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Educar para a Vida

CNE

A Organização Mundial do Movimento Escutista (WOSM) elegeu como “causa” para o Movimento o lema “Education for Life” / Educar para a Vida. Este mesmo tema – Educar para a Vida – foi escolhido para o XXII Acampamento Nacional do CNE, que se vai realizar em Agosto de 2012, em Idanha-a-Nova. A apropriação deste tema pelo Corpo Nacional de Escutas obriga-nos a (re)pensar o seu significado.

Não sendo uma organização cristã, embora acolha todas as associações escutistas confessionais, a WOSM, na identificação deste tema, preocupa-se com a educação dos escuteiros para o exercício pleno da cidadania. Elege, assim, como metas educativas o desenvolvimento da solidariedade, do respeito pelo outro, o desenvolvimento da saúde, o desenvolvimento afectivo, o desenvolvimento do carácter, bem como o desenvolvimento intelectual e da criatividade. Estas áreas de desenvolvimento relacionam-se, de forma clara, com as “inteligências” que hoje se exigem de um adulto para um perfil de integração e participação conscientes e activos na sociedade. Educar para a Vida poderia, assim, ser entendido como o desenvolvimento de um conjunto de competências essenciais para uma vivência adulta na Sociedade.

O Corpo Nacional de Escutas tem de pegar neste tema e levá-lo mais além. Ao afirmarmo-nos Escutismo Católico, e ao abraçarmos o tema “Educar para a Vida”, que desafio encontramos? Foi Jesus quem disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.” É, portanto, fácil encontrar a resposta ao desafio. Ao Educar para a Vida, o CNE propõe-se educar para Cristo. Por outras palavras, na definição do perfil de saída do percurso educativo que propomos, encontram-se as características que esperamos de um jovem adulto, não apenas à luz dos requisitos exigidos para o exercício de uma cidadania activa e consciente, mas, sobretudo, à luz dos valores do Evangelho. O Caminheiro tem como ideal a renovação proposta por São Paulo. Queremos formar Homens Novos.

Esta missão não é isenta de consequências. Ao fazermos Escutismo Católico, estamos, necessariamente, a afirmar que queremos uma educação que se identifica com os desígnios gerais do Escutismo, tal como prescrito pela WOSM, mas queremos enriquecê-la através dos Valores Católicos. Estamos, assim, a Educar para a Vida, mas Vida em Cristo. Torna-se, então, relevante definir o perfil do que se entende por Valores do Escuteiro Católico, que enriquecem os Valores do Escuteiro e complementam os Valores do Católico. O Escuteiro Católico bem formado é o que assume os Valores do Escutismo, através de uma vivência de valores humanos transversais a várias culturas e religiões, mas que o faz porque assumiu que há Valores superiores que enformam e preenchem os valores humanos. O Escuteiro Católico, porque é católico, sabe que a vivência dos valores humanos só ganha sentido quando se percebe que a Vida é o valor mais rico e que a cidadania implica tomadas de opções, servindo a sua Fé como bússola orientadora dos caminhos a escolher.

Nem sempre é fácil sermos vistos desta forma. Em várias cerimónias em que tenho participado, ouço autarcas e outros convidados a elogiar os agrupamentos pelo trabalho formativo que fazem pelos jovens, formando-os para causas como o ambiente ou a solidariedade. Penso, por vezes, se não vêem que a causa não é essa, mas sim a Vida em sentido pleno, ou se seremos nós que, por vezes, não tornamos essa causa evidente na nossa actividade… O desafio de Educar para a Vida é, para nós, Dirigentes, o desafio de preencher com sentido o caminho que trilhamos, tornando-o óbvio para nós e para os nossos Jovens.

 

João Costa (Chefe Regional)

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12 de Dezembro de 2011