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A Palavra do Papa: a presença luminosa, a escola do Espírito, o azulejo da diferença e as rugas que são símbolo

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“Os discípulos experimentaram a poderosa presença do Espírito Santo, que transformou as suas vidas para sempre. As suas vidas, transformadas pelo poder do Espírito, mudaram a história”, explicou o Papa na homilia do Domingo de Pentecostes.

Papa: rezemos pelas famílias para que vivam o amor com gestos concretos

O vídeo do Papa para o mês de junho foi divulgado na quinta-feira passada (dia 2) com a intenção de oração que Francisco confia à Igreja. O Pontífice reza “pelas famílias cristãs de todo o mundo para que, com gestos concretos, vivam a gratuidade do amor e a santidade na vida quotidiana”.

A família é o lugar onde aprendemos a viver juntos, a conviver com os mais novos e os mais velhos. E, ao estarmos unidos, jovens, idosos, adultos, crianças, ao estarmos unidos nas diferenças, evangelizamos com o nosso exemplo de vida”.

Produzida pela Rede Mundial de Oração do Papa com a colaboração do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, a intenção de oração deste mês coincide com a celebração do Encontro Mundial das Famílias, que acontece de 22 a 26 de junho em Roma. Um evento que encerra o ano dedicado à meditação sobre a família, por ocasião do aniversário de 5 anos da Exortação Apostólica Amoris Laetitia.

Francisco: desejo ir a Kiev, espero o momento certo para fazê-lo

O Papa Francisco encontrou-se na manhã de sábado no Pátio de São Dâmaso, dentro do Palácio Apostólico, com os jovens participantes da oitava edição do “Comboio das Crianças”, evento organizado pelo Pontifício Conselho para a Cultura.

As crianças conversaram com o Papa, fazendo-lhe com franqueza perguntas que têm no coração e, às vezes, sugerindo algo:

“O meu nome é Sachar, venho da Ucrânia. Não tenho uma pergunta, mas sim um pedido: o senhor pode ir à Ucrânia para salvar todas as crianças que estão a sofrer lá agora?”. Francisco responde:

“Penso muito nas crianças da Ucrânia, e é por isso que enviei alguns cardeais para ajudar lá e estar perto de todas as pessoas, mas especialmente das crianças. Eu gostaria de ir à Ucrânia; apenas, tenho que esperar o momento para fazer isso, sabe, porque não é fácil tomar uma decisão que pode fazer mais mal ao mundo inteiro do que bem. Tenho que procurar o momento certo para fazê-lo. Nesta próxima semana receberei representantes do governo da Ucrânia, que virão para conversar e falar sobre uma possível visita minha lá: vamos ver o que acontece”.

Como o senhor se sente ao ser o Papa? Pergunta outra criança chamada Edgar. “Como uma pessoa, como cada um de vocês na sua profissão, no seu trabalho. Porque também sou uma pessoa como vocês, e se tenho este trabalho, devo tentar fazê-lo da maneira mais humilde e mais de acordo com a minha personalidade”.

Mas é cansativo ser Papa? Catherine perguntou-lhe novamente. “Qualquer tarefa que realizamos tem uma parte de fadiga, responde Francisco, mas “Deus dá força para carregar as próprias fadigas” e é preciso realizá-las “com honestidade, com sinceridade e com trabalho”.

Papa Francisco por ocasião da Vigília Ecuménica de Pentecostes

O Papa Francisco participou na noite de sábado da Vigília Ecuménica de Pentecostes em modalidade virtual.

Na sua mensagem, o pontífice lembrou uma passagem dos Atos dos Apóstolos em que Jesus anuncia aos discípulos que receberão o Espírito Santo. Para Francisco, “aqueles homens e mulheres temorosos experimentaram a poderosa presença do Espírito Santo, que transformou as suas vidas para sempre. As suas vidas, transformadas pelo poder do Espírito, mudaram a história”.

Todos os anos, na Vigília de Pentecostes, queremos ter a mesma experiência vivida e segura da sua presença em nós, nas nossas vidas e nas nossas comunidades.

Francisco chamou a atenção para a presença do Espírito Santo no mundo de hoje: “diante deste mundo dilacerado e temeroso de um futuro incerto, desponta, nesta noite, a presença luminosa do Espírito Santo, que nos dá forças, nos dá coragem e determinação para trabalhar, incansavelmente, pela paz, que só Ele pode dar”.

Pentecostes: O Espírito Santo ensina-nos que tudo é vão sem amor

A missa de Pentecostes foi presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re. Francisco pronunciou a homilia, comentando o Evangelho deste domingo, de modo especial a última frase: “O Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, Esse é que vos ensinará tudo, e há de recordar-vos tudo o que Eu vos disse” (Jo 14, 26).

Este “tudo”, explicou o Papa, pode ser expresso em três dinâmicas: no grande caminho da vida, o Espírito Santo ensina-nos por onde começar, que caminhos seguir e como caminhar.

O ponto de partida é o amor. O Espírito lembra-nos que, sem o amor na base, tudo o mais é vão. Ele é o “motor” da nossa vida espiritual, alimentando a nossa memória positiva.

Além de nos recordar o ponto de partida, o Espírito ensina-nos que caminhos seguir:

Nas encruzilhadas da vida, o Espírito sugere-nos o melhor caminho a seguir, mas para isso é importante saber discernir entre a voz Dele e a do espírito do mal. E nem sempre é a voz que queremos ouvir, pois exige esforço, luta interior e sacrifício.”

Por fim, o Espírito ensina à Igreja o modo como caminhar:

Ensina a não ser um rebanho que reforça o recinto, mas uma pastagem aberta, para que todos possam alimentar-se da beleza de Deus; ensina a ser uma casa acolhedora, sem divisórias.”

Eis então a exortação final de Francisco:

“Irmãos e irmãs, vamos à escola do Espírito Santo, para que nos ensine tudo. Invoquemo-Lo todos os dias, para que nos lembre de começar sempre do olhar de Deus pousado sobre nós, mover-nos nas nossas escolhas escutando a sua voz, caminhar juntos, como Igreja, dóceis a Ele e abertos ao mundo.”

Regina Coeli: O Evangelho é sempre atual com o Espírito

Após a celebração da missa de Pentecostes na Basílica Vaticana, o Papa Francisco rezou com os fiéis na Praça São Pedro a oração do Regina Coeli.

O Pontífice explicou o significado desta Solenidade, que recorda a efusão do Espírito Santo sobre os Apóstolos cinquenta dias após a Páscoa.

Antes de tudo, o Espírito Santo ensina. Mas fica a pergunta: o que o Evangelho nos pode dizer na era da internet e da globalização?

É Ele que liga o ensinamento de Jesus com todos os tempos e cada pessoa. Com Ele, as palavras de Cristo se tornam vivas, hoje! Sim, o Espírito as torna vivas para nós: através da Sagrada Escritura nos fala e nos guia no presente.”

Corremos o risco de fazer da fé uma peça de museu, mas Ele, ao invés, a coloca em sintonia com os tempos. E fá-lo justamente através da memória:

É o Espírito que faz isso, fazendo passar do ‘ouvir dizer’ ao conhecimento pessoal de Jesus, que entra no coração.”

O Papa então faz uma provocação aos presentes, questionando se somos cristãos esquecidos. O remédio é invocar o Espírito Santo: “Façamos isso sempre, sobretudo nos momentos importantes, antes de tomar decisões difíceis. Peguemos o Evangelho e invoquemos o Espírito, dizendo assim: ‘Vinde, Espírito Santo, recordai-me Jesus, iluminai o meu coração’, disse Francisco.

O diálogo inter-religioso hoje é crucial para construir juntos a paz

O Papa Francisco recebeu em audiência, na Sala Clementina, no Vaticano, nesta segunda-feira, os participantes do plenário do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso.

Francisco enfatizou que no dia anterior, Solenidade de Pentecostes, entrou em vigor a Constituição apostólica “Praedicate Evangelium” sobre a Cúria Romana, “e este setor não perdeu nenhuma de sua relevância”, frisou o Papa.

“Pelo contrário”, disse ele, “a globalização e a aceleração das comunicações internacionais tornam o diálogo em geral, e o diálogo inter-religioso, em particular, uma questão crucial”. Francisco manifestou a satisfação pelo tema escolhido, “Diálogo interreligioso e convívio”, “num momento em que toda a Igreja quer crescer na sinodalidade”, tendo como “paradigma da espiritualidade do Concílio” a Parábola do “Bom Samaritano”, segundo a qual “o rosto de Cristo se encontra no rosto de cada ser humano, especialmente do homem e da mulher que sofrem”.

Nesse contexto, o seu Dicastério, “consciente de que o diálogo inter-religioso se concretiza através da ação, do intercâmbio teológico e da experiência espiritual, a sua missão é promover com outros fiéis, de maneira fraterna e convivial, o caminho da busca de Deus; considerando as pessoas de outras religiões não de forma abstrata, mas concreta, com uma história, desejos, feridas e sonhos.

Segundo o Papa, “cada homem e cada mulher é como um pedaço de azulejo de um imenso mosaico, que já é bonito em si mesmo, mas somente junto com outros pedaços compõe uma imagem, no convívio das diferenças”.

Migrantes e refugiados: construamos um futuro inclusivo

“O que significa colocar os mais vulneráveis no centro?” Esta é a pergunta do Papa Francisco no vídeo publicado no âmbito da campanha de comunicação promovida pela Secção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral da Santa Sé, em vista do 108º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado. O evento será celebrado no domingo, 25 de setembro de 2022.

O Papa exorta a construir um futuro inclusivo, um futuro para todos no qual ninguém deve ser excluído, especialmente os mais vulneráveis, incluindo migrantes, refugiados, pessoas deslocadas e vítimas do tráfico. Além disso, o Santo Padre faz a todos uma pergunta direta: O que significa colocar os mais vulneráveis no centro?

Todos estão convidados a responder à pergunta do Papa Francisco enviando a sua própria contribuição, com um pequeno vídeo ou foto, para media@migrants-refugees.va ou respondendo diretamente nas redes sociais da Secção de Migrantes e Refugiados.

Audiência Geral: cuidado com o mito da eterna juventude, rugas são símbolo da vida

O Papa inspirou-se na figura do ancião Nicodemos na catequese desta quarta-feira, dando continuidade ao ciclo sobre a velhice.

Nicodemos é um dos chefes dos Judeus e está entre as pessoas idosas mais relevantes nos Evangelhos. No seu diálogo com o Mestre, manifesta-se o coração da Revelação de Jesus e da sua missão redentora: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16).

Quando Jesus lhe diz que é preciso “nascer do Alto”, Nicodemos apresenta como objeção a velhice. Mas, à luz da palavra de Jesus em resposta a esta objeção, descobrimos que a velhice não é um obstáculo a este novo nascimento, e sim o tempo oportuno para entendê-lo. O “nascimento do Alto”, que nos permite entrar no reino de Deus, é uma nova geração no Espírito.”

Francisco criticou a procura obsessiva da juventude com recursos a inúmeras cirurgias e tratamentos estéticos. O Papa citou uma frase da atriz Anna Magnani, que não queria que as suas rugas fossem tocadas, já que havia levado uma vida inteira para tê-las.

É isto: as rugas são um símbolo da experiência, um símbolo da vida, um símbolo da maturidade, um símbolo do caminho percorrido. Não tocá-las para se tornar jovens, mas jovens no rosto: o que interessa é toda a personalidade, o que interessa é o coração, e o coração permanece com aquela juventude do vinho bom que quanto mais envelhece, melhor fica.”

A velhice é a condição na qual o milagre do “nascimento do alto” pode ser assimilado intimamente e tornar-se sinal de credibilidade para a humanidade.

JM (com recursos jornalísticos do portal noticioso Vatican News)

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09 de Junho de 2022