D. José Ornelas admite que próximo Natal seja celebrado com limitações, nas famílias, mas pede «equilíbrio» por parte de quem decide.
O Bispo de Setúbal e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) afirmou no sábado passado, em Fátima, que é “seguro” celebrar nas igrejas católicas, lembrando que as comunidades têm implementado normas “específicas”, acertadas com a DGS, que tornam muito difícil “ser contagiado” nas celebrações.
“Não brincamos com a saúde das pessoas”, referiu D. José Ornelas, em conferência de imprensa, no final da Assembleia Plenária que decorreu desde quarta-feira, reunindo os bispos das dioceses nacionais de forma presencial e online.
“Fazemos tudo para que seja seguro vir celebrar na igreja”, acrescentou o bispo de Setúbal.
O responsável assumiu a intenção de fazer “tudo o que for necessário para defender a vida”, perante a ameaça da Covid-19, esperando que haja, por parte dos decisores políticos, “sentido de equilíbrio”, para evitar que se morra “do vírus ou da sua cura”.
Questionado sobre o próximo Natal, face ao atual estado de emergência, o presidente da CEP rejeitou projetar cenários, realçando que é importante ter a “liberdade de celebrar na igreja” e que maior preocupação é a celebração “em casa”.
“Não pode ser a grande família”, admitiu D. José Ornelas, que defendeu especial atenção às pessoas mais fragilizadas.
“Para que os nossos avós cheguem ao próximo Natal, se calhar é necessário que neste Natal não estejamos juntos”, disse.
O bispo de Setúbal pediu à sociedade que aceite a necessidade de “contenção”, se o cenário assim o exigir, com a convicção de que haverá “outras ocasiões” e o importante é “ultrapassar a pandemia”.
No fim da Eucaristia pelas vítimas da pandemia, que decorreu hoje em Fátima, Marcelo Rebelo de Sousa disse que a forma como vai decorrer o Natal, nomeadamente as celebrações religiosas, vai ainda ser objeto de “reflexão”.
“Tudo isso vai ser objeto da audição dos partidos políticos e de reflexão. Vamos pacientemente olhar para isso”, indicou.
O presidente da República lembrou a “preocupação de controlo sanitário dentro dos templos” por parte da Igreja Católica e a “recomendação deixada às famílias de, fora dos templos, não haver formas de comportamento e celebração aquilo que se quis prevenir dentro dos templos”.
“A cerimónia religiosa obedece a regras e o máximo que a Igreja católica pode dizer é que, fora do templo, tentem não se afastar da lógica que nos levou a sacrificar aquilo queram celebrações tradicionais diferentes. Isto mostra um estado de espírito de sensatez que os portugueses têm de ter”, acrescentou.
Bispos portugueses reafirmam convicção de que é seguro celebrar nas igrejas católicas
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) emitiu um esclarecimento a respeito de notícias que antecipavam um cenário de cancelamento das celebrações comunitárias, no Natal, reafirmando a de que é seguro celebrar nas igrejas católicas.
“A respeito das celebrações religiosas do Natal, rejeitando antecipar cenários para os quais não há ainda elementos, D. José Ornelas reafirmou a mesma certeza: que é possível celebrar em segurança no interior dos templos”, indica a nota enviada à Agência ECCLESIA, recordando as declarações do presidente da CEP, este sábado, em conferência de imprensa no final da Assembleia Plenária do episcopado, em Fátima.
O esclarecimento surge após notícias sobre a celebração do Natal, nas quais se refere que a “Conferência Episcopal admite não celebrar Missa do Galo”.
“O presidente da Conferência Episcopal afirma que, desde que foi possível retomar o culto público católico, foi dada a maior prioridade à saúde de todas as pessoas e que é possível, nesse pressuposto e seguindo as indicações definidas pela Conferência Episcopal em diálogo com as autoridades de saúde (orientações de 8 de maio), participar com segurança nas celebrações religiosas, nomeadamente as Eucaristias”, observa a nota do Secretariado Geral da CEP.
Segundo o organismo, a experiência das últimas semanas tem mostrado que, “nalguns casos, os encontros familiares, também os que se seguem a celebrações religiosas, podem tornar-se focos de contágio do novo coronavírus”.
“Estaremos atentos às condições que se venham a registar na época natalícia e tomaremos as orientações necessárias, sempre na defesa da vida das pessoas em todas as suas dimensões”, refere o texto.
A preocupação constava da nota da CEP publicada a 14 de novembro, com novas orientações face ao agravamento da pandemia: “Em particular, este comportamento responsável deve ser vivido após as celebrações litúrgicas mais festivas (Batizados, Comunhões, Crismas e Casamentos), evitando sempre as concentrações fora das igrejas e nas próprias casas”.
Foto: Agência Ecclesia