Liturgia da Solenidade de S. José
Comentário do padre José Pinheiro, Pároco da Cova da Piedade
Em pleno Tempo Quaresmal a Igreja celebra hoje a Solenidade de São José, homem escolhido por Deus para ser o esposo da Virgem Maria e o pai adotivo de Jesus Cristo.
Neste dia do Pai em que agradecemos a Deus os nossos pais, ao refletirmos sobre a vida de São José somos imediatamente confrontados com a radicalidade do mistério pascal já anunciado em vários acontecimentos decisivos na existência do Santo Patriarca.
Na primeira leitura o profeta Natã anuncia ao Rei David a promessa de Deus de uma longa e estável descendência no trono de Judá. De facto, David tinha decidido construir uma casa digna para abrigar a Arca da Aliança que substituísse o modesto tabernáculo feito de cortinados. Mas a casa (Templo) que irá surgir como cumprimento da promessa será construído pelo próprio Deus, não será um edifício de pedra, mas um novo Povo que permanecerá eternamente, fruto de uma nova Aliança selada com o sangue de Jesus: o Messias, o próprio Deus, descendente de David, filho de José – o último elo da genealogia davídica.
A vida de São José é um caminho de entrega: cada momento, cada passo, constitui para José uma prova à obediência à Palavra de Deus. José fez a experiência do deserto onde foi duramente tentado e venceu, como nos revela o episódio do Evangelho de hoje. José recebe a grave missão de constituir e proteger a Sagrada Família, ou seja, fundar uma “nova casa”, isto é, um tempo e um espaço, capaz de escutar e acolher a encarnação da Palavra de Deus, o Verbo, Jesus Cristo. Não nos esqueçamos que foi a “escola de José” que marcou estruturalmente a sensibilidade e a educação de Jesus, como verdadeiro homem, capaz de acolher o Espírito Santo, como verdadeiro Deus. Foi no seio da família de Nazaré que Jesus aprendeu a rezar, a obedecer, a ser casto e a amar a pobreza.
Neste tempo de pandemia, cheio de novas e inesperadas provações somos desafiados a seguir o exemplo de fidelidade de São José, que foi capaz de transformar obstáculos e dificuldades em oportunidades para se unir cada vez mais a Jesus e à sua Mãe. Obrigados a permanecer em casa acompanhados com a nossa família, ou na solidão, precisamos de converter as nossas prioridades e sobretudo garantir que há tempo e espaço para fazermos, em família, este caminho pascal a que Deus nos chama, à semelhança de São José.
Faz hoje sete anos que o Papa Francisco celebrou a Missa de início do seu pontificado, a 19 de março de 2013. Na audiência geral da passada quarta-feira o Papa Francisco, grande devoto de São José, afirmava: «Na vida, no trabalho, na família, na alegria e na dor São José sempre procurou e amou o Senhor, merecendo nas Escrituras o reconhecimento de homem justo e sábio. Invoquem-no sempre, especialmente nos momentos difíceis e confiem a vossa vida a este grande Santo».
Nesta hora de grande aflição confiemos Portugal e mundo inteiro a São José:
«Ó Deus, cuja inegável providência se dignou escolher o bem-aventurado São José para esposo de Vossa Mãe Santíssima, fazei que, venerando-o como protetor na terra, mereçamos tê-lo como nosso intercessor no Céu. Vós que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo. Ámen.
Padre José Pinheiro, Pároco da Cova da Piedade
