comprehensive-camels

A Palavra do Papa: o cuidado, a contemplação e o amor misericordioso nas relações humanas

20200917-a-palavra-do-papa-francisco

Esta semana, o Papa Francisco enfatiza o valor da proximidade com os outros, no cuidado aos mais frágeis, na prática do perdão e na contemplação da criação. Deixou ainda uma mensagem particular aos estudantes e professores que agora retomam as suas atividades escolares.

“A proximidade do amor abre as portas para a esperança e para a cura”

Na passada sexta-feira, 11 de setembro, o Papa Francisco recebeu em audiência, na Sala Paulo VI, no Vaticano, um grupo de profissionais de saúde por ocasião da sua participação no Congresso Mundial de Ginecologia Oncológica.

O Papa elogiou o “precioso serviço” dos profissionais de saúde, realçando a “importância de criar laços de solidariedade entre os pacientes com doenças graves, envolvendo os parentes e profissionais de saúde numa relação de ajuda recíproca”.

Na audiência, o Sumo Pontífice observou que “o doente é muito mais que o protocolo dentro do qual ele se enquadra do ponto de vista clínico” uma vez que “viver boas relações ajuda os doentes ao longo de todo o percurso do tratamento, reacendendo ou aumentando a sua esperança”.

A confiança e proximidade entre paciente e profissionais de saúde “abre as portas para a esperança e também para a cura.”

“Aplicar o amor misericordioso nas relações humanas”

Inspirado na passagem de São Mateus (Mt 18, 21-35), proposta pela liturgia do dia, o Papa dedicou a sua reflexão no Angelus deste XXIV Domingo do Tempo Comum ao perdão, alertando-nos que “se não nos esforçarmos para perdoar e amar, tampouco nós seremos perdoados e amados.”

Dirigindo-se a um número sempre maior de fiéis e turistas presentes na Praça de São Pedro, Francisco explica que “no comportamento divino, a justiça é permeada pela misericórdia, enquanto o comportamento humano se limita à justiça.

“Jesus exorta-nos a abrirmo-nos com coragem ao poder do perdão, porque nem tudo na vida se resolve com a justiça”, acrescenta o Santo Padre.

“Quanto sofrimento, quantas lacerações, quantas guerras poderiam ser evitadas se o perdão e misericórdia fossem o estilo da nossa vida” questiona o Papa mostrando que “é necessário aplicar o amor misericordioso em todas as relações humanas: entre os cônjuges, entre os pais e os filhos, nas nossas comunidades, na Igreja e também na sociedade e na política.”

O Papa chamou a atenção dos presentes para alguns acontecimentos no mundo onde se revela a necessidade de misericórdia, em particular o incêndio num campo de migrantes na ilha grega de Lesbos, “deixando milhares de pessoas sem refúgio, ainda que precário”, pedindo às comunidades eclesiais para que trabalhem sempre em favor do diálogo e da reconciliação.

“Contemplar e cuidar”: atitudes para reequilibrar a nossa relação com a criação

“Curar o mundo. Cuidar da Casa comum e atitude contemplativa” foi o tema da audiência geral desta semana em que o Pontífice criticou os que não “param para admirar e apreciar o que é belo” e que transformam tudo em objeto de uso e abuso.

As criaturas têm um valor em si e refletem, cada uma à sua maneira, um raio da infinita sabedoria e bondade de Deus. Este valor e este raio de luz divina devem ser descobertos e, para os descobrirmos, precisamos de silêncio, escuta e contemplação. A contemplação cura a alma”.

Francisco disse que “sem contemplação, é fácil cair num antropocentrismo desequilibrado e soberbo” que faz do homem “dominador absoluto” de todas as outras criaturas.

“Contemplar” é “ir além da utilidade de uma coisa” e descobrir o seu “valor intrínseco”, conferido por Deus. Para o Santo Padre, “cada criatura possui a capacidade icónica ou mística de nos reconduzir ao Criador e à comunhão com a criação”.

Ao abordar este tema, e dirigindo-se à comunidade polaca, o Papa Francisco recordou ainda as palavras de São João Paulo II:

“Hoje, ao falarmos da contemplação da criação, me vêm em mente as palavras de São João Paulo II: ‘contemplo a beleza desta terra […]. Parecem falar, com um poder excecional, o azul do céu, o verde dos bosques e dos campos, a prata dos lagos e dos rios. […] E tudo isso testemunha o amor do Criador, o poder vivificador do seu Espírito e a redenção feita do Filho para o homem e para o mundo’. Que essa forma de viver a relação com a criação seja para todos nós uma fonte de compromisso em favor da sua salvaguarda!”

Estudantes “artífices do futuro” e “agentes da paz”

Numa altura em que, por toda a Europa, estão a ser reabertas as escolas, depois de meses de confinamento, o Papa exortou à responsabilidade de todos no retorno às aulas.

À comunidade de língua árabe, na última Audiência Geral, encorajou os estudantes e professores a serem “artífices do futuro”.

“Que o Senhor os ajude a se tornarem protagonistas de um mundo mais justo e fraterno, mais acolhedor e solidário, onde a paz possa triunfar na rejeição de qualquer forma de violência” exortou o Papa.

Também no prefácio da mais recente obra publicada pela Livraria Editora Vaticana, intitulada “Por um saber sobre a paz”, organizada por Gilfredo Marengo, o Papa Francisco dirige-se especialmente aos jovens que pretendem se especializar em Ciências da Paz, tornando-se “agentes de paz”.

O gosto pelo estudo, afirma o Pontífice, deve ser acompanhado por um coração inspirado no Evangelho, capaz de compartilhar as esperanças e as ansiedades dos homens de hoje, “a fim de saber realizar um verdadeiro discernimento evangélico”.

JM (com recursos Vatican News)

Partilhe nas redes sociais!
17 de Setembro de 2020