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Opinião: “Por que não há preces pela chuva?”

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Em tempos não muito recuados era costume, quando não chovia o suficiente, os responsáveis da Igreja católica promoverem preces públicas e privadas em favor da chuva, suplicando esse dom divino – vindo do Alto – para os campos e o necessário à vida em condição terrena.

Agora que o país está em seca extrema – algumas barragens estão a menos de 10% de cota habitual – não vimos o mínimo aceno para esta faculdade de fé seja posta em ato… nada nem nas zonas mais rurais e, segundo se julga, mais crentes nas coisas da natureza…

1. Em anos de grande estiagem – como por exemplo em 2017 ou em 2005 – foram tomadas iniciativas de oração pela chuva, numa súplica muito mais do que mágica para com este dom da natureza. Por que razão não se desenvolveram iniciativas idênticas este ano: por falta de fé ou por medo de cairmos num certo ridículo de elevarmos ao Céu nossos pedidos? Não andaremos mais racionalistas e, por isso, menos voltados para o divino e a confiança n’Ele? Até onde irá este clima de não-crença e de não recorrermos ao Céu para que nos dê a chuva que tanto precisamos?

2. Deixamos uma proposta de oração pela chuva, que nos foi deixada pelo Papa Paulo VI, no Angelus de 4 de julho de 1976.

Deus, nosso Pai, Senhor do Céu e da Terra (Mt 11, 21),
Tu és para nós existência, energia e vida (At 17, 2).
Criaste o homem à Tua imagem (Gn 1, 27-28)
a fim de que com o seu trabalho ele faça frutificar
as riquezas da terra colaborando assim na Tua criação.
Temos consciência da nossa miséria e fraqueza:
nada podemos fazer sem Ti (Jo 15, 5).
Tu, Pai bondoso, que sobre todos fazes brilhar o sol (Mt 5, 45)
e fazes cair a chuva,
tem compaixão de todos os que sofrem severamente
pela seca que nos ameaça nestes dias.
Escuta com bondade as orações que Te são dirigidas
com confiança pela Tua Igreja (Lc 4, 25),
como satisfizeste súplicas do profeta Elias (1 Rs 17, 1)
que intercedia em favor do Teu povo (Tgo 5, 17-18).
Faz cair do céu sobre a terra árida a chuva desejada
a fim de que renasçam os frutos (Tg 5, 18)
e sejam salvos homens e animais (Sl 35, 7).
Que a chuva seja para nós o sinal da Tua graça e da Tua bênção:
assim, reconfortados pela Tua misericórdia (cf. Is 55, 10-11),
dar-te-emos graças por todos os dons da terra e do céu,
com os quais o Teu Espírito satisfaz a nossa sede (Jo 7, 37-38).
Por Jesus Cristo, Teu Filho, que nos revelou o Teu amor,
fonte de água viva, que brota para a vida eterna (Jo 4, 14).
Amen.   

3. Creio que está na hora de deixarmos cair as peias/teias da nossa incredulidade e de nos voltarmos para o Céu. Basta de queremos controlar tudo – incluindo a mãe-Natureza – sem deixarmos uma nesga de fé nas coisas do nosso quotidiano.

Como dizia alguém que participou num tempo de prece pela chuva: rezemos e levemos o guarda-chuva com a mesma fé e confiança…

Padre António Sílvio Couto, pároco da Moita

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01 de Agosto de 2022