A 25 de abril, IV Domingo da Páscoa e Domingo do Bom Pastor, três seminaristas foram instituídos no ministério dos Acólitos e outros dois no ministério dos Leitores, em ordem ao sacerdócio.
A Igreja de Nossa Senhora da Assunção, Paróquia de Almada, acolheu no passado domingo a comunidade do Seminário Maior de São Paulo, sacerdote e diáconos, bem como amigos e familiares dos seminaristas, numa celebração presidida por D. José Ornelas. A Eucaristia contou ainda com restrições em respeito pelas normas sanitárias.
Os seminaristas Afonso Mendes Pereira, José Manuel Almeida Raposo e José Manuel Moutinho Cachaço foram instituídos Acólitos, enquanto os seminaristas Diogo Miguel Machado e Telmo Ribeiro Nunes foram instituídos Leitores.
Para o Bispo de Setúbal este foi “um motivo para dar graças ao Senhor Jesus, o Bom Pastor da Igreja. Foi Ele que chamou como seus discípulos estes nossos irmãos para o seguirem e lhes sugeriu, pelo seu Espírito, a resposta de segui-lo e deixar-se conduzir por Ele e de imitar a sua fidelidade à missão recebida do Pai e ao dom da sua vida pelos irmãos”.
Na sua homilia, D. José Ornelas afirmou que a festa litúrgica dá sentido à celebração, convidando os seminaristas a acompanhar o exemplo do Bom Pastor, no seu cuidado para com a Igreja/rebanho, e salientando as duas dimensões fundamentais da vida cristã a que são chamados: a Palavra de Deus e a Eucaristia.
“Tornar-se instrumento de Deus é o fundamento do ministério. Esta há de ser sempre a vossa atitude no serviço da Igreja em nome de Deus: Ele produz um coração dócil, humilde e capaz de escutar, para poder consolar, animar, através de Palavras e gestos aqueles que precisam” sublinhou o prelado.
Sobre os ministérios em que são instituídos, o Bispo diocesano exorta a que estes serviços, que não são simplesmente funções litúrgicas, revelem atitudes próprias do caminho a que foram chamados, como a escuta de Deus, a aceitação da Palavra e a união ao Senhor e aos irmãos na Eucaristia.
D. José Ornelas adverte que “a origem do serviço está sempre em Deus e no seu Espírito, continuando a missão de Jesus” recusando a tentação, que todos temos, de poder, carreira, protagonismo, autorreferencialidade nas funções, sobranceria, vaidade pessoal ou de ação em interesse próprio.
Recordai sempre que um só é o verdadeiro Pastor: Nosso Senhor e Mestre, Jesus Cristo. Todos os que Ele envia devem torná-lo presente e conduzir a Ele o seu rebanho, mas nunca para se colocarem no lugar dele. Assim como Jesus se sente enviado pelo Pai e faz a sua vontade, assim aqueles que Ele envia devem agir do mesmo modo que Ele.”
“Jesus conta com a nossa boa vontade: o nosso tempo, a nossa inteligência, a nossa disponibilidade, a nossa criatividade, a nossa capacidade de organização. Mas a nossa vida só pode passar pelas mãos que batizam, só pode passar pela palavra que consagra o pão, que perdoa os pecados: é Cristo que se faz presente em cada momento do serviço”, afirmou.
Para o prelado, a “primeira e essencial atitude do Bom Pastor é “dar a vida pelas suas ovelhas”, o “dom maior do amor” pelo que acolher a sua Palavra é “permanecer unidos a Ele, como discípulos que escutam, compreendem, amam e imitam as atitudes do bom Pastor que ama até dar a vida como serviço aos seus”.
O bispo diocesano recomendou ainda outras duas atitudes: primeiro, uma atitude de “proximidade/amor para com aqueles e aquelas a quem os Senhor vos envia” conhecendo-os, mantendo um relacionamento de autenticidade e comunicação, reconciliando e não recriminando; em segundo lugar, uma atitude missionária, “de levar as ovelhas para fora do redil”: “vocês são instituídos nesta Igreja mas não são confinados nesta Igreja. São chamados a ir ao encontro daqueles que ainda não estão no rebanho.”
“Neste dia, caros irmãos, em que sois instituídos nos ministérios, o Bom Pastor dirige-vos um convite de muito amor e muita confiança, mas igualmente de desafio e de coragem. Contai com Ele, segui-o e procurai imitá-lo, pois Ele conta também convosco para continuar a dar a vida em favor do seu povo”, concluiu.
Ministérios laicais
Durante a homilia, D. José Ornelas mencionou as recentes alterações realizadas pelo Papa Francisco no sentido de distinguir os ministérios ordenados (Bispo, Presbítero e Diácono) dos ministérios concedidos aos leigos, homens e mulheres, por instituição.
“Temos outros leitores e acólitos nas comunidades, graças a Deus, e o Papa agora quer que sejam instituídos, ou seja, que tenham um ministério estável e não é simplesmente estes dois: diz que cada Igreja diocesana deve desenvolver outros ministérios e instituí-los, como é o caso dos ministérios dos catequistas e da caridade”, explicou.
“O Papa Francisco quer com isto mover a Igreja para perceber o serviço que se faz em nome de Deus. A atitude de servir é o fundamento do que se faz na Igreja. Jesus diz que não veio para ser servido, mas sim para servir. Não é uma tentativa de promoção ou de arranjar protagonismo dentro da Igreja, mas é para ser sinal do serviço a que todos somos chamados”, concluiu.
Vocações: o desafio à oração
No final da celebração, o Reitor do Seminário Diocesano, Padre Rui Gouveia, lamentou a impossibilidade da celebração ter decorrido no dia 25 de janeiro, Solenidade da Conversão de São Paulo e Dia do Seminário, conforme estava previsto. No entanto manifestou a sua alegria e gratidão por o Seminário ter a possibilidade de partilhar agora este momento com a comunidade.
“Hoje, no Dia do Bom Pastor, Ele, que é bom, revela-nos a sua bondade, podendo partilhar este dia convosco. Que bom estar aqui convosco, celebrar a nossa fé em conjunto e ver estes cinco rapazes darem mais um passo rumo ao sacerdócio.”
O Reitor deixou palavras de agradecimento à Paróquia de Almada, à equipa formadora do Seminário, à Obra do Bom Pastor e a todos o que apoiam o seminário. Por fim, lançou um desafio:
A vocação constrói-se na vontade da pessoa mas ela floresce com beleza e com graça muito devido ao fervor orante do Povo de Deus. É isso que vos desafio a fazer: quando, hoje, regressarem para vossas casas, não deixem de rezar por estes dez rapazes que são formados neste Seminário de São Paulo mas também por outros que o Senhor chama a servir deste modo.”
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JM