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Diaconia

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As palavras antigas também têm modas e tempos. Não são só as novidades que são apelativas.
De vez em quando alguém descobre uma palavra fora do comum e decide usá-la visando demonstrar a sua sapiência, conhecimento ou literacia, sendo logo seguido por outros.

 

 

Já aconteceu com «idiossincrasia» ou «meridianamente» e agora encontramos em diversos textos desde o social, ao político, ao económico ou mesmo ao desportivo a palavra «diaconia».

Nas últimas semanas leu-se que determinada figura pública participou numa campanha de apoio a toxicodependentes num espírito de autêntica diaconia, que a crise económica começa pela ausência de noção de diaconia por parte dos políticos, ou mesmo que o futebolista fulano tal jogou de forma altruísta mostrando que encara a missão na equipa como uma verdadeira diaconia.

Não devemos desesperar, isto passa. Mas como não estamos imunes aos tempos, debrucemo-nos então sobre a tal “Diaconia”, aproveitando não só a moda como a ordenação dos três novos Diáconos diocesanos.

A moda linguística passará dentro em pouco e o termo “Diaconia” voltará para os arquivos da memória onde durante anos, décadas ou mesmo séculos esteve envolto em teias de aranha e pó. Contudo, os Diáconos, ainda que não permanentes, continuarão perenes na diaconia, ao serviço aos outros, à abnegação, não só enquanto permanecerem neste grau inicial da Ordem, mas mesmo quando atingirem o Presbitério para onde caminham firmemente.

E esta é a verdadeira diaconia. Não é a retórica ou semântica mas a real, a palpável a credível. Não se compadece com modas ou vontades, não se subjuga a figuras de estilo nem procura o estrelato ou a visibilidade.

Foi este o serviço a que foram chamados estes três jovens. E se já é extraordinário serem chamados por Deus, é miraculoso que tenham dito “sim”. Nos tempos que temos, no mundo que corre, eles pararam e abdicaram de correr para abraçar o serviço aos outros e o amor a Deus.

São três futuros sacerdotes que servirão comunidades e também servirão Agrupamentos de escuteiros, como aliás já têm feito enquanto seminaristas. Recorde-se que o Daniel Nascimento foi já investido dirigente do CNE e que os dois outros (Daniel Miguel e Leonel Neves) são cipistas e portanto, antes de virem a ser padres, provavelmente serão investidos dirigentes e assim servirão a Deus, à igreja e à Pátria nos irmãos mais novos, como pede a promessa de dirigente.

É uma efectiva graça – era bom que realmente reconhecêssemos as graças que nos são dadas – que em tempos em que todos querem ser sevidos, haja quem pare e simplesmente se proponha a Servir para a vida inteira. Passará a moda da palavra mas ficará sempre o testemunho da vida.

 

Rui Pinto Gonçalves

Chefe Regional

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17 de Dezembro de 2010