comprehensive-camels

Luzes de esperança

vaticano

A Santa Sé publicou na passada semana um conjunto de orientações para a promoção de novas vocações ao sacerdócio, destacando a importância do celibato e da “maturidade afetiva” dos candidatos a esta missão.

Num balanço sobre o «estado» vocacional no mundo as orientações classificam-na como muito diversificada, «caracterizada por luzes e sombras. Enquanto no Ocidente se enfrenta o problema da diminuição das vocações, nos outros continentes, não obstante os poucos meios, nota-se um crescimento promissor das vocações sacerdotais. Nos países de antiga tradição cristã a preocupante diminuição numérica dos sacerdotes, o crescente aumento da sua média de idade e a necessidade da nova evangelização esboçam a apresentação de uma nova situação eclesial». Frisa o documento que «a diminuição do índice de natalidade também contribui para a diminuição das vocações de especial consagração. A vida dos fiéis católicos sofre o contragolpe da procura desenfreada dos bens materiais e da diminuição da prática religiosa, que desviam das escolhas corajosas e comprometidas com o Evangelho». E considera que «por mais que a pastoral vocacional seja estruturada e criativa na Europa e nas Américas, os resultados obtidos não correspondem ao empenho amplamente despendido. Todavia, ao lado de situações difíceis, que devem ser vistas com coragem e verdade, registam-se alguns indícios de progressos, especialmente onde se formulam claras e consistentes propostas de vida cristã». «Os dados mostram que quando são propostas iniciativas de nova evangelização nas paróquias, nas associações, nas comunidades eclesiais e nos movimentos, os jovens demonstram disponibilidade para responder ao chamamento de Deus e para oferecer a própria vida ao serviço da Igreja».
Contudo, «uma mentalidade secularizada, bem como opiniões erróneas no seio da Igreja, levam a desprezar o carisma e a escolha celibatária», assinala o documento da Congregação.
O texto admite ainda a dificuldade e os efeitos negativos que decorrem da «incoerência e do escândalo causado pela infidelidade aos deveres do ministério sacerdotal», mas frisa que os grandes exemplos de abnegação sacerdotal são dos mais eloquentes chamamentos à vida de consagração.
Outro aspeto destacado nas orientações pastorais é a «gradual marginalização do sacerdote da vida social, com a consequente perda de relevância pública». Também o risco de um ativismo exagerado por parte dos padres, que leva a uma sobrecarga de trabalho pastoral, leva a uma ideia errada do ministério.
O documento resume ainda brevemente a teologia da vocação e do ministério sacerdotal, recordando que «Cristo Pastor é origem e modelo do ministério sacerdotal. Ele mesmo decidiu confiar a alguns dos seus discípulos a autoridade de oferecer o Sacrifício eucarístico e de perdoar os pecados. Por isso, o sacerdote, como afirma claramente a doutrina do carácter da Ordem sacra, é configurado a Cristo Sacerdote que o habilita a agir na pessoa de Cristo Cabeça e Pastor. O ser e o agir do sacerdote, no ministério, provém da fidelidade de Deus, marcada pelo dom espiritual que, no sacramento da Ordem, passa a habitar no sacerdote de maneira permanente e o diferencia dos batizados participantes do sacerdócio comum. O sacerdote, de facto, enquanto unido à Ordem episcopal, participa da autoridade com a qual Cristo edifica, santifica e governa o seu corpo».
Desta forma, o sacerdócio ministerial diferencia-se essencialmente do sacerdócio comum e está ao seu serviço. De facto, o sacerdote ministerial, pelo seu poder sagrado, forma e conduz o povo sacerdotal, realiza o sacrifício eucarístico fazendo as vezes de Cristo e oferece-o a Deus em nome de todo o povo; os fiéis, por sua parte, concorrem para a oblação da Eucaristia em virtude do seu sacerdócio real, que eles exercem na receção dos sacramentos, na oração e ação de graças, no testemunho da santidade de vida, na abnegação e na caridade operosa».
Recorda o documento ainda que «um prudente e sábio discernimento das condições essenciais para aderir ao sacerdócio será oportunamente aprofundado para certificar a idoneidade dos chamados. A pastoral vocacional está consciente de que a resposta ao chamamento fundamenta-se na progressiva harmonização da personalidade nos seus diversos componentes: humano e cristão, pessoal e comunitário, cultural e pastoral». Por isso, «a integração e a maturidade afetiva são uma meta necessária», refere a CEC, pedindo aos responsáveis pelos seminários que evitem fazer «propostas vocacionais a pessoas marcadas por profundas fragilidades humanas».
As orientações pastorais agora publicadas pela Santa Sé apontam ainda várias propostas práticas para a promoção e cuidado das vocações, e incentivam à criatividade neste campo tão vasto, nomeadamente com a oração mais intensa, o cuidado dos grupos de acólitos e as iniciativas de caridade.

Partilhe nas redes sociais!
03 de Julho de 2012