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Juventude: Peregrinação Europeia – “Uma aventura em Santiago de Compostela”

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O movimento dos Focolares da Diocese de Setúbal participou na Peregrinação Europeia de Jovens, em Santiago de Compostela, no passado mês de agosto. No seguimento dessa participação, o Departamento de Juventude diocesano traz-nos uma partilha de dois jovens.


Olá! Somos a Mariana e o Diogo, dois jovens do Movimento dos Focolares, e gostaríamos de vos contar um pouco sobre a extraordinária aventura que vivemos no início do passado agosto: a Peregrinação Europeia de Jovens (PEJ). 

A Peregrinação Europeia de Jovens decorreu no contexto do Xacobeo, o Ano Santo Jacobeu, que foi prorrogado até final de 2022, pelo Papa Francisco, por causa da pandemia de Covid-19. O ano santo de Compostela, ano jacobeu ou jubilar, é celebrado desde o século XII, quando o dia 25 de Julho, festa de São Tiago, coincide com um domingo. 

A 29 de julho, encontrámo-nos com outros jovens do Movimento dos Focolares em Ribadavia, Espanha, e demos início à primeira etapa da aventura: o Caminho. 

O Caminho 

De Ribadavia a Santiago são cinco dias de caminho (cerca de 120km). Levantávamo-nos às 5h da manhã todos os dias para caminhar. Passámos por bosques densos sob o sol intenso de agosto, demos mergulhos refrescantes em rios próximos e tentámos viver o momento presente ao máximo. Tudo isto ao som da natureza e, por vezes, dos mega-êxitos da música na coluna portátil da Mariana! Quando chegávamos aos locais de descanso (i.e., pavilhões desportivos), dividíamos as tarefas – preparar os lanches do dia seguinte, fazer o jantar, lavar a louça – por equipas e dormíamos as poucas horas que restavam até o alarme das 5h soar outra vez. 

Para além da logística material, delineámos também um itinerário espiritual. Anexámos algumas experiências de Chiara Lubich em formato de podcast e ouvíamo-las todas as manhãs como tópicos para refletir durante o dia. 

Ao longo do Caminho, fomos também conhecendo os outros grupos de peregrinos que nos acompanhavam através de gestos de entreajuda concreta – partilha de alimentos, pequenos auxílios de enfermagem, suporte àqueles que se tinham perdido, celebrações da Eucaristia em conjunto – e, pouco a pouco, criámos entre nós o tipo de amizade que dura para sempre. 

Como já devem ter percebido, o Caminho é uma bela metáfora para a vida. Passámos por bastantes momentos de incerteza e dúvida, partilhámos dores e preocupações e experimentámos a alegria da entreajuda e a de conhecer profundamente o outro. E, por causa de tudo isto, estabeleceu-se uma verdadeira comunidade entre todos nós. A meio da manhã do quinto dia, Santiago de Compostela já se encontrava à vista. Já todos estavam bastante cansados e com os pés numa confusão de bolhas rebentadas (lembro-me de ver a Mariana a coxear e a conter o sofrimento de uma bolha particularmente horrível). Mas, ao ver a catedral, sentimos um novo pico de energia e caminhámos os últimos metros com um sorriso na cara, com a bandeira de Portugal hasteada bem alta e a cantar o hino nacional. 

A Peregrinação Europeia dos Jovens

Depois da fotografia obrigatória na catedral e de um almoço ainda mais obrigatório no McDonald’s, perguntaram-nos se gostaríamos de carregar a cruz das Jornadas na cerimónia de abertura. Aceitámos com todo o gosto; o Diogo foi o nosso representante e até ficou emocionado com a possibilidade de fazer este gesto. Ele e mais dez jovens de várias dioceses e movimentos de Portugal, dirigiram-se à catedral onde se encontrava a cruz e puseram-se a postos, cada um a carregar o seu pedacinho de cruz. Quando lhes deram o sinal, avançaram e carregaram-na pela escadaria da catedral. No entanto, não levaram a cruz sozinhos. Foram acompanhados pelas vozes de dez mil jovens que partilhavam os nossos valores e que juntos também queriam construir o paraíso na Terra, o que nos ajudou a levar a cruz – as nossas responsabilidades – com um pouco mais de alegria e força. Chegámos à plataforma, assentámos a cruz e demos início à PEJ. 

Durante os próximos cinco dias, participámos em catequeses, frequentámos workshops sobre temas atuais, fomos a concertos e testemunhámos a mais bela das vigílias. Tudo isto contribuiu para aprofundarmos a nossa fé e pensar nela com olhos novos. Podemos dar-vos um exemplo: Um dos workshops que mais gostámos chamava-se “Cristãos Intelectuais” e abordava a forma como pensamos, intelectualmente, sobre a nossa fé. De uma forma geral, quando vamos para a universidade, por exemplo, abordamos a nossa área de estudo com bastante rigor intelectual; pensamos com espírito crítico e bastante profundamente. Por outro lado, a fé de muitos nós, do ponto de vista intelectual, permanece ao nível daquilo que aprendemos na catequese. Ora, o locutor deste workshop sugere que não sejamos intelectuais e cristãos, mas sim que sejamos cristãos intelectuais. Ou seja, que peguemos no pensamento crítico e o apliquemos, não só aos nossos estudos, mas também à nossa fé. 

Outro aspeto importante da PEJ foi a celebração diária da Eucaristia. Todos os dias, um bispo português presidia à missa. Escutámos a homilias alegres de D. Américo Aguiar, a catequeses profundas de D. Joaquim Mendes e, inclusive, tivemos a oportunidade de animar uma das missas. Escusado será dizer que todos ficaram rendidos às canções dos Focolares! 

À medida que os dias foram passando, sentimos que os relacionamentos entre nós, com os outros e com Deus foram crescendo em profundidade. A fraternidade e Jesus no meio eram um sinal forte entre todos. 

Regresso 

No último dia desta aventura, levantámo-nos cedinho e fomos de autocarro ao Monte do Gozo, onde tinha sido a vigília na noite anterior, para celebrarmos missa e assistirmos à cerimónia de fecho da PEJ. Agradecemos a Deus estes dias fantásticos e luminosos, cantámos uma última vez o hino do evento e demos aos nossos companheiros de viagem o que, para muitos, seria o último abraço que iríamos partilhar no futuro previsível. 

Na viagem de regresso, fomos imediatamente inundados por uma avalanche de memórias e saudades que nos deixaram felizes e melancólicos. Foi uma experiência que fica para a vida. 

Uma experiência que nos permitiu crescer na nossa fé e aprender a amar mais concretamente o próximo. 

Agora, regressamos ao nosso dia-a-dia com esta riqueza a correr no coração e queremos ser testemunhas de Cristo, como propunha o lema da PEJ. Sabemos que nos espera um ano especial com a Jornadas Mundiais da Juventude aqui em Lisboa e queremos estar ao lado de todos os jovens do mundo e do Papa Francisco a construir essa realidade. Rumo às JMJ! 

Mariana e Diogo 

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21 de Setembro de 2022