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Igreja em Rede: Terça-feira da IV Semana da Quaresma – “No mesmo instante o homem ficou são” (Jo 5, 1-3a.5-16)

Igreja em Rede - formato diocese

Liturgia de terça-feira da IV Semana da Quaresma

Comentário do padre António Estêvão, Notário da Cúria Diocesana e Vigário Paroquial de São Sebastião

Ezequiel, era sacerdote e foi-lhe dado viver a situação que o Povo eleito viveu, aquando do exílio na Babilónia. Exilado também, Ele será sinal para o Povo privado da terra, de soberania e principalmente privado do culto. Como Profeta, Ezequiel comerá o livro da Palavra [3,1], será posto de atalaia [3,17], para escutar o que Deus lhe disser, contemplar o que Deus lhe mostrar e o dar a conhecer ao Povo, quer este escute ou não. Deus fará ver a Ezequiel que mesmo na situação trágica, como era o exílio, ELE não os abandona e promete-lhes a salvação, que passará pelo voltar a Israel, pela reconstrução de Jerusalém, do Templo e a renovação do Culto. Numa visão, Ezequiel vê o Templo de onde corre água, a sair desde «o limiar da porta» e «do «lado direito», a correr para o deserto e a vivificá-lo; vê árvores plantadas à beira dessas águas, a dar folhas e frutos que servirão de remédio e de alimento [47,12]. Esta profecia cumpriu-se no devido tempo, mas o seu pleno cumprimento é Jesus Cristo. Ele é o novo Templo [Jo 2, 19-21]; a fonte da água viva, como falava à Samaritana [Jo 4, 10-14] ou como ensinava no Templo: «Quem tem sede, venha a mim e beba [Jo 7, 37-38]. Quer seja um povo inteiro sedento de salvação, ou uma pessoa que deseja ser curada, só Jesus pode salvar e dessedentar quem tem sede, especialmente quem sente a sua vida ou existência, como um deserto. Por isso importa tanto o desejo, o ter sede de Deus, como a corça sedenta [Sl 42,2] ou como a terra árida, sequiosa sem água [Sl 62, 2-3].

Deus é [como um oceano de] Amor. Ezequiel viu que a água, que saía do Templo, começou por ser um caudal e tornou-se como um oceano.

São João da Cruz [1542-91], foi raptado e levado para Toledo, esteve preso durante 9 meses, numa cela mínima, sem poder celebrar a Missa nem receber a Comunhão, e sob ultrajes ou privação de comida. Guiado [também] pela visão de Ezequiel e quem sabe ouvindo o murmúrio do rio Tejo que banha Toledo – foi inspirado por Deus a compor uns poemas místicos, que mais tarde pôde transcrever. Um deles foi o célebre poema (aqui resumido): «Bem eu sei a fonte que mana e corre, embora seja noite. […] Esta viva fonte que desejo, / Neste pão de vida, aí a vejo, / Embora de noite

Na “noite”, era grande o seu desejo de Deus, da Eucaristia! Assim seja … o nosso!

Padre António Estêvão, Notário da Cúria Diocesana e Vigário Paroquial de São Sebastião

 

 

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24 de Março de 2020