D. José Ornelas participou no encontro de dezembro da iniciativa “Café Memória”, que se realizou no Museu da Cidade de Almada.
“Estar aqui é para mim é uma grande alegria” começou o prelado, reconhecendo que tem uma grande estima pelo projeto e por todo o trabalho que se faz nas instituições de solidariedade, especialmente nas misericórdias, pois são espaços de “encontro da esperança, de cruzamento de histórias”.
O Café Memória é um local de encontro, com reunião mensal, destinado a pessoas com problemas de memória ou demência, aos seus familiares, amigos e cuidadores, para partilha de experiências e suporte mútuo, com o objetivo de melhorar a sua qualidade de vida e reduzir o isolamento social.
Com o tema “Uma mensagem de fé e esperança”, o Bispo de Setúbal foi convidado a participar na conversa informal que aconteceu no passado sábado, 11 de dezembro.
“Este é um tempo muito bom para falar de esperança, o tempo de Advento, de preparação do Natal” explicou D. José Ornelas, aproveitando para comentar alguns dos textos bíblicos que marcam a liturgia no tempo do Advento.
É um tempo de espera, mas não de quem senta e espera pelo comboio”, realça. Para o bispo diocesano, “Esperança é esperar andando, é fazer caminho”, de que dão exemplo os profetas do Antigo Testamento “que não viveram tempos tranquilos, mas sim tempos de grande destruição”.
“Não podemos esperar um mundo perfeito e bonito para ter esperança”, afirma, destacando que “a esperança nasce quando é preciso, de quem tem fome”, pois “os que são fartos não fazem caminho nenhum, não aprendem nada, porque acham que já têm tudo.”
“Os profetas do Antigo Testamento acreditavam que era possível algo novo, porque acreditavam. Gente de coração transformado, que transformou o mundo, reconstruiu a cidade.” Tal como neste tempo da pandemia, criar a esperança não é deitando-se a dormir e muito menos é um caminho fácil: é um caminho que apresenta Jesus e com ele todos os frágeis que precisam de nós.
Para D. José Ornelas, “no Natal, Jesus nasce para ser cuidado, porque é a cuidar que a gente se humaniza” e com esta afirmação elogia o importante papel dos cuidadores:
“Todos os que são cuidadores de pessoas em fragilidade são os jardineiros dos sonhos” porque “os sonhos não só se semeiam, mas cuidam-se, protegem-se, fazem-se crescer”. Daí, afiança, é importante um espírito de cuidado e deixar-se cuidar:
“Jardineiros de sonhos e esperança, precisam-se!”, disse.
Este tempo [pandemia] criou algo de novo, novas sinergias, uma nova sensibilidade. Tempo de esperança, visível em todos os que trabalharam nas instituições, nas crianças, nos profissionais de saúde… criaram-se coisas bonitas. Pode não ter sido o melhor, mas fez-se o melhor que se podia dentro das circunstâncias.”
O Bispo de Setúbal agradeceu o convite à Santa Casa da Misericórdia de Almada e deixou a todos votos de Santo Natal.
O projeto, que celebra o seu 5º aniversário na cidade de Almada, pretende sensibilizar a comunidade para a relevância crescente do tema das demências, reduzindo, assim, o estigma que lhe está associado.
O Café Memória é uma iniciativa da Alzheimer Portugal e Sonae Sierra, promovido localmente pela Santa Casa da Misericórdia de Almada com o apoio do Grupo Concelho de Idosos de Almada e Câmara Municipal de Almada.
JM