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Liturgia de Quinta-feira da XIV Semana do Tempo Comum – “Recebestes de graça; dai de graça.” (Mt 10, 7-15)

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Liturgia de Quinta-feira da XIV Semana do Tempo Comum

Comentário à liturgia de hoje pelo Padre António Sérgio, Pároco da Aldeia de Paio Pires

Tal como qualquer um de nós faz de vez em quando, Deus pensa na vida em voz alta, fala com os “seus botões” acerca de ser e agir enquanto Deus-e-Pai, aquilo que tem feito como esforço paterno para criar e educar (trazia nos braços e ensinava Efraim). Este miúdo cresceu e tornou-se rebelde, a fazer asneiras, a andar com más companhias, ao ponto de desprezar o próprio Pai. Ai que grande tareia que merece! – Como pensaram muito mais tarde os discípulos de Jesus: queres que mandemos vir fogo do céu? (Lc 9, 54).

Mas “Eu sou Deus e não homem”.

Deus “reflecte” em quem É e no modo próprio de actuar com os homens. Enquanto Deus, age de modo oposto aos humanos: “Não cederei ao ardor da minha ira”. Ele é Santo que ama e constrói, traz ao colo e alimenta. Ele mostra o seu rosto e salva (Sl).

Com total confiança no nosso Deus/Pai dependemos da Sua graça. Por isso, não dependemos das coisas materiais para anunciar o Reino dos Céus. Se os Apóstolos fizessem tantas reuniões prévias como acontece actualmente em diversas estruturas da sociedade, teriam tido tempo para sair de casa sequer? E São Paulo teria feito tantas viagens?

Jesus diz para sermos despojados no sentido de não estarmos “agarrados” a bens que nos impeçam a evangelização; para não sujeitarmos falar d’Ele sob qualquer condicionamento ou entrave. O mesmo é dizer para termos total liberdade de anúncio. Nem a falta de atenção da parte dos nossos interlocutores será obstáculo que nos deixe paralisados; segue-se em frente. E porque somos impelidos pelo seu Amor, alguém nos ouvirá, alguém acolherá Deus no seu coração.

A falta de confiança e de fé tem-se traduzido na falta de vocações. Num mundo materialista que é má influência para os cristãos, tem-se passado aos jovens uma péssima mensagem de que necessitam de “tratar da cozinha” (como Marta estava presa à sua) para irem além. A melhor parte (a de Maria) que foi recebida de graça parece precisar de recompensa em lugar de ser dada também “sem esperar outra recompensa senão saber que faço a Vossa vontade santa” (da Oração do Escuta).

A vida é dom dado de graça. Por que não oferecê-la gratuitamente a Deus no Ministério ordenado, no dom total da vida diária? Afinal o trabalhador tem o seu sustento garantido por direito! Alguém tem dúvidas?

Quem quiser seguir-Me tome a sua cruz e siga-Me; salvará a sua vida. Mas não passará sem ter salvo umas quantas outras vidas. E todos nos veremos no Céu.

Padre António Sérgio

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09 de Julho de 2020