.

1. Guiados pelo Espírito que renova todas as coisas (At 2,1-11)

A primeira leitura fala-nos do dom do Espírito Santo, prometido pelo Senhor como Aquele que havia de continuar a sua presença no meio da comunidade dos seus discípulos, continuar a ensiná-los e guiá-los para que fossem suas testemunhas, levando o Evangelho a todo o mundo.

Depois da sua ressurreição, Jesus apareceu aos apóstolos, restituiu-lhes a confiança e a coragem e mandou-lhes que fossem anunciar o Evangelho em todo o mundo. Mas disse-lhes também que não partissem em missão sem implorar e receber o Espírito Santo, como lhes tinha prometido.

E eles, juntamente com muitos outros discípulos e discípulas, juntamente com Maria, reuniram-se na sala onde tinham celebrado a última ceia com Jesus e aí rezavam assiduamente, implorando o dom do Espírito. E o Espírito veio sobre eles e elas, precisamente quando estavam em oração.

Foi assim que nasceu a Igreja, no dia de Pentecostes, através do dom do Espírito Santo, dom de Deus aos discípulos de Jesus, para que eles pudessem ser verdadeiras testemunhas suas no mundo. Eram poucos e tinham estado submetidos a perseguição, fraquezas e dúvidas; tinham até sido incapazes de seguir o Mestre, tinham-no negado como Pedro e fugido da cruz e da morte de Jesus. Mas a presença do Espírito curou a sua fragilidade, sarou as suas divisões e quezílias, deu sabedoria e coragem ao seu anúncio e inflamou os corações daqueles que os escutavam, que começaram a aderir à Igreja.

Era uma multidão de diferentes origens, falando línguas distintas e com costumes diversificados. Dessa diversidade, que preanunciava a reunião de todos os povos da terra, nasceu a Igreja, fundada sobre o testemunho dos apóstolos e sempre unida e guiada pelo Espírito do Senhor ressuscitado.

Ao longo dos séculos, o Pentecostes foi-se repetindo em todo o mundo, até aos nossos dias. Ainda hoje, apesar de perseguições, desânimos e escândalos, o Espírito de Deus continua a sarar, reunir e orientar a Sua Igreja para a missão, conduzindo-a para a viva na totalidade, apesar das dificuldades do caminho.

Esta é a primeira atitude para entrarmos, como Igreja, em caminho sinodal: a reunião dos irmãos e irmãs que se colocam à escuta da Palavra de Deus, fiéis à oração e à celebração da fé na comunidade, deixando-se guiar pelo Espírito Santo, no anúncio do Evangelho que transforma o mundo.

2. Os dons de cada um, para a vida e a missão da Igreja (1Co 12,12-26)

A segunda Leitura dá-nos uma outra imagem que deve orientar o caminho sinodal. À comunidade de Corinto, S. Paulo mostra qual deve ser a atitude de quem recebeu o Espírito Santo, no batismo. O Espírito de Deus é sempre dinâmico, e produz dois movimentos: um para inserir e reunir na comunidade aqueles que o recebem. O segundo para que cada um ponha ao serviço da vida e da missão da Igreja os dons que recebe de Deus. Todos são chamados a participar na construção na vida e na missão da própria comunidade e da Igreja, segundo as funções que cada um desempenha: Bispo, Padres, Diáconos, Leigos em todos os serviços da comunidade.

Na Igreja, Não há uns que “produzem religião” e outros que vêm “abastecer” aos fins de semana. A todos Deus pede a própria colaboração, na presença, na oração, na colaboração e no serviço dos outros, dentro e fora da comunidade, ao serviço do Evangelho.

A diversidade dos dons e das funções, não pode ser uma razão de carreirismo e conquista de poder, mas de serviço fraterno, para que a Igreja se desenvolva e enriqueça com a fé e as capacidades de cada um dos seus membros e todos deem testemunho credível de Jesus que os une pelo seu Espírito.

Esta segunda atitude de caminho sinodal deve ser um desígnio de fé de cada um e cada uma de nós: recebemos o Espírito de Deus, no batismo, para participar ativamente na vida da Igreja, respondendo às necessidades dos irmãos e levando a todo o mundo a mensagem de Jesus e a vida do seu Espírito. O caminho sinodal é um modo conjunto de ser Igreja e de anunciar o Evangelho.

3. O Senhor ressuscitado caminha com os seus discípulos (Lc 24,13-35)

Finalmente, a passagem do Evangelho que escutámos nesta eucaristia resume todo o caminho de Sínodo que estamos a iniciar. Na conclusão do seu Evangelho, S. Lucas mostra-nos o que significa transformar a Igreja das situações de cansaço, de desânimo, de medo, de escândalo, de falta de esperança.

Depois da morte de Jesus, dois discípulos abandonam o grupo dos discípulos, porque Jesus deixou de estar fisicamente presente no meio deles. Vão embora tristes, envergonhados, desanimados e desiludidos, sem esperança nem rumo. Esta é a imagem que muita gente tem da Igreja: muitos abandonam-na desiludidos com muitas coisas, mas a razão comum é que não encontram (ou pensam não encontrar) nela Jesus, o Mestre e o Senhor. Para esses, Jesus está morto, ignorado, esquecido. Conservam dele uma memória do passado, mas não encontram os sinais da sua vida e da sua presença. Para outros, a lógica do mundo sem Deus, as críticas, a zombaria, suscitam vergonha e medo. Por isso, vão à sua vida e deixam de tomar parte no projeto de Deus para a transformação do mundo. Jesus deixou de ser o Deus vivo a caminhar com eles, para ser um passado sem sentido.

Jesus não abandona os seus discípulos em crise. No meio do escuro e da desilusão, Ele caminha com eles: aproxima-se da sua desilusão e tristeza e continua a caminhar, explicando, fazendo luz e sentando-se à mesa, para partilhar com eles o pão da amizade, da atenção, do carinho de Deus, que reúne os seus discípulos. Cristo vivo é quem torna possível o nosso caminho sinodal. Tenhamos a coragem de convidá-lo para sentar-se connosco à mesa da comunidade e da vida.

Tendo tomado consciência de Jesus vivo na sua vida, eles perdem o medo, a vergonha, o cansaço e partem ao reencontro da comunidade, em Jerusalém, a cidade onde Jesus deu a vida. É lá que receberão o Espírito e partirão para todas as cidades do mundo a anunciar que Jesus passou ela morte mas está vivo para dar vida perene àqueles que o acolhem e o seguem, na sua Igreja.

Este é o caminho sinodal a que somos convocados, para redescobrir a alegria, a força e a união do Senhor ressuscitado no meio de nós, nas nossas famílias, paróquias e comunidades, para contar com a participação ativa de todos os que receberam, no batismo e no crisma, o dom do Espírito Santo, para reconstruir as nossas comunidades e anunciar a todo o mundo o Evangelho do Senhor.

A todos convoco para o Sínodo da Diocese e da Igreja a que hoje somos convidados a aderir, participando na partilha do pão, que o Senhor vem partilhar connosco nesta Eucaristia. Que os nossos olhos se abram à sua presença no meio de nós, que renove em nós e nas nossas comunidades a alegria do Seu Evangelho, para que, guiados pelo seu Espírito, a exemplo de Maria e dos Apóstolos, demos d’Ele testemunho, ma missão que nos confia.

+ D. José Ornelas Carvalho, Bispo de Setúbal

Partilhe nas redes sociais!
20 de Outubro de 2021