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Liturgia de Sexta-feira da XIV Semana do Tempo Comum – “Não sereis vós a falar, mas o Espírito de vosso Pai.” (Mt 10, 16-23)

Igreja em Rede - formato diocese

Liturgia de Sexta-feira da XIV Semana do Tempo Comum

Comentário à liturgia de hoje pelo Padre Armando Azevedo

Na semana XIV do Tempo Comum do ano A, a Igreja apresenta-nos a história comovente do profeta Oseias. Foi enviado por Deus ao Reino do Norte, que nessa altura estava muito influenciado pelo poderio da Assíria, em pleno apogeu político. Sargão II em 722 a.C. invadiu e destruiu a Samaria, capital do Reino do Norte, levando deportados o rei e os habitantes. O cativeiro durou cerca de 170 anos. É nesse tempo que se situa a história de Tobias e do profeta Jonas.

Daí a influência da Assíria sobre Israel, que procura impor a sua cultura e a sua religião: o culto dos seus ídolos, considerados deuses poderosos e influentes, que proporcionam os êxitos militares aos reis da Assíria.

O profeta Oseias é enviado para o Reino do Norte, a pregar a “conversão ao Senhor teu Deus porque foram teus pecados que te fizeram cair”, (Os 14) e não o poder dos ídolos. É o próprio Deus que sugere a conversão e o modo de pedir perdão das infidelidades. “ Não é a Assíria que nos pode salvar”, e “não chamaremos nosso Deus à obra das nossas mãos (os ídolos) porque só em Vós, o órfão (o povo escravo e sem rei) encontra piedade”.

O próprio Deus promete amar o povo e curar os corações, “pois a minha ira afastou-se deles”. Com imagens expressivas, fruto da realidade de alguns vales férteis e produtivos, o profeta promete ao povo, em nome de Deus, outros tempos de fertilidade e prosperidade se se converter a Deus.” Porque são rectos os caminhos do Senhor; por eles caminham os justos e neles só tropeçam os pecadores”.

Este convite é de toda a actualidade para a Igreja que, por vezes, se deixa fascinar pelo prestígio de uma sociedade (Assíria) sedutora, que promete êxitos e prosperidades vindos dos ídolos atuais: a ciência e a técnica, a razão, as capacidades humanas. “Não precisamos de Deus, podemos prescindir d`Ele”. E a verdade é que o homem se vê impotente de dominar um simples vírus invisível, e outros que já ameaçam.

O Evangelho é a continuação das recomendações de Jesus aos seus apóstolos, enviados em missão, em grupos de dois. Os avisos e apelos de Jesus à perseverança não eram para aquela ocasião, mas sim para o futuro. Quando Mateus escreveu o seu Evangelho, havia uma terrível perseguição do império romano contra os cristãos, em que estas situações, aqui descritas, se verificavam de forma generalizada. Isto nos anuncia as dificuldades que sempre aparecem na evangelização em que, ao longo dos tempos, a Igreja, se deve empenhar; também nos tempos de hoje. Daí a actualidade deste Evangelho, convidando à perseverança, sem desânimos.” Aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo”. “Sede prudentes como as serpentes e, simples como as pombas”. “ O espírito do vosso Pai falará em vós “.

Padre Armando Azevedo

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10 de Julho de 2020