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A Palavra do Papa: a árvore da vida, a fé concretizada, o silêncio fecundo e os mensageiros da ternura

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Esta semana, o Papa rejeitou um Natal “falso e comercial”. Apelou a que se concretize a fé no serviço aos outros neste tempo de Advento e a olharmos para o exemplo de José para “cultivarmos espaços de silêncio”.

Natal: não deixemos que seja poluído pelo consumismo e pela indiferença

O Papa Francisco recebeu na Sala Paulo VI, no Vaticano, as delegações que doaram este ano a Árvore de Natal e o Presépio montados na Praça São Pedro e o Presépio montado no interior da mesma Sala Paulo VI.

Francisco dirigiu a sua saudação à Delegação Peruana de Huancavelica, o distrito em que se localiza o vilarejo de Chopoca, de onde vem o grande presépio montado na Praça São Pedro.

Os personagens do presépio, – recordou o Papa – feitos com materiais e vestuário característicos desses territórios, representam os povos dos Andes e simbolizam o apelo universal à salvação.

Jesus, de facto, veio à terra para salvar todos os homens e mulheres, de todas as culturas e nacionalidades. Ele fez-se pequeno para que possamos acolhê-Lo e receber o dom da ternura de Deus”.

Ao lado do presépio encontra-se o majestoso abeto dos bosques de Andalo, no Trentino. Francisco então saudou a delegação que veio daquela localidade: as autoridades, os sacerdotes, os fiéis acompanhados pelo arcebispo Lauro Tisi, a quem agradeceu pelas suas palavras.

“O abeto – disse o Papa – é sinal de Cristo, a árvore da vida, árvore à qual o homem não teve acesso por causa do pecado. Mas com o Natal, a vida divina se uniu à vida humana. A árvore de Natal, então, evoca o renascimento, o dom de Deus que se une ao homem para sempre, que nos dá a sua vida. As luzes do abeto recordam a luz de Jesus, a luz do amor que continua a brilhar nas noites do mundo”.

Francisco afirmou que o Natal é isto, não deixemos que seja poluído pelo consumismo e pela indiferença:

A árvore e o presépio apresentam-nos a atmosfera típica de Natal que faz parte do património das nossas comunidades: uma atmosfera de ternura, partilha e intimidade familiar. Não vamos viver um Natal falso e comercial! Deixemo-nos envolver pela proximidade de Deus, pela atmosfera natalícia que a arte, a música, as canções e as tradições trazem aos nossos corações”.

Todos aqueles que vierem aqui à Sala Paulo VI nos próximos dias – afirmou o Papa – poderão saborear esta atmosfera, graças também ao presépio que será inaugurado. Foi feito por jovens da paróquia de São Bartolomeu em Gallio, na diocese de Pádua.

“Estou grato por este presente, fruto do compromisso e da reflexão sobre o Natal, a festa da confiança e da esperança. A razão da nossa esperança é que Deus está connosco, Ele confia em nós e nunca se cansa de nós! Ele vem habitar com os homens, escolhe a terra como a sua morada para estar connosco e assumir as realidades onde transcorremos os nossos dias. Isto é o que o nos ensina o presépio”, concluiu.

“Discernir” e “acompanhar”, as orientações do Papa à Vida Consagrada

“A vida consagrada nasce na Igreja, cresce e só pode dar frutos evangélicos na Igreja, na comunhão viva do Povo fiel de Deus”, disse o Papa no discurso na manhã deste sábado aos participantes da Sessão Plenária da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, recebidos em audiência no Vaticano.

Na sua reflexão – norteada pelas palavras “discernir” e “acompanhar”, Francisco enfatizou alguns pontos, como manter viva a atenção aos fundadores, à pastoral vocacional e à formação, aos abusos de autoridade e de poder, bem como a importância da colaboração com os bispos e a sinergia destes com a Santa Sé.

“Discernir e acompanhar. Acompanhar especialmente as comunidades recém-formadas, que estão mais expostas ao risco da autorreferencialidade” e discernir, o que “só pode ser realizado no horizonte da fé e da oração”, destacou o Papa no encontro, realçando que um critério decisivo para o discernimento, é a capacidade de uma comunidade, de um instituto, de “integrar-se na vida do Santo Povo de Deus para o bem de todos”.

Ao concluir, o Papa Francisco agradeceu mais uma vez pelo serviço quotidiano que “levam em frente pelo discernimento e o acompanhamento”, e concedeu a todos a sua bênção, acompanhada pelos votos de um bom caminho de Advento e um Feliz Natal.

Angelus: “Advento, tempo de concretizar a fé no serviço aos outros”

“A fé encarna-se na vida concreta. Não é uma teoria abstrata e generalizada, ela toca a carne e transforma a vida de todos”, disse o Papa Francisco no Angelus do III Domingo do Advento, tempo de preparação para o Natal.

O que é bom fazer por mim e pelos irmãos? Como posso contribuir para o bem da Igreja, da sociedade? O Tempo do Advento é para isso: parar e perguntar-se como nos preparar para o Natal.”

Ao ouvir a pregação de João, “multidões, publicanos e soldados” fazem a pergunta: “Que devemos fazer?” E é justamente a partir deste questionamento que o Papa Francisco desenvolve a sua reflexão.

Francisco começa por explicar que a pergunta “que devemos fazer?” brota de “um coração tocado pelo Senhor”, “entusiasmado pela sua vinda”. Mas eleva a fasquia, e questiona: “o que fazer da minha vida? Para que sou chamado? O que me realiza?”.

“A vida não é sem sentido, não é deixada ao acaso. Não! É um dom que o Senhor nos dá, dizendo-nos: descobre quem és, e trabalha para realizar o sonho que é a tua vida!”, responde.

Cada um de nós – não o esqueçamos – é uma missão a ser realizada”, é nos “dirigida uma palavra específica, que diz respeito à situação real da sua vida”.

Ao concluir, o Santo Padre propõe algumas perguntas que poderíamos nos fazer sobre “o que posso fazer concretamente nestes dias que estamos próximos ao Natal? Como posso fazer minha parte?”

No final do Angelus, o Papa dirigiu-se a sua oração para a situação de tensão que se vive na Ucrânia, apelando ao diálogo e à paz: “Entristece-me tanto a estatística que eu li, a última. Neste ano foram produzidas mais armas do que no ano passado. As armas não são o caminho. Que este Natal do Senhor leve paz à Ucrânia!”

No coração de Francisco também está a dor por quem perdeu parentes e conhecidos devido a uma série de tornados que atingiram os Estados Unidos.

Por fim, o Papa dirigiu uma para lavra à Caritas Internationalis, que completa 70 anos. “Deve crescer e se fortalecer ainda mais!”.

Jubileu Guadalupano: o convite do Papa

No dia 12 de dezembro, festa de Nossa Senhora de Guadalupe, foi rezado o Rosário na Praça São Pedro antes do Angelus, numa iniciativa da Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL). O Papa Francisco, depois de fazer os seus apelos com o olhar voltado a diversas partes do mundo, saudou em espanhol “as comunidades de todo o continente americano e das Filipinas” presentes, destacando a importância deste testemunho público de fé e convidando a preparar o Jubileu Guadalupano de 2031:

Saúdo calorosamente as comunidades de todo o continente americano e das Filipinas – quantas bandeiras de países americanos! -, que se reuniram aqui na Praça São Pedro para rezar o Rosário em honra à Virgem de Guadalupe e para se consagrar a ela. Felicito-os! Felicito-vos que com este gesto se uniram àqueles que desde o Alasca até a Patagónia festejam Santa Maria de Guadalupe.”

“Deus que é comunhão encorajará a conversão e renovação da Igreja e da sociedade de que tanto necessitamos nas Américas – a situação em tantos países da América é muito triste – e também necessitamos no mundo”, sublinhou.

“Estou feliz porque, com atos de fé e testemunho público como o que vocês realizaram hoje, começamos a preparar-nos para o Jubileu Guadalupano de 2031 e o Jubileu da Redenção de 2033 – devemos olhar sempre em frente. Todos juntos: ¡Viva la Virgen de Guadalupe!”

Audiência Geral: “aprender com São José a cultivar espaços de silêncio”

O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre São José na Audiência Geral desta quarta-feira, 15 de dezembro, sobre um aspeto importante da pessoa de José: o silêncio.

“Deus se manifestou no momento de maior silêncio. É importante pensar no silêncio nesta época em que parece não ter muito valor”, sublinhou Francisco.

Os Evangelhos não registam palavras de José de Nazaré. Isto não significa que ele fosse taciturno, não, há uma razão mais profunda. Com este silêncio, José confirma o que Santo Agostinho escreveu: «Na medida em que cresce em nós a Palavra, o Verbo que se fez homem, diminuem as palavras». José, com o seu silêncio, convida-nos a deixar espaço à Presença da Palavra feita carne, ou seja, a Jesus”, disse o Papa.

Francisco sublinhou que “o silêncio de José não é mutismo; é um silêncio cheio de escuta, um silêncio laborioso, um silêncio que faz emergir a sua grande interioridade. Jesus cresceu nesta “escola”, na casa de Nazaré, com o exemplo diário de Maria e José”.

Como seria bom se cada um de nós, seguindo o exemplo de São José, conseguisse recuperar esta dimensão contemplativa da vida aberta pelo silêncio. Mas todos sabemos por experiência que não é fácil: o silêncio assusta-nos um pouco, porque pede-nos para entrarmos em nós mesmos e encontrarmos a parte mais verdadeira de nós. Tanta gente tem medo do silêncio e precisa falar, falar ou ouvir rádio, ver televisão, mas não pode aceitar o silêncio porque tem medo.

Segundo o Papa, “devemos aprender de José a cultivar o silêncio: aquele espaço de interioridade nos nossos dias nos quais damos ao Espírito a oportunidade de nos regenerar, de nos consolar, de nos corrigir”, que servirá de “benefício para os nossos corações, curará também a nossa língua, as nossas palavras e, sobretudo, as nossas escolhas. Com efeito, José uniu ao silêncio à ação. Ele não falou, mas fez.”

Artistas: “sejam mensageiros de ternura, alegria e esperança”

Antes da Audiência Geral, o Papa Francisco encontrou os artistas e organizadores do Concerto de Natal no Vaticano 2021. O Pontífice iniciou recordando aos artistas que “o Natal convida-nos a fixar o nosso olhar no evento que trouxe a ternura de Deus ao mundo, e assim despertou e continua a despertar alegria e esperança”. Sublinhando estas três palavras: ternura, alegria e esperança, o Papa disse “sentimentos e atitudes que vocês artistas também sabem como reviver e difundir com os vossos talentos”.

“No Concerto de Natal vocês oferecem os vossos talentos artísticos para apoiar projetos educacionais, especialmente para crianças e jovens em dois países com condições muito precárias: Haiti e Líbano”. E ponderou: “a sua música e o seu canto ajudam a abrir o coração para não esquecer aqueles que sofrem e a fazer gestos concretos de partilha, que trazem alegria a tantas famílias que desejam dar aos seus filhos um futuro através da educação”. “E na arte – continuou – vocês criam imediatamente fraternidade, diante da arte não há amigos e inimigos, somos todos iguais, todos amigos, todos irmãos. “A linguagem de vocês”, disse ainda, “é fecunda”.

Ao refletir sobre a esperança disse: “Na gruta de Belém, foi acesa a esperança para a humanidade. A pandemia, infelizmente, agravou as diferenças educativas de milhões de crianças e adolescentes que ficaram excluídos de todas as atividades educacionais”.

Na educação habita a semente da esperança: esperança de paz e justiça, esperança de beleza e bondade; esperança de harmonia social”.

Com essas palavras o Papa Francisco despediu-se dos artistas com o auspício que “sejam sempre mensageiros de ternura, alegria e esperança”.

JM (com recursos do portal Vatican News)

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15 de Dezembro de 2021