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Liturgia de Quarta-feira da XIV Semana do Tempo Comum – “Ide às ovelhas perdidas da casa de Israel.” (Mt 10, 1-7)

Igreja em Rede - formato diocese

Liturgia de Quarta-feira da XIV Semana do Tempo Comum

Comentário à liturgia de hoje pelo Padre Abraão Kasisa, Pároco de Faralhão e Praias do Sado

Hoje, através da leitura do evangelho, somos chamados a evangelizar o nosso mundo, o ambiente em que vivemos, cheio de medo! Mas a missão é mais forte do que o medo! Deus potencia aqueles que escolhe e envia.

Os discípulos de Jesus são escolhidos um a um e a todos é atribuído uma mesma missão: expulsar os espíritos impuros e curar todas as enfermidades e doenças. Também nós somos escolhidos e recebemos a missão de sermos testemunhas da Fé que chegou até nós através dos Apóstolos e de todos aqueles que os seguiram ao longo dos séculos (creio na Igreja una, santa, católica e apostólica).

Porque é que Jesus escolheu apenas doze homens? Porquê justamente aqueles e não outros? Perguntas sem respostas! Da mesma forma, poderíamos perguntar: por que nasci de pais católicos e por que fui batizado? Só a fé tem a resposta.

Mas, com doze homens, implantar o Reino de Deus num mundo pagão e ateu parece ridículo, se não fosse tão divino. Há uma desproporção humana para evidenciar que é obra divina! É força de Deus que sempre confundiu a mentalidade humana.

Os apóstolos tinham essa missão: anunciar o Reino dos Céus, tendo como primeira preferência os afastados, as ovelhas perdidas, os que estavam longe. Tinham como base de trabalho: a fé e confiança ilimitadas em Deus, “Eu estarei convosco até ao fim dos tempos”. (cf. Mt 28, 19ª, 20b)

Será que nós, cristãos, levamos a sério a nossa missão? Somos apóstolos de nosso ambiente do trabalho e da nossa família? Somos cooperadores zelosos de nossa comunidade?

Se houve uma coisa que o Concílio Vaticano II salientou, foi a colaboração dos leigos no apostolado. Porém, ainda estamos longe disso, embora haja progressos significativos e de louvar.

A missão com que são enviados os doze consiste em fazer recuar o mal, em praticar o bem como o seu Senhor Jesus, em pregar o Reino narrado por Jesus na sua pessoa. Isso situa-se entre o dom e a responsabilidade: “Recebestes de graça, dai de graça” (Mt 10, 8). A missão é evocada na sua inteireza, não como um fazer, mas como um receber e um dar. Pedir ou receber dinheiro é incompatível com a gratuidade do anúncio messiânico: seria contradizer o dom gratuito recebido.

O enviado é pobre: nem um bastão para apoiar o seu cansaço, sandálias para palmilhar os caminhos. Não tem bolsa nem dinheiro, mas um coração de compaixão.

Como Jesus que caminhava, pregando a proximidade de Deus e curando todas as doenças, toda a pobreza, todas as dores, assim também é a missão dada aos apóstolos e que é confiada também a nós batizados: anunciar que Deus está próximo de quem quer que tenha o coração ferido. Hoje há tantas feridas e dores no contexto da pandemia e de outros problemas e circunstâncias que precisam de remédio, da nossa atenção e da nossa oração.

Jesus, hoje, envia-me primeiro aos mais próximos: aos meus familiares, aos meus colegas de trabalho, aos meus vizinhos, aos meus concidadãos, aos afetados e infetados pelo covid-19, aos idosos abandonados, aos sem-abrigo, aos desempregados…! Com Jesus posso relacionar-me com eles de modo a recuperar o que cada um tem de positivo e de bom, tratando das feridas e das fragilidades.

O Conteúdo essencial do anúncio: “olhai o Reino de Deus que está próximo”. Assim deve ser a mensagem da Igreja: Deus convida o homem à fé, ao amor de filho e à fraternidade.

Voltando a escutar os nomes dos doze apóstolos, hoje direi: “Eis-me aqui, Senhor, envia-me a mim”. Como o profeta que sente dor pela dor de Deus, como Oseias que anuncia a compaixão de Deus ao povo denunciando as injustiças.

Já é tempo de procurar o Senhor e de anunciá-lo! Peço ao Senhor esta Graça!

Padre Abraão Kasisa

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08 de Julho de 2020