comprehensive-camels

Bilhete Postal

dom manuel

Caro Alfredo,

O mês de Novembro, em que há alguns dias entrámos, aparece-nos carregado de desafios, entre os quais avulta o desafio da verdade, se quisermos, da verdade que somos.

 

Caro Alfredo,

O mês de Novembro, em que há alguns dias entrámos, aparece-nos carregado de desafios, entre os quais avulta o desafio da verdade, se quisermos, da verdade que somos.

Era eu adolescente quando assisti ao funeral de um grande Bispo do Porto, D. António Augusto de Castro Meireles, que morreu aos 56 anos de idade crivado de desgostos e a respeito do qual um seu sucessor, igualmente grande, diria que desceu à terra com fome e sede de justiça. O que mais me impressionou neste funeral foi o rito de retirar ao Bispo, ali, no momento final, as suas insígnias episcopais. Ainda assim quase acontece com os Bispos e os Papas. Tudo o que sabe a honras (ou honrarias) ali desaparece. É um momento de verdade. É um desafio à nossa verdade.

Faz pouco tempo, visitei no hospital um companheiro muito amigo. Cheio de honras bem merecidas e por isso, por sobre o cidadão e o padre, também o doutor, o professor, o cónego e o monsenhor. Contemplava-o eu em silêncio eloquente, quando chega um jovem enfermeiro que procurava despertá-lo com o nome de baptismo. Tudo bem, porque por ali se começa e é. Mas deu-me que pensar. Tantas coisas, tantos pesos, tantas roupas bonitas, tantos louvores e, afinal, a verdade não está aqui, mas ali.

Neste pensamento de base se penduraram muitos outros que têm a ver com tantas roupas lindas e excelências solenemente respeitadas que ocultam tantas faces, como a Comunicação nos vem revelando. Quando Jesus disse que no fim tudo o que estava oculto seria revelado, falaria mesmo a sério?

Então, verdade. Sempre a verdade. Este mês (por que não os outros?) é um apelo à verdade, à nossa verdade.

             

Muito Amigo,  

+Manuel

Partilhe nas redes sociais!
13 de Novembro de 2010