Reflexão do Eng.º Domingos de Sousa, Coordenador do Departamento Sóciocaritativo da Diocese de Setúbal e Presidente da Cáritas Diocesana
No dia 24 de Agosto de 2015, quando conheci a nomeação de D. José Ornelas para Bispo de Setúbal, tive o impulso de telefonar a D. Manuel Martins, o que fazia de tempos a tempos. Conversámos de coisas comuns, como sempre. A conversa estava a chegar ao fim e, antes de desligar, D. Manuel perguntou-me se já sabia que tinha novo Bispo nomeado para Setúbal. Disse-lhe que sim. “Tendes sorte – disse D. Manuel – não o conheço bem em pessoa, mas conheço bem a pessoa”. Descreveu-o atento, atencioso, sensível, muito preocupado com as pessoas, com capacidade para ouvir.
O meu primeiro contacto pessoal com D. José aconteceu em abril de 2016, quando fui à Cúria para tomar posse como vogal da, então, direção vigente da Cáritas Diocesana. Aconteceu, Deus sabe porquê, que em setembro de 2016 me convidou para ser presidente da Cáritas Diocesana. Não queria. “Nunca foi meu desejo”, respondi. Depois de longa conversa, prometi pensar.
No dia seguinte ia visitar D. Manuel, de passagem pela Maia, a caminho de Barcelos, cuja opinião queria ouvir. Aí, durante o almoço, D. Manuel disse esperar que eu aceitasse. Senti-me impelido a dizer “sim”. Na semana seguinte telefonei ao D. José e aceitei. Agradeceu-me a disponibilidade e, a partir daí, contactámos com muita frequência. Fui encontrando, nele, as qualidades que D. Manuel tinha referido.
Após a tomada de posse, visitou os equipamentos da Cáritas Diocesana, passou e marcou com a sua forma de estar e comunicar todos com quem contactou, trabalhadores e utentes.
Nos contactos seguintes, e foram muitos, conversámos acerca dos problemas instituições sociais diocesanas que, que devido à crise anterior estavam com problemas. Dessas conversas resultou a ideia de criar uma equipa diocesana para as acompanhar. Era mais uma preocupação: muitas crianças, muitos idosos, muitos trabalhadores, um sector da pastoral social a necessitar de uma atenção especial.
Criada uma equipa coordenadora, após um ano de trabalho, decidiu-se criar o Departamento Sóciocaritativo da Diocese de Setúbal para trabalhar com as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) e também com as paróquias. Foi um trabalho a que o Departamento se entregou, na sequência do que já vinha sendo feito pela equipa coordenadora. D. José acompanhou, tudo, muito de perto. Participou em muitas reuniões, sempre com a preocupação de ser mais um na equipa. Muitas vezes, o local de trabalho foi a Casa Episcopal.
Durante o primeiro confinamento devido à Covid-19 criou um gabinete de crise para acompanhar os problemas sociais decorrentes da pandemia e propôs a criação de uma campanha diocesana para ajudar os mais pobres, entregando à Cáritas Diocesana o lançamento e a gestão da mesma.
Recebia as pessoas que o procuravam em casa. Concedia apoios pessoais a muitos, outros ia encaminhando para a Cáritas, devido à minha insistência para que o fizesse.
Foram atingidas algumas metas, havendo como é normal, muito trabalho para fazer. Fica como desafio, a manutenção do acompanhamento das instituições, mas também a definição de novas formas de acompanhamento e empoderamento através de programas de formação técnica/profissional e “formação do coração”, usando a expressão criada por Bento XVI na encíclica “Deus é Amor”. Outro trabalho a realizar será o de acompanhamento dos grupos paroquiais e a formação de novos grupos, bem como a formação dos voluntários e trabalhadores em Doutrina Social da Igreja e Acção Social da Igreja, eventualmente, recorrendo à Academia da Fé e Cultura, entre outras.
Na hora da partida, obrigado D. José.
Domingos de Sousa, presidente da Cáritas Diocesana de Setúbal e Coordenador do Departamento Sociocaritativo da Diocese de Setúbal
D. José Ornelas em Setúbal (1): a construção da Igreja com os leigos