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A Palavra do Papa: a profecia da nova humanidade, o caminho segundo o Espírito e a Palavra ruminada

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Nestes dias, o Papa tem acompanhado a COP 26, pedindo uma conversão ecológica, “individual e comunitária”. Convidou ainda à “ruminação” da Palavra de Deus e apontou as bem-aventuranças como caminho para a santidade.

Angelus: a Palavra de Deus deve atingir todos os âmbitos da vida

O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus deste domingo com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.

Na alocução que precedeu a oração, o Pontífice ressaltou que o Evangelho fala de um escriba que se aproxima de Jesus e lhe pergunta: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?” Jesus responde, citando as Escrituras e afirma que o primeiro mandamento é amar a Deus. A partir daí, como consequência natural, segue o segundo mandamento: amar o próximo como a si mesmo.

Segundo Francisco, “ouvindo esta resposta, o escriba não só a reconhece como justa, mas ao fazê-lo repete quase as mesmas palavras proferidas por Jesus: “Muito bem, Mestre! É verdade que amá-lo com todo o coração, com toda a mente, e com toda a força, e amar o próximo como a si mesmo, é melhor do que todos os holocaustos e os sacrifícios”.

Por que ao dar seu assentimento, o escriba sente a necessidade de repetir as mesmas palavras de Jesus? É um ensinamento para nós que ouvimos, porque a Palavra do Senhor não pode ser recebida como uma notícia qualquer: ela deve ser repetida, assimilada, custodiada.

A tradição monástica usa um termo ousado, mas muito concreto: a Palavra de Deus deve ser “ruminada”. Podemos dizer que é tão nutritiva que deve atingir todos os âmbitos da vida: envolver, como diz Jesus hoje, todo o coração, toda a alma, toda a mente, toda a força. Ela deve ressoar, ecoar dentro de nós.”

De acordo com o Papa, “o Senhor não procura hábeis comentadores das Escrituras, mas sim corações dóceis que, ao acolherem a sua Palavra, se deixam mudar por dentro. Por isso, é tão importante familiarizar-se com o Evangelho, tê-lo sempre à mão, ter um pequeno Evangelho no bolso, na bolsa, para lê-lo e relê-lo, apaixonar-se por ele”.

Depois da oração mariana do Angelus, o Papa Francisco recordou as fortes chuvas em várias partes do Vietname, o povo haitiano “que está a viver em condições extremas” e a Cop26 que teve início, em Glasgow, Escócia, este domingo.

Todos os Santos: as Bem-aventuranças são a profecia de uma nova humanidade

No Angelus da Festa de Todos os Santos, o Papa Francisco falou sobre dois aspetos que levam ao Reino de Deus e à felicidade seguindo as Bem-Aventuranças: a alegria e a profecia. “As Bem-aventuranças são a profecia de uma nova humanidade, de uma nova maneira de viver: fazer-se pequeno e confiar-se a Deus, em vez de emergir sobre os outros”.

Ao recordar o Sermão da Montanha no capítulo 5 do Evangelho de Marcos sobre as Bem-Aventuranças, o Papa explica que este é “o anúncio principal, de uma felicidade sem precedentes”.

As bem-aventuranças, a santidade, não é um programa de vida feito apenas de esforço e renúncia, mas é sobretudo a alegre descoberta de ser filhos amados por Deus. Não é uma conquista humana, é um dom que recebemos: somos santos porque Deus, que é o Santo, vem habitar em nossas vidas. Por isso, somos bem-aventurados!”

Recordando em seguida que: “Sem alegria, a fé torna-se um exercício rigoroso e opressivo, e corre o risco de adoecer de tristeza”.

Em seguida o Papa falou sobre o outro aspeto, ou seja, a profecia, afirmando:

“As Bem-aventuranças são dirigidas aos pobres, aos aflitos, aos famintos por justiça. É uma mensagem contracorrente”, explica porque enquanto o mundo diz que “para ter felicidade é preciso ser rico, poderoso, sempre jovem e forte”. “Jesus derruba estes critérios e faz um anúncio profético”:

A verdadeira plenitude de vida é alcançada seguindo-O, e praticando a Sua Palavra. E isto significa ser pobre por dentro, esvaziando-se para dar lugar a Deus.”

“A santidade está em aceitar e colocar em prática, com a ajuda de Deus, esta profecia que revoluciona o mundo”, concluiu.

Papa: os túmulos das vítimas de guerra clamam por paz

No Dia dos Fiéis Defuntos, 2 de novembro, o Pontífice deixou o Vaticano para celebrar a missa no Cemitério Militar Francês de Roma. Antes da celebração eucarística, Francisco deteve-se em oração diante de alguns túmulos, sobre os quais depositou rosas brancas.

Já na sua homilia, concentrou-se em dois aspetos: o nosso estar em caminho e a necessidade de paz.

Todos nós estamos em caminho, se quisermos fazer algo na vida”, disse o Papa. Não se trata de um passeio nem de circular por um labirinto. Neste caminhar, passamos diante de factos históricos, diante de tantas situações difíceis e diante dos cemitérios. E Francisco aconselhou: tu que passas, para o passo e pensa nos teus passos. Todos nós daremos o último passo. Não se trata de ser trágico, mas é a realidade. “O importante é que o último passo seja em caminho. Estar a caminho para que o último passo seja caminhando.”

O segundo aspeto é representado pelos túmulos. No caso do cemitério francês, as pessoas ali enterradas morreram na guerra. “Morreram porque foram chamados a defender a pátria, os valores, os ideais e muitas vezes defender situações políticas tristes e lamentáveis. São as vítimas da guerra, que consome os filhos da pátria.”

“Deixo estes dois pensamentos. Tu que passas, pensa nos teus passos e no último passo: que seja em paz. O segundo pensamento: estes Túmulos que clamam, gritam ‘paz’.”

COP26: mudanças climáticas, agir com urgência, coragem e responsabilidade

O Papa Francisco enviou uma mensagem na terça-feira ao presidente da Cop26, a Conferência da ONU sobre o Clima, Sr. Alok Sharma. O encontro realiza-se, em Glasgow, na Escócia, até ao próximo dia 12.

“Estamos todos conscientes da tarefa importante de mostrar a toda à Comunidade internacional se realmente existe vontade política para destinar com honestidade, responsabilidade e coragem mais recursos humanos, financeiros e tecnológicos para mitigar os efeitos negativos das mudanças climáticas, bem como para ajudar as populações mais pobres e vulneráveis, que são as que mais sofrem com isso”, ressalta o Papa no texto, lido pelo secretário de Estado Vaticano, cardeal Pietro Parolin.

Francisco destaca que devemos construir juntos o período pós-pandémico, confrontando-nos “com os erros cometidos no passado”. “A COP26 pode e deve contribuir ativamente para a construção consciente de um futuro onde as condutas quotidianas e os investimentos económicos e financeiros possam realmente salvaguardar as condições de uma vida digna da humanidade de hoje e de amanhã num planeta ‘saudável’.”

Ressalta no texto que “a humanidade tem meios para enfrentar esta transformação que requer uma verdadeira conversão individual e comunitária, e a firme vontade de tomar este caminho. Trata-se de passar de um modelo de desenvolvimento mais integral e integrante, fundado na solidariedade e na responsabilidade, a uma transição onde deverão ser considerados atentamente os efeitos que essa transição terá sobre o mundo do trabalho”.

“Devemos agir com urgência, coragem e responsabilidade. Agir para preparar um futuro em que a humanidade seja capaz de cuidar de si mesma e da natureza”, conclui Francisco.

Audiência Geral: caminhar segundo o espírito é deixar-se guiar por Ele

O Papa deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre a Carta de São Paulo aos Gálatas, na Audiência Geral de quarta-feira, que teve como tema “Caminhar segundo o Espírito”.

“Crer em Jesus significa segui-lo, ir atrás dele no seu caminho, como fizeram os primeiros discípulos. Ao mesmo tempo, significa evitar o caminho oposto, o do egoísmo, da busca do próprio interesse, que o Apóstolo Paulo chama de “desejo da carne”. O Espírito é o guia deste caminho na estrada de Cristo, um caminho maravilhoso, mas também cansativo que começa no Batismo e dura a vida inteira”, disse o Pontífice.

“Caminhar segundo o Espírito”, exorta São Paulo, significa “deixar-se guiar” por Ele. “É como dizer: coloquemo-nos na mesma linha e deixemo-nos guiar pelo Espírito Santo.” A seguir, o Papa acrescentou:

São expressões que indicam uma ação, um movimento, um dinamismo que nos impede de parar nas primeiras dificuldades, mas nos provoca a confiar na “força que vem do alto”. Percorrendo este caminho, o cristão adquire uma visão positiva da vida. Isso não significa que o mal presente no mundo tenha desaparecido, ou que os impulsos negativos do egoísmo e do orgulho tenham sumido; ao contrário, significa acreditar que Deus é sempre mais forte do que as nossas resistências e maior do que os nossos pecados.”

“Caminhar segundo o Espírito” não é apenas uma ação individual: diz respeito também à comunidade como um todo. Construir a comunidade seguindo o caminho indicado pelo Apóstolo é emocionante, mas desafiador.

O Espírito Santo, além de nos dar o dom da mansidão, convida-nos à solidariedade, a carregar os fardos dos outros. Quantos fardos estão presentes na vida de uma pessoa: doença, falta de trabalho, solidão, dor…! Quantas outras provações exigem a proximidade e o amor dos irmãos.

O Santo Padre sublinhou que “a regra suprema da correção fraterna é o amor, desejar o bem de nossos irmãos e irmãs, tolerar os problemas dos outros, os defeitos dos outros em silêncio na oração a fim de encontrar o caminho certo para ajudá-lo a se corrigir. Isso não é fácil”.

“A maneira mais fácil é fofocar, tirar a pele do outro como se eu fosse perfeito. Isso não deve ser feito. Mansidão, paciência, oração e proximidade”, concluiu o Santo Padre.

Oração do Papa: por quem sofre de depressão

“Pelas pessoas que sofrem de depressão”: por esta intenção, o Papa Francisco pede as orações dos fiéis neste mês de novembro, por meio da Rede Mundial de Oração do Papa.

Em “O Vídeo do Papa”, o Pontífice demonstra a sua preocupação com o stress e a depressão que acometem a muitos, resultado de uma sobrecarga de trabalho.

A tristeza, a apatia, o cansaço espiritual acabam dominando a vida das pessoas que estão sobrecarregadas com o ritmo de vida atual”, afirma o Papa. Nesta situação, uma ajuda pode ser a escuta silenciosa e a oração, aliada a um “imprescindível acompanhamento psicológico”.

Esta edição de “O Vídeo do Papa” foi feita com o apoio da Associação de Ministros Católicos de Saúde Mental (Association Of Catholic Mental Health Ministers), que oferece apoio espiritual a pessoas com doenças mentais e incentiva ações de prevenção de qualquer tipo de discriminação que as impeçam de participar plenamente na vida da Igreja.

Um estudo publicado este ano estima que uma em cada dez pessoas no mundo convive com algum tipo de transtorno de saúde mental, destacando a depressão (264 milhões, 3% da população mundial) e a ansiedade (284 milhões, 4%) como os transtornos mais comuns na vida das pessoas.

“Rezemos para que as pessoas que sofrem de depressão ou de esgotamento extremo recebam o apoio de todos e recebam uma luz que as abram à vida”, convida Francisco.

Papa na missa pelos cardeais e bispos falecidos: “Na dor encontramos a esperança”

O Papa Francisco celebrou a missa de sufrágio, esta quinta-feira na Basílica de São Pedro, pelos cardeais e bispos falecidos nos últimos doze meses.

A homilia foi centrada neste convite: “É bom esperar em silêncio a salvação do Senhor” (Lam 3,26)”, esclarecendo que “esta atitude não é um ponto de partida, mas um ponto de chegada.

De facto, o autor chega a este ponto no final de um percurso, um percurso acidentado, que o fez amadurecer”. Francisco disse que para que isso aconteça, é necessária uma longa transformação interior marcada pelo sofrimento. “Esta paciência não é resignação, pois é alimentada pela expectativa do Senhor, cuja vinda é certa e não desilude”.

No auge da dor, os que estão unidos ao Senhor veem que Ele derruba o sofrimento, transforma-o numa porta através da qual entra a esperança. É uma experiência pascal, uma dolorosa passagem que se abre à vida, uma espécie de trabalho espiritual que na escuridão nos faz vir novamente à luz.”

Por fim o Papa Francisco disse: “Hoje, diante do mistério da morte remida, pedimos a graça de olhar a adversidade com olhos diferentes. Pedimos a força para saber viver no silêncio manso e confiante que espera a salvação do Senhor, sem lamentações e descontentamentos. O que parece ser um castigo revelar-se-á uma graça, uma nova demonstração do amor de Deus por nós. Saber esperar em silêncio pela salvação do Senhor é uma arte. Cultivemo-lo.”

JM (com recursos jornalísticos do portal Vatican News)

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04 de Novembro de 2021