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Livro do mês do Centro de Documentação: Inventário da Confraria de Nª Sr.ª da Conceição,1740-1825

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A propósito da celebração litúrgica da Imaculada Conceição ou de Nossa Senhora da Conceição, no passado dia 8 de dezembro, o livro que damos a conhecer este mês é o “Inventário de bens e do registo de pagamento de foros da Confraria de Nossa Senhora da Conceição”, da Igreja de S. Tiago da vila de Almada. Trata-se do único exemplar documental, datado de 1740 a 1825, desta Confraria que restou após quatro séculos de existência, no acervo da Paróquia de Almada. Todavia, é provável que esta corporação religiosa se tenha instituído em 1565, data da primeira referência histórica que se tem conhecimento.

Como as demais confrarias que zelam pelo culto de seu santo patrono, também esta Confraria estava encarregue, desde a sua criação em Almada, pelo culto e realização da festividade em honra de Nossa Senhora da Conceição. No livro suprarreferido, para além do inventário dos bens desta Confraria, nomeadamente a coroa em prata da escultura da Nossa Senhora da Conceição, contém ainda o registo das receitas e despesas relativas à Festividade, no ano de 1813, bem como os consertos efetuados no altar da mesma Senhora na Igreja de S. Tiago, pelo dourador Pedro José da Cunha, a 3 de outubro de 1825.

O calendário romano já dedicava uma festa à Imaculada Conceição desde 1476, no entanto esta Solenidade só é estabelecida como dogma pelo papa Pio IX em 8 de dezembro de 1854, pela bula Ineffabilis, onde se invoca a vida e a virtude de Virgem Maria, mãe de Jesus, concebida sem mancha (em latim, macula)  do pecado original.

Em Portugal, no reinado de D. João IV, foi organizada uma cerimónia solene a 25 de março de 1646 em Vila Viçosa, para agradecer a Nossa Senhora a Restauração da Independência de Portugal em relação a Espanha. Nesse dia, D. João IV dirigiu-se festivamente até à igreja de Nossa Senhora da Conceição, ofertando-lhe a coroa portuguesa e proclamando-a Padroeira e Rainha de Portugal. Desde então, mais nenhum rei português usou coroa na cabeça, privilégio que estaria disponível apenas para a Imaculada Conceição. Facto histórico excecional e único no mundo!

No ano de 1648, D. João IV manda cunhar medalhas de ouro e prata em honra da Padroeira de Portugal, tendo no reverso a imagem de Nossa Senhora da Conceição coroada de sete estrelas sobre o globo e a meia-lua, tendo aos lados o sol, o espelho, a casa de ouro, a arca da aliança, o porto e a fonte selada com a seguinte legenda: Tutelaris Regni (protege o Reino).

O nosso Santo Papa missionário, João Paulo II, vem a declarar que o dogma da Imaculada Conceição introduz-nos no centro do mistério da Redenção (cf. Ef 1, 4-12; 3, 9-11).

Moeda em ouro 1648 – Imaculada Conceição (Disponível em http://moedas-comemorativas.blogspot.pt/2010/03/conceicao.html)

Alexandra Figueiredo, Centro de Documentação de Instituições Religiosas e de Família (Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro)

Nota: O Centro de Documentação de Instituições Religiosas e da Família, tutelado pelo Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro, pretende salvaguardar e dar a conhecer o património documental existente nas paróquias da Diocese de Setúbal. Com este objetivo realiza a inventariação, tratamento arquivístico, conservação e digitalização deste tipo de acervos, e agora também, a divulgação da rúbrica o “Livro do Mês do Centro de Documentação”, para difundir o seu acervo digital, de modo a que a informação seja de todos. Mais informações, aqui.

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13 de Dezembro de 2017