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A Palavra do Papa: um encontro inesquecível, a unidade dos cristãos e a teimosia pela paz

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Esta semana, Francisco defendeu que a resposta ao chamamento de Deus é uma resposta de amor. Falou sobre a oração que leva à paz e à unidade e fez um forte apelo ao desarmamento nuclear.

Angelus: o encontro com Jesus é um encontro de amor

Na sua habitual alocução na recitação do Angelus, este domingo, Francisco referiu que o projeto de Deus para cada um de nós é sempre um plano de amor. E ao seu chamamento, devemos responder com amor, no serviço a Deus e aos irmãos.

Inspirado no Evangelho de João – que apresenta o encontro de Jesus com os seus primeiros discípulos, – o Papa também convidou a recordarmos o momento do encontro derradeiro que tivemos com o Senhor, “para que a recordação daquele momento nos renove sempre no encontro com Jesus”.

Da Biblioteca do Palácio Apostólico, Francisco começou a sua reflexão descrevendo a cena de Jesus com dois dos seus discípulos à beira do rio Jordão, um deles André. E foi o próprio João Batista – explicou – quem lhes apontou o Messias com estas palavras: “Eis o Cordeiro de Deus!”

Em resposta às perguntas que começaram a ser-lhe dirigidas, cheias de curiosidade, Jesus não apresenta “um cartão de visitas”, mas convida-os para um encontro: “Vinde e vede!” “Os dois o seguem e naquela tarde permanecem com Ele”.

Uma coisa que chama a atenção: um deles, sessenta anos depois, ou talvez mais, escreveu no Evangelho – “eram por volta das quatro da tarde” – escreveu a hora. E isso é algo que nos faz pensar: todo o encontro autêntico com Jesus fica na memória viva, nunca é esquecido.”

O primeiro chamamento de Deus – explica Francisco – “é para a vida, com a qual nos constitui como pessoas; é um chamamento individual, porque Deus não faz as coisas em série”.  

Depois – acrescenta – “Deus chama-nos à fé e para fazer parte da sua família, como filhos de Deus. Por fim, Deus chama-nos a um estado particular de vida: a doar-nos no caminho do matrimónio, no do sacerdócio ou na vida consagrada.

A maior alegria para cada crente (para cada fiel) é responder a este chamamento, oferecer-se inteiramente ao serviço de Deus e dos irmãos”, acrescenta o Papa.

Sobre a recusa ou hesitação perante o chamamento, o Papa exorta a encontrar o amor por trás de cada chamamento. Desafia-nos a recordar um momento em que Deus “se fez presente com mais força” para que “a memória daquele momento nos renove sempre no encontro com Jesus”.

Nos apelos que costuma fazer após rezar o Angelus, o Papa Francisco recordou o início da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos enfatizando que “a unidade é sempre superior ao conflito”.

Unidade dos Cristãos: superar o “escândalo” das divisões entre os fiéis em Jesus

“A oração pela unidade dos cristãos” foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira.

Celebrada de 18 a 25 deste mês, a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos tem como tema “Permanecei no meu amor e produzireis muitos frutos”.

Segundo Francisco, esta iniciativa tem como objetivo “invocar de Deus o dom da unidade a fim de superar o escândalo das divisões entre os fiéis em Jesus”.

Depois da Última Ceia, Jesus rezou pelos seus, «para que todos sejam um»:

Foi a sua oração antes da Paixão, poderíamos dizer o seu testamento espiritual. Observamos, contudo, que o Senhor não ordenou aos discípulos a unidade. Nem lhes fez um discurso para motivar a sua necessidade. Não, Ele rezou ao Pai por nós, para que fôssemos um. Isto significa que não somos suficientes, com a nossa força, para realizar a unidade. A unidade é primeiramente um dom, é uma graça a ser pedida com a oração”, disse o Papa.

Dando nos conta de que não somos capazes de preservar a unidade, “nem sequer dentro de nós próprios”, “o verdadeiro remédio começa pelo pedir a Deus a paz, a reconciliação, a unidade”.

Refere o Pontífice que “a unidade só pode vir como fruto da oração. Os esforços diplomáticos e os diálogos académicos não são suficientes. Devem ser feitos, mas não bastam. Jesus sabia isto e abriu-nos o caminho através da oração. Deste modo, a nossa oração pela unidade é uma humilde mas confiante participação na oração do Senhor, o qual prometeu que cada oração feita no seu nome será ouvida pelo Pai”.

Francisco lamenta rezarmos pouco pela unidade dos cristãos e que esta só se tornará real se testemunharmos o amor que nos une e nos aproxima.  Especialmente nestes tempos difíceis, “a oração é ainda mais necessária para que a unidade prevaleça sobre os conflitos”.

“Nas últimas décadas, graças a Deus, foram dados muitos passos em frente, mas é necessário perseverar no amor e na oração, sem desanimar e incansavelmente. É um percurso que o Espírito Santo suscitou e do qual nunca voltaremos atrás”, acrescenta o Papa.

Rezar significa lutar pela unidade. Sim, lutar, porque o nosso inimigo, o diabo, como a própria palavra diz, é o divisor. Ele insinua a divisão, em todo o lado e de todas as maneiras, enquanto o Espírito Santo faz convergir sempre em unidade”, continua.

Francisco convidou-nos a fazer exame de consciência e perguntar se nos locais onde vivemos, onde estamos, fomentamos conflitos ou lutamos “para crescer em unidade com os instrumentos que Deus nos deu: a oração e o amor”.

“A raiz da comunhão é o amor de Cristo, que nos faz superar os preconceitos para vermos nos outros um irmão e uma irmã a amar sempre”, disse ainda o Papa. “Deste modo descobrimos que os cristãos de outras confissões, com as suas tradições, com a sua história, são dons de Deus, são dons presentes nos territórios das nossas comunidades diocesanas e paroquiais. Comecemos a rezar por eles e, se possível, com eles. Desta forma, aprenderemos a amá-los e a apreciá-los. A oração, recorda-nos o Concílio, é a alma de todo o movimento ecuménico”, concluiu o Papa.

Ao saudar os fiéis de língua portuguesa, o Papa Francisco dirigiu a sua oração às vítimas do coronavírus, de modo especial aos que sofrem em Manaus, Brasil.

Francisco: que o mundo seja livre de armas nucleares

Um mundo sem armas nucleares que permite o avanço da paz. Na Audiência Geral, esta quarta-feira, o Papa Francisco eleva fortemente a sua voz pelo desarmamento global, na esteira dos seus predecessores, uma vez que faltam dois dias para entrada em vigor do Tratado adotado em 2017, que torna ilegal o uso, a ameaça, a posse e o armazenamento de armas atómicas. Francisco abordou o tema pouco antes da sua saudação aos fiéis de língua italiana.

Trata-se do primeiro instrumento internacional juridicamente vinculativo que proíbe explicitamente essas armas, cujo uso tem um impacto indiscriminado: afeta um grande número de pessoas em breve tempo e causa danos ao ambiente de longa duração.

“A humanidade precisa de paz e cooperação e o compromisso de todos é necessário”, apela o Papa encorajando “fortemente todos os Estados e todos as pessoas a trabalharem com determinação para promover as condições necessárias para um mundo livre de armas nucleares, contribuindo para o avanço da paz e da cooperação multilateral, da qual a humanidade tanto precisa hoje”.

JM (com recursos Vatican News)

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21 de Janeiro de 2021