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Igreja em Rede: Sábado da III Semana da Quaresma – “O publicano desceu justificado para sua casa e o fariseu não” (Lc 18, 9-14)

Igreja em Rede - formato diocese

Liturgia de sábado da III Semana da Quaresma

Comentário do padre Rui Simão, Pároco de Fernão Ferro e Pinhal de Frades

Ao terminarmos esta III Semana da Quaresma, somos interpelados pela Palavra do Senhor, a olhar para o interior de nós. O que é que Deus nos pede? «Porque Eu quero a misericórdia e não os sacrifícios, o conhecimento de Deus, mais que os holocaustos». Deus, conforme profetiza Oseias, considera como verdadeiros actos de conversão, a “misericórdia” e o “conhecimento de Deus”, ao invés de “sacrifícios” e “holocaustos”. Desta forma, agrada mais aos olhos de Deus que cada um de nós procure atitudes que transformem a nossa vida a partir de dentro, que nasçam do fundo do nosso coração. Essas atitudes vêm mais facilmente pelo enraizamento da sua Palavra em nós. Dado que ninguém ama o que não conhece, devemos primeiramente conhecer a Deus, a fim de com Ele realizar um bom caminho e buscar a Sua misericórdia.

Ora, a partir desta leitura do profeta Oseias, temos um guia para o entendimento deste Santo Evangelho. Se em Oseias, Deus pede-nos “misericórdia” e “conhecimento de Deus”, que Boa Nova é que nos acrescenta São Lucas? Trata-se de uma parábola dita por Jesus, em que o próprio evangelista toma o cuidado de nos introduzir na pedagogia de Deus: «Jesus disse a seguinte parábola para alguns que se consideravam justos e desprezavam os outros». Lendo esta introdução à parábola, sabemos qual a intenção de Deus. Por isso, não podemos avançar sem reter este pensamento: conscientes do caminho que realizamos junto de Deus, quantas vezes permitimos a soberba e nos achamos superiores aos outros?

Na sua simplicidade, esta parábola mostra-nos dois homens em oração. Na oração, rezamos a nossa vida, a forma como vivemos e como nos relacionamos com Deus. No entanto, tantas vezes nos encontramos com os nossos irmãos em oração, sem exteriormente os escutarmos. Mas Deus ouve-nos. Como rezam estes dois homens? Na oração do fariseu, denotamos uma cegueira cheia de orgulho pelos méritos exteriores da sua vida, que o leva a desprezar o outro. Desta forma, ele torna-se prisioneiro de um pecado que não reconhece e toda a sua oração, meramente exterior, é inválida. Já o publicano constrói a sua oração a partir de dentro, tomando consciência do peso do pecado e, arrependido, só espera de Deus a Sua misericórdia.

Nesta Quaresma, perante o desafio de a vivermos no interior das nossas casas, não caiamos na tentação de julgar o pecado dos outros e de nos exaltarmos. Procuremos antes, substituir toda a espécie de julgamento pela busca incessante da misericórdia de Deus através da oração. Imitemos Jesus, sendo sinais da Sua misericórdia, no encontro com os pecadores. Assim, para alcançarmos a misericórdia, peçamos ao Senhor que nos ensine a ser humildes e, de coração arrependido, digamos: «Meu Deus, tende compaixão de mim, que sou pecador».

 

Padre Rui Simão, Pároco de Fernão Ferro e Pinhal de Frades

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21 de Março de 2020