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Sínodo/Charneca de Caparica: Paróquia iniciou segunda fase do processo sinodal com conferência para “uma igreja participativa, em que todos se sintam responsáveis”

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A Paróquia da Charneca de Caparica, na Diocese de Setúbal, deu início à segunda fase do processo sinodal em curso na Igreja Católica com uma conferência sobre o Sínodo aberta à comunidade paroquial.

Octávio Carmo, jornalista com acreditação permanente junto da Santa Sé e chefe de redação da Agência Ecclesia, que tem acompanhado a dinâmica sinodal em Roma, falou às dezenas de pessoas que encheram o salão paroquial da Igreja de Nossa Senhora da Rosa de um processo que está a ser “revolucionário” na Igreja. “Este processo sinodal é uma proposta revolucionária”, refere o jornalista, adiantando que “o Papa está a criar estruturas para que Roma ouça o mundo”.

O jornalista vaticanista considera que “o processo sinodal existe para que a igreja do século XXI seja uma igreja participativa, em que todos se sintam responsáveis”, e avisa que “numa igreja sinodal acabou a ideia do catolicismo em part-time, em que vou à Eucaristia e volto para casa”.

Um dos grandes desafios que se colocam às comunidades locais e às dioceses, considerou o orador, é saber se “a proposta espiritual que temos serve as pessoas que pretende alcançar”. “O sínodo falou de anseios precisos da humanidade aos qual é preciso dar resposta”, indicou, fazendo notar que “é importante perceber que a igreja sinodal é uma igreja em escuta constante”.

O Sínodo, afirmou Octávio Carmo, “leva-nos a novos modelos de tomada de decisão”, que devem também levar à maior inclusão de pessoas que estavam mais afastadas dos lugares de decisão, como as mulheres. “A igreja nunca mais vai poder falar em momentos destes sem ouvir as mulheres”, até porque, defende, “não podemos negligenciar que a maior parte da Igreja Católica é constituída por mulheres”.

No entanto, o jornalista adverte que não basta mudar as pessoas. “Quem está à frente da comunidade católica, leigo ou sacerdote, homem ou mulher, se não exercer o ministério numa perspetiva de serviço, não é importante quem está, porque o problema de fundo mantém-se”, sustenta.

Fotos: Paróquia da Charneca de Caparica

Na paróquia da Charneca de Caparica o processo sinodal levou à escuta de 850 pessoas na primeira fase, num processo que conduziu ao envio do relatório para a diocese, e também à possibilidade de muitos dos movimentos paroquiais fazerem o seu próprio relatório interno. O Pe. Francisco Mendes, pároco, promoveu a realização desta conferência porque “é importante que toda a gente perceba o que tem sido a dinâmica do Sínodo até agora, e as questões e desafios que se têm colocado aos participantes”.

Considerando “a primeira fase bastante participada” na paróquia, o sacerdote diz que “houve frutos de diálogo e reflexão que se aprofundaram nestes dois anos, e que importa agora consolidar e aproveitar para chegar a uma consciência de participação mais vincada, que não seja apenas de um momento, mas permanente”.

Também Octávio Carmo insiste neste ponto de transformação definitiva do modelo de funcionamento das paróquias para uma chave mais sinodal. “É preciso repensar o modelo de paróquia, porque o modelo que existe é medieval. Este modelo imóvel que chamamos paróquia tem se mudar para algo móvel, que vá ao encontro das pessoas”, concluiu o vaticanista.

Nesta segunda fase do processo sinodal, informa a paróquia, os fiéis da comunidade irão promover, conforme pedido pela Secretaria Geral do Sínodo, a escolha de algumas propostas para serem implementadas na paróquia, e o Conselho Pastoral irá despoletar uma reflexão sobre algumas das propostas, a fim de que, em assembleia paroquial sinodal, se possa refletir sobre alguns dos pontos pedidos pela diocese de Setúbal, a fim de poderem enviar o seu contributo para a redação da nova síntese que seguirá das dioceses para a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que fará chegar à Secretaria Geral do Sínodo essas mesmas conclusões.

Ricardo Perna

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26 de Fevereiro de 2024