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A Palavra do Papa: a porta estreita, o segundo nascimento e a construção da comunidade

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Esta semana o Papa Francisco concluiu as suas catequeses sobre a velhice: “toda a nossa vida se manifesta como uma semente que deverá ser enterrada a fim de que a sua flor e o seu fruto possam nascer”. Enalteceu ainda a riqueza dos ministérios que a Igreja tem aprofundado e que têm como fim último “o bem comum, a construção da comunidade”.

Angelus: a porta estreita de Jesus torna-nos capazes de acolher a verdadeira vida

O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, deste domingo, com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro, recordando a passagem do Evangelho de Lucas da liturgia de domingo, em que alguém pergunta a Jesus: “São poucos aqueles que se salvam?”. E o Senhor responde: “Façam todo o esforço possível para entrar pela porta estreita”.

Segundo o Papa, “a porta estreita é uma imagem que poderia nos assustar, como se a salvação fosse destinada apenas a poucos eleitos ou aos perfeitos. Mas isso contradiz o que Jesus ensinou em muitas ocasiões; e de facto, um pouco mais adiante, Ele afirma: “Muita gente virá do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus.”. Portanto, essa porta é estreita, mas está aberta para todos! Não se esqueçam disso: a todos! A porta está aberta para todos!”

Para entender melhor, é preciso perguntar-se o que é essa porta estreita. Jesus pega a imagem da vida daquela época e provavelmente se refere ao facto de que, ao cair da noite, as portas da cidade eram fechadas e apenas uma, menor e mais estreita, permanecia aberta: para voltar para casa só se podia passar por ali”, sublinhou Francisco. A seguir, o Papa convidou a pensar no que Jesus diz: “Eu sou a porta: Quem entra por mim, será salvo”.

Significa que a medida é Jesus e o seu Evangelho: não o que pensamos, mas o que Ele nos diz. Portanto, trata-se de uma porta estreita não porque seja destinada a poucos, mas porque ser de Jesus significa segui-lo, comprometer a vida no amor, no serviço e no dom de si como Ele fez, que passou pela porta estreita da cruz.

“Irmãos e irmãs, de que lado queremos estar? Preferimos o caminho fácil de pensar apenas em nós mesmos ou da porta estreita do Evangelho, que coloca em crise o nosso egoísmo, mas torna-nos capazes de acolher a verdadeira vida que vem de Deus e nos torna felizes? De que lado estamos?”, perguntou o Papa.

Liturgia: a diversidade de ministérios é uma riqueza

O Papa Francisco enviou uma mensagem aos participantes da 72ª Semana Litúrgica Nacional que teve início na cidade italiana de Salerno, na segunda-feira, e que termina dia 25, sobre o tema “Ministérios ao serviço de uma Igreja Sinodal”.

O tema do encontro “tem um significado especial para a Igreja no momento histórico atual”, e está ligado ao que o Santo Padre “disse na abertura do Sínodo sobre a sinodalidade”. Ele exortou-nos a viver o itinerário do Sínodo, a tornar-nos “especialistas na arte do encontro, a nos encontrar face a face, a nos deixar ser tocados pelas perguntas dos nossas irmãs e irmãos, e a ajudar-nos a fim de que a diversidade de carismas, vocações e ministérios nos enriqueça”.

Estou entre vocês como aquele que serve”, diz o Senhor: este é o modelo que deve inspirar todo ministério na Igreja. A partir desta lição evangélica o ministério da Igreja é continuamente renovado, para que cada um possa viver na autenticidade da fé e serviço o papel que, em virtude do batismo e dos dons do Espírito, é chamado a desempenhar.”

Segundo a mensagem do Papa, “a visão da Igreja como um mistério da comunhão e uma consideração mais sensível da presença e ação do Espírito Santo contribuíram para evidenciar o papel dos leigos na comunidade eclesial. Trata-se de promover nos fiéis leigos uma consciência mais clara da sua vocação, que se expressa numa pluralidade de tarefas e serviços para a edificação de todo o povo cristão”.

Audiência Geral: a sabedoria da velhice ilumina a vida das crianças, dos jovens, dos adultos, de toda a comunidade

“As dores da criação. A história da criatura como mistério da gestação” foi o tema da última catequese do Papa Francisco sobre a velhice na Audiência Geral, desta quarta-feira, realizada na Sala Paulo VI.

Francisco explícita a relação da morte com a ressurreição do Filho, que abre a todos nós o caminho da geração à vida”. “O Senhor ressuscitado é aquele que ressuscitou primeiro. Está em primeiro lugar. Depois, iremos nós. O nosso destino é ressurgir”, frisou o Pontífice.

“Poderíamos dizer, segundo as palavras de Jesus a Nicodemos, que é um pouco como um segundo nascimento”, disse Francisco, acrescentando:

Se o primeiro foi um nascimento na terra, o segundo é o nascimento no céu. Não é por acaso que o Apóstolo Paulo, no texto lido no início, fala de dores de parto. Do mesmo modo que, quando saímos do ventre da nossa mãe, somos sempre nós, o mesmo ser humano que estava no ventre, assim, após a morte, nascemos no céu, no espaço de Deus, e ainda somos os mesmos que caminhávamos nesta terra.”

Segundo o Pontífice, isto é o que nos diz “a experiência dos discípulos, aos quais Ele aparece durante quarenta dias após a ressurreição: “aos seus amigos prometeu: «E quando Eu tiver ido e vos tiver preparado um lugar, virei outra vez e levar-vos-ei comigo para que onde Eu estiver, estejais vós também». E Ele virá, não só virá no final para todos, ele virá todas as vezes para cada um de nós. Ele virá nos procurar para nos levar até Ele. Nesse sentido, a morte é um passo para o encontro com Jesus, que está à minha espera para me levar até Ele”, disse ainda Francisco.

Na velhice, “o essencial da vida, que nos é mais caro quando nos aproximamos do nosso adeus, torna-se definitivamente claro para nós. Eis, pois, que esta sabedoria da velhice é o lugar da nossa gestação, que ilumina a vida das crianças, dos jovens, dos adultos, de toda a comunidade. Toda a nossa vida se manifesta como uma semente que deverá ser enterrada a fim de que a sua flor e o seu fruto possam nascer”.

“Queridos irmãos e irmãs, especialmente os idosos, o melhor da vida ainda deve vir. Que a Mãe do Senhor e nossa Mãe, que nos precedeu no Paraíso, nos restitua a trepidação da expectativa, para que não seja uma expectativa anestesiada, não seja uma expectativa entediada, mas uma expectativa com trepidação”, disse ainda o Papa. Ter um pouco de medo é normal, “pois não sabemos o que significa essa passagem significa e passar por aquela porta dá um pouco de medo, mas há sempre a mão do Senhor que nos leva para frente e depois de passar pela porta há festa”, concluiu.

“Renovo o meu convite para implorar a paz do Senhor para o amado povo ucraniano que sofre o horror da guerra há seis meses”: palavras do Papa Francisco na conclusão da Audiência Geral. O Santo Padre fez votos de que sejam tomadas medidas concretas para acabar com a guerra e evitar o risco de um desastre nuclear em Zaporizhzhia.

Os ministérios na Igreja, o Papa inicia um diálogo com os bispos

Cinquenta anos se passaram desde o motu proprio de Paulo VI “Ministeria quaedam” que reformou as ordens menores e instituiu os ministérios laicais. O Papa Francisco celebrou a ocasião com uma mensagem assinada a 15 de agosto, divulgada esta quarta-feira.

Anuncia que quer iniciar um diálogo com as conferências episcopais de todo o mundo “a fim de partilhar a riqueza das experiências ministeriais que nesses cinquenta anos a Igreja viveu tanto como ministérios instituídos (leitores, acólitos e, só recentemente, catequistas) quanto como ministérios extraordinários e de facto”. O objetivo, explica o Pontífice, é “o de ouvir a voz do Espírito e não deter o processo, tendo cuidado para não querer forçá-lo impondo escolhas que são o fruto de visões ideológicas”.

Francisco na mensagem lembra que o motu proprio de Paulo VI não só renovou a disciplina das ordens menores e do subdiaconato, “mas ofereceu à Igreja uma perspetiva importante que teve a força de inspirar novos desenvolvimentos”.

Explica que “o tema é de fundamental importância para a vida da Igreja: na verdade, não existe comunidade cristã que não expresse ministérios”, como mostram as Cartas de São Paulo, onde “é descrita uma ministerialidade generalizada, organizada com base em dois fundamentos certos: na origem de cada ministério há sempre Deus que com seu Espírito Santo trabalha tudo em todos” e “a finalidade de cada ministério é sempre o bem comum, a construção da comunidade”.

O pontífice na mensagem lembra que “a eclesiologia de comunhão, a sacramentalidade da Igreja, a complementaridade do sacerdócio comum e o sacerdócio ministerial, a visibilidade litúrgica de cada ministério são os princípios doutrinais que, animados pela ação do Espírito, tornam a variedade de ministérios harmoniosa”.

JM (com recursos Vatican News)

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25 de Agosto de 2022