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A Palavra do Papa: o reencontro, a solidariedade e o tempo da criação

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Esta semana o Papa apelou à solidariedade entre pessoas e povos como forma de superar a crise provocada pela pandemia e pelos flagelos ambientais que persistem, deitando por terra egoísmos e “apoiando processos de crescimento verdadeiramente humanos e sólidos”.

Sair da crise? “Solidariedade” é o caminho

Esta quarta-feira, o Papa reencontrou-se pela primeira vez com os fiéis desde fevereiro. A audiência pública desta semana decorreu no Pátio São Dâmaso do Palácio Apostólico no Vaticano, com cerca de quinhentas pessoas.

Sob aplauso dos presentes, Francisco confessou a alegria pelo reencontro com os fiéis. “Depois de tantos meses retomamos o nosso encontro face a face, e não “tela a tela”, mas face a face”, disse o Papa com alegria ao iniciar a sua catequese, intitulada “A solidariedade e a virtude da fé”, da série de catequeses “Curar o mundo”, dedicada à pandemia.

“A atual pandemia – começou por dizer o Santo Padre – pôs em evidência a nossa interdependência: estamos todos ligados uns aos outros, tanto no mal como no bem” pelo que a única forma de sairmos da crise é fazê-lo juntos, não sozinhos, “em solidariedade”.

Sobre a palavra “solidariedade”, o Papa Francisco explicou que esta “significa muito mais do que atos esporádicos de generosidade”. A solidariedade pensa em comunidade, prioriza a vida de todos, não dá espaço a egoísmos.

Se guiada pela fé, “permite-nos traduzir o amor de Deus na nossa cultura globalizada, não construindo torres ou muros que dividem e depois desabam, mas tecendo comunidades e apoiando processos de crescimento verdadeiramente humanos e sólidos.”

Segundo o Sumo Pontífice, “o Senhor convida-nos a criar raízes no evento de Pentecostes”, no qual “Deus se faz presente com a força do seu Espírito Santo, que inspira a fé da comunidade na unidade, na diversidade e na solidariedade” que cria harmonia e que possui os “anticorpos para que a singularidade de cada um não adoeça com o individualismo e o egoísmo”.

 

“O Jubileu da Terra”

O Papa Francisco assinalou o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, associando-se à iniciativa ecuménica do “Tempo da Criação”, a terminar na Festa de S. Francisco de Assis, a 4 de outubro.

Na sua mensagem, o Santo Padre aprofundou o sentido bíblico e teológico de um Jubileu, lembrando que este é um “tempo sagrado para recordar, regressar, repousar, restaurar e rejubilar”.

No entanto, alerta para os perigos do nosso tempo, especialmente no contexto da pandemia, em que a “criação geme” com “a desintegração da biodiversidade, o aumento vertiginoso de catástrofes climáticas, o impacto desproporcionado que tem a pandemia atual sobre os mais pobres e frágeis” que o Papa denuncia como “sinais de alarme perante a avidez desenfreada do consumo”.

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“Tomar a nossa própria cruz”

Na oração do Angelus deste domingo, o Santo Padre refletiu sobre o compromisso de cada um de nós em “tomar a própria cruz”. Francisco discorreu sobre o Evangelho de Mateus quando Jesus pela primeira vez falou aos seus discípulos sobre o final que o espera na Cidade Santa.

“Diz que terá que ‘sofrer muito por parte dos anciãos, dos chefes dos sacerdotes e dos escribas, e ser morto e ressuscitar ao terceiro dia.’”

Jesus considera que os discípulos tinham uma “fé imatura e muito ligada à mentalidade deste mundo” pelo que não compreenderam o que Ele lhes disse.

“Se quisermos ser seus discípulos, somos chamados a imitá-Lo, entregando as nossas vidas sem reservas por amor a Deus e ao próximo”, renunciando a nós mesmos e carregando “com fé e responsabilidade aquela parte do esforço e do sofrimento que a luta contra o mal implica”.

No final da sua alocução, o Papa Francisco fez um apelo ao diálogo construtivo e ao respeito pela legalidade internacional para resolver a crise no Mediterrâneo entre a Grécia e a Turquia. O motivo do conflito seria a posse de grandes recursos energéticos presentes na área e que, segundo o Santo Padre, “ameaçam a paz dos povos daquela região”.

JM (com recursos Vatican News)

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03 de Setembro de 2020