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Liturgia Diária: Terça-feira da XI Semana do Tempo Comum – “Amai os vossos inimigos” (Mt 5, 43-48)

Igreja em Rede - formato diocese

Liturgia de Terça-feira da XI Semana do Tempo Comum

Comentário à liturgia de hoje pelo Padre Clemilson Silva, Pároco “in solidum” de Corroios e Vale de Milhaços

“E se saudardes apenas os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos?

Quanto custa a caridade? Aquilo que eu faço para o outro posso dizer que é caridade? A um preço? Pode se calcular? Filantropia ou caridade, eis a questão! Tempos em que tanto se prega: “seja um agente de saúde pública”, esta frase vem seguida de um discurso cuja imagem subliminar cria uma “bolha desinfetante” com todo o aparato tecnológico e de produtos desinfetantes com um discurso de qualidade de vida!

Caso o ordenado lhe caia todos os meses na conta bancária e caso esteja nesta “bolha desinfetante”, vou dar-lhe uma notícia: não faz parte da maioria das famílias de trabalhadores deste país que tem que enfrentar os transportes público lotados ou escassos todos os dias para dar de comer aos filhos e por isso não se podem dar ao luxo de ter uma bolha desinfetante.

Quanto custa a sua caridade? Para muitos, o preço é a visibilidade de seus atos: fotos nas redes sociais, uma reportagem no telejornal ou no jornal impresso cheio de apelos emocionais que nos mostram como são pessoas caridosas.

Nosso Senhor pergunta-nos: “que faz de extraordinário?” Sou capaz de refletir à luz do evangelho todos os discursos? Ou simplesmente reproduzo a ótica mundana sem fazer uma análise crítica? Pois de tempos em tempos a humanidade passa por crises: esta não é a primeira.

Eu poderia abordar os grandes temas da filosofia no campo da ética: Platão, Aristóteles, Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, etc., mas não! Quero tratar da pequena ética, conhecida como etiqueta: há quem pense que etiqueta é simplesmente o modo de manusear talheres, pratos, mas não é disso que se trata! A palavra etiqueta tem mais a ver com a forma como eu trato a pessoa que me serve na farmácia, no mercado, no restaurante, nos hospitais etc.

Constantemente ouvimos dizer: “as pessoas da igreja são as piores”. Não que as pessoas que não vão à igreja não façam igual. Mas, como diziam as nossas mães, “você não é todo mundo”, penso que era isto que nosso Senhor queria nos dizer: que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos?

Nosso Senhor questiona aqueles que o querem seguir, pois o seguimento é uma escolha livre e gratuita. O amor em Cristo é uma doação capaz de trazer dignidade a todas as esferas da sociedade. Não falamos de valores quando o assunto é a vida humana.

Nosso Senhor Jesus Cristo faz o apelo: “sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito”. E a perfeição de Deus dá-se na gratuidade: “faz nascer o sol sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos” Mt 5, 45.

Padre Clemilson Silva

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16 de Junho de 2020