Não há dinheiro para satisfazer todos. Todos se queixam da sua falta. O primeiro que se lamenta é o Estado. Diz-se que está cada dia mais endividado. É a saúde, é a educação, é o funcionalismo público, são as pensões e reformas, são as grandes obras, é a manutenção das estradas, dos edifícios, da natureza, das instituições, da segurança, dos ministérios, das embaixadas, são os compromissos no exterior, das missões militares, dos juros a pagar, da solidariedade nacional, é tudo isto a consumir quantias incalculáveis sem dó nem piedade. Lá fora já poucos nos emprestam porque desconfiam que lhes pagaremos. A única solução é espremer cá dentro o pouco onde ainda pode gotejar.
Não há dinheiro para satisfazer todos. Todos se queixam da sua falta. O primeiro que se lamenta é o Estado. Diz-se que está cada dia mais endividado. É a saúde, é a educação, é o funcionalismo público, são as pensões e reformas, são as grandes obras, é a manutenção das estradas, dos edifícios, da natureza, das instituições, da segurança, dos ministérios, das embaixadas, são os compromissos no exterior, das missões militares, dos juros a pagar, da solidariedade nacional, é tudo isto a consumir quantias incalculáveis sem dó nem piedade. Lá fora já poucos nos emprestam porque desconfiam que lhes pagaremos. A única solução é espremer cá dentro o pouco onde ainda pode gotejar.
Também as famílias (digo, o comum das famílias, não todas) gemem com lamentos. Não há dinheiro para pagar a prestação da casa, e a do carro, e a da aparelhagem, e a das férias, e a do supermercado. Também elas se endividam cada vez mais. E porquê toda esta situação?
O Movimento dos Trabalhadores Cristãos esteve reunido, a nível nacional, em Aveiro para fazer o ponto da situação. Viram e pensaram. Viram o que não gostaram: a precariedade do trabalho a crescer sempre e desejada e reclamada pelos empresários; a insegurança e o medo das famílias de ficarem sem ganha-pão e sem meios para pagarem as suas dívidas; a desorganização cada vez maior das normas do trabalho, direitos e deveres, o desenvolvimento do trabalho sem regras, estilo “salve-se quem puder”. Os homens e as mulheres do trabalho não são mais considerados nem respeitados senão como mercadoria que, depois de usada, é deitada fora. Assim, o dinheiro é o principal, é o que deve ser acumulado em grande quantidade e o mais depressa possível, sem olhar a meios: especulando, enganando, lucrando desmedidamente.
Pensaram que este esquema está errado, profundamente errado. O ser humano é que deve ser colocado no centro de tudo, também da vida económica, e que o trabalho deve ser meio para dignificar o homem e a mulher e contribuir para a sua felicidade e realização pessoal. Lembraram os participantes do congresso em Aveiro da palavra de Bento XVI na encíclica “Caridade e Verdade”: “O trabalho deve ser a expressão da dignidade essencial de todo o homem e mulher”. Então, reflectiram ainda: se o mote vem do próprio Papa, não será normal que a Igreja, também no nosso tempo, inclua na sua preocupação e acção pastoral e missionária esta realidade dos homens e mulheres trabalhadores em situação tão precária e de pobreza, ou seja, que o mundo do trabalho seja humanizado, cristificado na justiça, na dignificação do Homem, enquanto sinal do amor de Deus pela humanidade?
P. Manuel Soares