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Liturgia Diária: Terça-feira da XII Semana do Tempo Comum – “Entrai pela porta estreita.” (Mt 7, 6.12-14)

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Liturgia de Terça-feira da XII Semana do Tempo Comum

Comentário à liturgia de hoje pelo Padre Luís Marques, Administrador Paroquial de Vale de Figueira

“Inclinai os vossos ouvidos, Senhor, e escutai, abri os vossos olhos e vede”, é o clamor e a oração que o Rei Ezequias dirige ao Senhor diante da ameaça e dos perigos que representa Senaquerib, rei pagão da Assíria, que quer tomar o reino de Judá, e com ele a sua capital, Jerusalém. Diante de uma tal ameaça, o rei não hesita em colocar-se na presença de Deus, apelando a que o Senhor, o único e verdadeiro Deus, o salve a ele e ao povo. O rei sabe que Deus não o abandonará e que escutará o seu grito de confiança. Por isso, a resposta de Deus, pela boca do profeta Isaías, não se faz esperar: “Eu ouvi a oração que me dirigiste… Eu protegerei esta cidade e a salvarei”.

A atitude do rei, própria do crente, traduz-se nesta confiança em Deus diante das adversidades e contrariedades da vida. Como ele, diante das ameaças, das perseguições, explorações, vinganças e sofrimentos, físicos e espirituais, somos convidados a três atitudes fundamentais, a saber, a irmos ao templo, isto é, colocarmo-nos na presença de Deus; a apresentarmos na oração, o nosso diálogo com o Senhor, a verdade do que somos, vivemos e temos. Colocarmo-nos diante d’Ele e pedirmos que venha em nosso auxílio, que escute a nossa prece, que volte para nós o seu olhar, que resgate e salve. No fundo, como o apóstolo Pedro, e os outros apóstolos, que no barco agitado pela tempestade, procura e clama pelo único que os poderia salvar da morte: “salva-nos, Senhor, que perecemos”. Jesus ouviu a sua súplica e não deixou de o atender. Em terceiro lugar, portanto, confiar que o Senhor nos escutará, que não nos faltará, que agirá e virá em nosso auxílio.

Quantas vezes duvidamos que o Senhor está connosco? Quantas vezes pensamos que as trevas e sombras que habitam o nosso coração, não podem ser iluminadas pela luz de Cristo? No fundo, desbaratamos as pérolas com que Deus nos presenteou, que podemos por um lado identificar como os sacramentos, e por outro como os dons do Espírito Santo. No fundo, os instrumentos da graça para sermos e agirmos como Jesus.

Quantas vezes escolhemos a porta larga da inautenticidade e do poder, do ter e parecer, do desamor, em detrimento da porta estreita da caridade e da autenticidade, do serviço e da renúncia, do sacrifício e da humildade, do amor e da entrega. “Isto é o meu Corpo entregue… isto é o meu Sangue derramado por vós… para remissão dos pecados”.

Sabemos que trazemos este espinho na carne, isto é, de tantas vezes não termos sido e por vezes ainda não sermos fiéis ao Senhor, mas também sabemos que somos convidados ao arrependimento, ao perdão e à conversão. Nas horas difíceis e dolorosas da nossa vida, nos momentos de sofrimento e de fraqueza, recordemos a misericórdia do Senhor e brote do nosso coração esta prece: “Senhor, se quiseres podes curar-me”.

Padre Luís Marques

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23 de Junho de 2020