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Reflexo da crise

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Nos dias 26 e 27 de Novembro decorreu a XXIII Campanha do Banco Alimentar Contra a Fome de Setúbal (BA) e este ano com menos 39,2 toneladas do que a campanha homóloga de Novembro passado. «A crise reflectiu-se nesta campanha», referiu ao Notícias de Setúbal António Alves, presidente do BA, acrescentando que a iniciativa vai permitir ajudar as instituições já consagradas, mas com tristeza que não pode aceitar mais pedidos, que estão em espera há algum tempo.

Por estes dias o armazém do BA, na Zona Industrial da Quinta do Anjo transforma-se numa autêntica linha de montagem. Muitos são os voluntários que ordenadamente se colocam nos seus locais e fazem o trabalho atribuído. Parece que a qualquer momento algo vai correr mal, com tanta correria, com empilhadoras e “boxes” de um lado para o outro, pessoas a recolher sacos, a linha de triagem de alimentos sem parar e tudo a funcionar sem problemas. É assim a generosidade de todos.

António Alves, «apanhado» pelo nosso jornal quando “inspeccionava” o trabalho dos voluntários declarou que a «campanha esta como o país, reflectiu a crise», mas justificou: «dentro da realidade actual a campanha até está a correr bem, não se pode pedir mais do que isto», disse.

A campanha contou com a presença de 2800 voluntários que estiveram presentes em 174 superfícies comerciais das mais variadas dimensões e que recolheram alimentos, pesaram, separaram por tipos e depois armazenaram devidamente, de forma a que possam começar a ser distribuídos no decorrer da próxima semana.

«Os resultados da campanha recompensaram o nosso esforço», referiu o responsável, que sublinhou «que a população mais uma vez mostrou a sua generosidade e se solidarizou com os mais necessitados, não perdendo assim o que de mais precioso temos: a nossa Humanidade».

Apesar de os alimentos recolhidos nas campanhas representarem uma percentagem reduzida dos alimentos recebidos e distribuídos no BA, são uma mais-valia muito preciosa, permitindo a sua distribuição ao longo de seis meses e de forma regular por 146 Instituições de Solidariedade Social, possibilitando o apoio a cerca de 26 mil pessoas.

«Queria ter mais alimentos para poder ajudar mais instituições, principalmente as que se encontram em lista de espera», acrescenta, lembrando que todos os alimentos que se recebem são para dar e para evitar o desperdício. As próprias empresas já não estão a ser tão prestáveis, devido à conjuntura económica, e há algumas que já pedem um valor monetário pelos produtos que querem escoar. 

Para o responsável «as dificuldades do momento presente, que todos sentem, dão razões acrescidas para continuar a trabalhar, exigindo do Banco Alimentar, um esforço para repensar a forma de chegar junto daqueles que mais necessitam». «Queremos continuar a contribuir para minimizar o impacto das dificuldades actuais», refere. 

No «ranking» das recolhas na Península de Setúbal, destacam-se os concelhos de Almada, com 62 toneladas e meia, Seixal, com quase 43, o Barreiro, com perto de 37, e Setúbal, com 34,9.

No total do país, o Banco Alimentar contra a fome angariou mais de 2950 toneladas de alimentos durante a campanha realizada em 1615 superfícies comerciais do país, sábado e domingo, com resultados próximos dos obtidos em 2010 (3265 toneladas).

 

Bruno Máximo Leite

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04 de Dezembro de 2011