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Padre Daniel Nascimento defendeu a tese final de licenciatura canónica em Ciências Bíblicas e Arqueologia

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O sacerdote diocesano obteve o grau académico no passado dia 20 de abril, na sede académica de Jerusalém do Studium Biblicum Franciscanum.

A estudar na Terra Santa desde 2016, o padre Daniel Nascimento realizou uma extensa formação em línguas ditas “bíblicas” (nomeadamente hebraico e grego, bem como outras línguas orientais antigas), história e topografia da Terra Santa, exegese e teologia bíblica.

Para conclusão do plano académico, apresentou um estudo, intitulado “Waters of Holiness: a Narrative Analysis of Num 20,1-13”, com o objetivo de analisar a dimensão narrativa de um episódio de um livro muito importante, ainda que talvez pouco conhecido, do Antigo Testamento: o livro dos Números.

O Padre Daniel Nascimento sintetiza-nos o seu estudo:

Contrariamente ao que o nome possa parecer indicar, este livro, o quarto do Pentateuco, contém muito mais coisas do que “números” (referência a dois grandes censos do povo de Israel no deserto). Em particular, Números 20,1-13, episódio geralmente conhecido como o das “águas de Meribá”, tem uma importância singular, na medida em que apresenta o momento no qual Moisés e Aarão, que conduzem o povo de Israel na sua saída do Egipto da escravidão para a terra prometida, são castigados por falta de confiança em Deus. O episódio insere-se numa série de “rebeliões no deserto”, ou seja, momentos em que a autoridade de Moisés e do próprio Deus são postas em causa por um povo que repetidas vezes murmura e desespera. Por isso, os 40 anos que devem passar no deserto são atribuídos como castigo pela sua incapacidade de confiar no Senhor (cf. Números 14), e será já uma nova geração que entrará na terra da promessa. Junto às águas de Meribá, face à falta de água que ameaça toda a comunidade, Moisés aparentemente reedita um milagre anterior (de Êxodo 17,1-7), fazendo com que uma rocha no deserto se torne fonte de água. Mas uma leitura atenta do episódio mostra que nem sequer Moisés e Aarão são irrepreensíveis no modo em como seguem (ou não) as ordens divinas. De facto, a entrada na terra da promissão não é uma conquista humana, mas um dom de Deus: o castigo dado a Moisés e Aarão reconfigura o papel e a importância dos líderes, uma vez que o cumprimento da promessa de liberdade numa “terra que mana leite e mel” é garantida pelo próprio Deus que, apesar da incapacidade e do pecado dos homens, se mostra como o Deus verdadeiramente santo.

 

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22 de Abril de 2020