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Discussões (quase) inúteis

Autoestrada

Não devemos brincar com coisas sérias mas faz rir o pobre cidadão toda a discussão que por aí vai sobre as “scuts”. A questão é esta: “Devem ou não as “scuts” estarem sujeitas a pagamento?” Quem não tem uma noção do que são “scuts” poderá pensar que são maçãs ou qualquer outro fruto ou um produto desconhecido de que se deve ter ou não um preço de compra. Ou será um espectáculo em que se pergunta se a entrada é paga ou é gratuita?

 

 

Não devemos brincar com coisas sérias mas faz rir o pobre cidadão toda a discussão que por aí vai sobre as “scuts”. A questão é esta: “Devem ou não as “scuts” estarem sujeitas a pagamento?” Quem não tem uma noção do que são “scuts” poderá pensar que são maçãs ou qualquer outro fruto ou um produto desconhecido de que se deve ter ou não um preço de compra. Ou será um espectáculo em que se pergunta se a entrada é paga ou é gratuita? Ou qualquer outra coisa que os políticos discutem se tem valor ou não? Portanto o primeiro ponto a saber está nisto: o que são “scuts”? Não tem nada de especial: são estradas com portagens virtuais. As auto-estradas ou têm portagens ou não têm, isto é, quem passa por elas tem de pagar no fim uma taxa ou passa livremente sem pagar o que quer que seja a não ser a gasolina ou o gasóleo consumidos. Ora uma “scut”, invenção do governo português há 13 anos (sempre fomos bons inventores, neste caso foi um ministro chamado “Cravinho”, porque os cravos grandes e vermelhos já tinham sido criados em 1974), é um termo que designa uma auto-estrada que tem e não tem ao mesmo tempo portagens. São as chamadas “portagens virtuais” quer dizer, que ninguém vê mas elas estão lá. São portagens invisíveis, se assim quisermos, embora não se perceba muito bem para que servem essas portagens para o transeunte, único interessado nas cabines verdes que se atravessam no caminho. Pergunta-se com razão: porque diabo deram a esses caminhos de asfalto um nome tão esquisito que soa a estrangeiro quando a invenção é nossa, bem portuguesa – SCUT? Os dicionários, portugueses ou estrangeiros não têm esse vocábulo, ignoram-no, o que é espantoso porque todos os jornais, televisões, rádios e as bocas no Parlamento parecem só conhecer esse termo nas discussões que não têm fim. Pensei: vou à internet. Lá sim, encontrei o termo SCUT e o seu significado. Desde já digo que não tem nada a ver com escuteiros nem é uma forma reduzida do conhecido aviso “escute, pare, olhe”, que já não serve para nada pois hoje é “sempre em frente”. Nada disso, todos andamos pelo frio. O verdadeiro significado é (não riam): “sem custo para os utilizadores”. Todos toscam? “Sem Custo para os Utilizadores”. Vejamos bem: quem utiliza não tem custos. Então tudo devia ser SCUT: os transportes, os supermercados, os bancos, os restaurantes, os medicamentos, tudo isso deveria ter o nome de SCUT.

Agora os partidos discutem se os utilizadores destas auto-estradas devem ou não pagar portagem, ou seja, ter ou não custos. Ora, respeitando o nome simpático inventado pelo Cravinho a resposta é clara: sem custos evidentemente. De outro modo terão mesmo que mudar o nome dessas estradas. Talvez “CUECAS” iniciais de “CUstos E CAluda para todoS. Fica só uma dúvida: afinal quem esteve a pagar as portagens virtuais até agora, se não foram os utilizadores? Afinal, talvez tivéssemos sido todos nós…

 

P. Manuel Soares

 

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12 de Julho de 2010