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Há mais de cinquenta anos no Castelo

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Na Corredoura, Castelo de Sesimbra, estão há cinquenta e dois anos, as Servas de Nossa Senhora de Fátima. Hoje, com um trabalho muito diferente daquele que tinham então, são uma comunidade composta por cinco consagradas ao serviço da Paróquia. A Irmã Maria Luísa Valentim, responsável daquela comunidade há cerca de um ano, explica-nos um pouco do carisma desta congregação e a sua forma de atuação.

Chegaram à Paróquia do Castelo de Sesimbra pela mão do Padre Manuel Vieira, que foi pároco do Castelo de Sesimbra de 1957 a 1963. «Na altura existiam sérias carências – explica a Irmã Maria Luísa – e, no intuito de ter ajuda no desenvolvimento e evangelização da freguesia, convidou a Congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima a estabelecer uma comunidade na Paróquia. A Congregação acedeu, e a 21 de Novembro de 1962 constituiu uma comunidade, com a devida autorização do então Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira».

Nesse mesmo dia é elaborado um acordo entre a Superiora Geral de então, Irmã Rosa Vitória Avelar e o pároco, o qual descreve que a finalidade desta presença é o «apostolado paroquial», mais especificamente: a colaboração na catequese paroquial, numa Casa de Trabalho para raparigas e ainda em outras obras paroquiais a combinar com o Pároco. Incluía ainda a prestação de serviço de enfermagem num lactário que estava ao serviço da Fábrica da igreja.

 

O dia-a-dia da comunidade

 

Ao longo destes cinquenta e dois anos de presença na Paróquia, a missão das Irmãs tem sofrido alguma mudança, fruto da evolução dos tempos, manifestando-se o essencial do carisma. «A resposta às necessidades mais urgentes, sempre em comunhão eclesial, continua a ser nosso propósito», explica a Superiora. Atualmente, a comunidade é formada por cinco Irmãs a residir em Santana.

«No nosso dia-a-dia, temos como prioritária a intimidade com Deus na oração pessoal e comunitária, e na Eucaristia, onde alimentamos a nossa fé e encontramos a força para a realização fiel da nossa missão de Servas», indica. Para além disso, em comum, rezam Laudes, Vésperas e Completas.

Semanalmente, têm dois encontros em que leem, refletem e partilham a Palavra de Deus. Têm ainda uma hora de estudo comunitário, ora de temas propostos pelo governo da Congregação, ora de temas eclesiais. Mensalmente fazem um dia de retiro espiritual e, anualmente, oito dias de retiro. «Temos em grande apreço os tempos fortes da Liturgia: Advento, Natal, Quaresma, Páscoa e Pentecostes – refere a Irmã Luísa – e, aos Domingos, das 18h15 às 19h45, temos, na capela da comunidade, o Santíssimo Sacramento solenemente exposto».

 

As missões na comunidade paroquial

 

Apesar de a comunidade já ser ligeiramente envelhecida, as Irmãs têm ainda alguns afazeres na Paróquia. «Dentro das nossas possibilidades e sempre em colaboração com o pároco, ajudamos a lançar sementes. Não lideramos nada – diz a Irmã – porque um dia, podemos não estar cá e a comunidade não sabe fazer. Temos é que ajudar a comunidade a fazer».

 

Assim, têm compromissos na catequese paroquial preparando as sessões com algumas catequistas, prepararam e animam a liturgia, na Eucaristia semanal e dominical, inserem-se nos grupos de voluntariado, visitando vários doentes e levando-lhes a Sagrada Comunhão. Têm ainda a preparação de pais e padrinhos para o batismo, o ‘Despertar da Fé’ no Centro Paroquial do Castelo de Sesimbra, a preparação individual de adultos para a receção do batismo e confissão, quando necessário. Outras tarefas confiadas às Servas são a animação do Rosário e a adoração do Santíssimo Sacramento, à quarta-feira, na Capela de Santana.

Com o mesmo carisma, reúne-se um grupo da Família Andaluz, no segundo Domingo de cada mês, para aprofundar a sua fé e conhecer melhor o carisma e obra de Luiza Andaluz, a Fundadora das Servas, cuja animação é da responsabilidade das Irmãs. Ao lado da sua casa há um espaço para acolhimento de grupos que chegam, muitas vezes, para retiro, oração e reflexão.

 

Olhar o futuro com confiança

 

«Neste ano da Vida Consagrada – explica a Irmã Luísa – temos participado nas ações promovidas pela Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal e, quando o pároco, Padre Eduardo Nobre, nos chama, damos o testemunho da nossa vocação nas Eucaristias dominicais. Estamos também atentas às orientações que Papa Francisco tem dado, e continua a dar, para uma vivência mais plena deste ano dedicado à Vida Consagrada».

Com uma vida simples e discreta, as Irmãs procuram estar atentas às necessidades das pessoas, que são muitas, e tentam ajudá-las a resolver situações, por vezes complicadas. «Como a nossa Fundadora, a serva de Deus Luiza Andaluz, queremos ser presença do amor de Jesus Cristo e viver em alegria e confiança a nossa vida consagrada pondo em prática o pensamento que ela sabiamente nos deixou: ‘Passar fazendo o bem à imitação do Mestre Divino, tornar felizes os que nos rodeiam, que doce programa de vida’ (Luiza Andaluz)», destaca a Irmã.

Apesar da crise de vocações instalada atualmente, a Irmã Luísa diz que não está desanimada: «O Papa convida-nos, neste ano da vida consagrada, a olhar o futuro com esperança. Eu não estou desanimada e as irmãs também não. Estamos com esperança e confiança absoluta em Deus. No entanto, a todos, mas particularmente aos jovens, queremos dizer: ‘a Igreja precisa de vós. Colocai os vossos pés nas pegadas de Cristo e caminhai confiantes! Não tenhais medo, Jesus Cristo continua a chamar e a dizer, hoje: ‘Vem e segue-me’ e ‘Eu estarei sempre convosco’».

 

Missão em comunhão com o Bispo diocesano

 

«A congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima tem como lema as palavras que Maria disse ao Anjo Gabriel quando este lhe disse que ela era a escolhida por Deus para ser Mãe de Seu Filho Jesus: ‘Eis a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a vossa Palavra’, e foi fundada, em 1923, em Santarém, por Luiza Andaluz», indica a Irmã Luísa.

A fundadora, dinamizada pela experiência de Deus, na sua contemplação e na resposta às exigências dos novos tempos e lugares, com profundo sentido de comunhão eclesial, nomeadamente com os Pastores da Igreja, dedicou toda a sua vida a levar a Boa Nova aos que mais necessitavam. É, pois, neste âmbito que as Servas de Nossa Senhora de Fátima exercem a sua missão em comunhão com o Bispo da Diocese onde se inserem.

 

Como formas específicas de missão as Servas dedicam-se ao primeiro anúncio e o aprofundamento da fé, à preparação e à celebração da liturgia e a serviços de caráter sociocultural, dando primazia ao serviço pastoral com maior poder multiplicador e aos lugares onde mais se fazem sentir as necessidades da comunidade humana e cristã.

 

União com Cristo sacerdote

 

«A espiritualidade que carateriza o nosso estilo de vida pessoal e comunitário, bem como a ação apostólica dominada pelo sacerdócio de Cristo, tem a sua fonte na Liturgia e o seu centro na Eucaristia. Em permanente atitude de louvor, ação de graças, intercessão e súplica unimo-nos a Cristo com todos os sacerdotes e, em total disponibilidade, oferecendo-nos pela sua santificação e apostolado e pelas vocações sacerdotais», destaca a Irmã Maria Luísa.

Presentes em nove dioceses de Portugal, as Servas são cerca de quatrocentas espalhadas também por outros países, como Luxemburgo, Bélgica, Moçambique, Angola, Guiné-Bissau e Brasil. Na Casa de Formação existem quatro jovens: duas portuguesas e duas moçambicanas (três noviças e uma postulante). Desde a sua fundação, não usam hábito para poderem entrar em todos os ambientes.

 

Anabela Sousa

 

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02 de Março de 2015