No dia 01 de Novembro de 1976, D. Manuel Martins, 1.º Bispo de Setúbal, assinou o Decreto de constituição da Cáritas Diocesana.
Uma iniciativa que tinha de ser tomada, é certo, mas o dia escolhido reveste-se de um simbolismo particular para a Igreja, que, liturgicamente, recorda “Todos os Santos”, para poder, assim, incluir todos os que não chegaram aos altares, mas que Deus conhece bem as suas virtudes de santidade.
Para se alcançar a santidade pode ter-se praticado várias virtudes, mas a fundamental é a da Caridade, ou seja, ter vivido, amando até doer, como bem disse a Santa Madre Teresa de Calcutá.
Esta realidade é muito clara na Palavra de Deus revelada nas Sagradas Escrituras. Por exemplo, S. Paulo diz que “se não tiver caridade nada sou” (Cfr 1Cor, 13,3) e S. Tiago lança um repto muito interpelante ao afirmar: “mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras (…) a fé sem obras é morta” (Cfr Tg 2, 18; 20).
A Cáritas Diocesana é uma das páginas bonitas da história da diocese, de todas as dioceses. Ela surge, oficialmente, como uma instância ao serviço do Seu Bispo para o exercício organizado da caridade, e testemunha do Evangelho, na opção preferencial pelos mais pobres.
É dever recordar os seus primeiros presidentes, Pe. Camilo Martins, Pe José Gusmão e depois, Eugénio Fonseca.
Cada um no seu tempo, com a sua forma de estar e de testemunhar as Bem-Aventuranças do Reino, contando sempre com dedicados colaboradores, assalariados e voluntários, através de iniciativas em favor dos “chagados” deste mundo pelas injustiças e egoísmos vários, fizeram crescer a Cáritas em dimensão e auxílio; Deus os abençoe e ao Pe Camilo lhe tenha concedido já a “coroa da glória eterna”.
É de referir também a importância que os últimos Papas têm dado à necessidade de uma vivência comprometida da Caridade, a nível pessoal e comunitário, colocando, nesta última dimensão a prática organizada da Caridade. O Papa Emérito Bento XVI, foi um dos peremptórios sobre esta imperiosa tarefa pastoral ao decidir que a sua primeira Encíclica, Deus Caritas Est, versasse esta temática da Caridade. Mais tarde, a Encíclica Caridade na Verdade, vem dar uma dimensão mais exigente ao amor, colocando-o no cerne da transformação social e até económica. Por fim, a Carta Apostólica sob a forma de Motu Próprio, Intima Ecclesia Natura, sobre o serviço da Caridade, que define o papel central da Cáritas na Igreja.
A Igreja tem uma Doutrina Social, que emana do Evangelho e orienta a sua ação social, entre outras, sendo que esta se exerce organizada e estruturada de diferentes formas e com vários carismas em toda a Diocese, através das Paróquias, mas sempre com um elo comum; “Dar testemunho de Jesus Cristo”.
Hoje, quando olhamos para a dimensão material da nossa Cáritas Diocesana, com os seus equipamentos, valências e respostas sociais, não podemos ficar indiferentes e deixar de pensar, também, no que tem sido a sua intervenção na ajuda e promoção de todo(a)s e de cada um(a), na defesa e respeito da dignidade de cada um(a).
Afinal, não nascemos todos livres e iguais em direitos e deveres? Não somos feitos à imagem e semelhança de Deus?
Parabéns Cáritas Diocesana de Setúbal pelos 41 anos, pelo trabalho realizado ao serviço dos mais pobres, pelo testemunho do Evangelho, pela defesa e promoção da pessoa humana, pela capacidade de ajudar a levar o serviço da caridade organizada a toda a diocese, por cuidar também da “formação do coração”, porque não basta ter bom coração e ser tecnicamente competente.
A todo(a)s quanto(a)s, de forma remunerada ou voluntária, dirigiram, trabalharam e de qualquer forma colaboraram e colaboram com a Cáritas, sem esquecer os que lhe prestam o seu apoio material numa atitude de partilha fraterna de bens. Bem hajam!
Eng. Domingos de Sousa, Presidente da Cáritas Diocesana de Setúbal