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A Palavra do Papa: a cruz salvífica, os irmãos de sangue, o caminho para a Galileia e a alegria do Ressuscitado

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Francisco presidiu às celebrações pascais com forte apelo ao recomeço, mas lembrando sempre a cruz dos que sofrem, com a pandemia e a guerra. “O Ressuscitado é a Esperança”, disse na Vigília Pascal.

Missa Crismal: a cruz, parte integrante da condição humana

O Papa Francisco presidiu à Missa do Crisma com os sacerdotes de Roma, na Basílica de São Pedro, na manhã de Quinta-feira Santa, 1 de abril.

“No Evangelho, vemos uma mudança de sentimentos nas pessoas que escutavam o Senhor. É uma mudança dramática que nos mostra quão ligadas estão a perseguição e a cruz ao anúncio do Evangelho. Uma frase que alguém murmurou em voz baixa tornou-se insidiosamente «viral»: «Não é este o filho de José?»”, disse o Pontífice na sua homilia.

A palavra de Jesus tem o poder de trazer à luz aquilo que uma pessoa guarda no coração, sendo habitualmente uma mistura de coisas como o joio e o trigo. E isto provoca luta espiritual”, sublinhou Francisco.

“A rapidez com que se desencadeou a fúria e a brutalidade do encarniçamento, capaz de matar o Senhor naquele preciso momento, mostra-nos que é sempre a hora”, disse o Papa aos sacerdotes, ressaltando que “andam juntas a hora do anúncio jubiloso e a hora da perseguição e da cruz”. “A proclamação do Evangelho está sempre ligada ao abraço duma cruz concreta. A luz suave da Palavra gera clareza nos corações bem-dispostos, e confusão e rejeição naqueles que o não estão. Vemos isto constantemente no Evangelho”, frisou o Papa.

Nas palavras de Francisco a presença precoce da cruz suscita duas reflexões: a primeira, que a cruz já foi experimentada por Jesus, mesmo antes do seu nascimento.

“Ora, a fim de «tirar algum proveito» para a nossa vida sacerdotal, que reflexão poderemos fazer ao contemplar esta presença precoce da cruz (da incompreensão, da rejeição, da perseguição) no início e no meio da pregação evangélica? Vêm-me à mente duas reflexões”, disse ainda Francisco.

“A primeira: não nos deve maravilhar a constatação de estar presente a cruz na vida do Senhor no início de seu ministério, pois estava já antes do seu nascimento e que esta não depende das circunstâncias da vida de cada um.

Se as circunstâncias determinassem o poder salvífico da cruz, o Senhor não teria abraçado tudo. Mas quando chegou a sua hora, abraçou a cruz inteira. Porque a cruz não tolera ambiguidade; com a cruz, não se regateia!”, disse ele.

A segunda reflexão do Papa diz o seguinte: “É verdade que há algo na cruz que é parte integrante da nossa condição humana, com os seus limites e fragilidades. Mas é verdade também que, daquilo que acontece na cruz, há algo que não é inerente à nossa fragilidade, mas é a mordida da serpente que, vendo o Crucificado indefeso, morde-O e tenta envenenar e desacreditar toda a sua obra. (…) Nesta mordida, cruel e dolorosa, que pretende ser mortal, aparece finalmente o triunfo de Deus.”

“Peçamos ao Senhor a graça de tirar proveito destes ensinamentos: é verdade que, no anúncio do Evangelho, há cruz; mas é uma cruz que salva. Pacificada com o Sangue de Jesus, é uma cruz com a força da vitória de Cristo que vence o mal e nos liberta do maligno. Abraçá-la com Jesus e como Ele, permite-nos discernir e repelir o veneno do escândalo com que o demónio procurará envenenar-nos quando chegar inesperadamente uma cruz na nossa vida”, frisou ainda o Pontífice.

O Papa: “nunca se erra quando se consulta o povo”

Francisco agradece em vídeo as mais de 100 mil mensagens de felicitações recebidas por ocasião dos oito anos de seu pontificado. A iniciativa promovida pelo padre José María Di Paola, conhecido como “Padre Pepe”, o padre argentino das “villas miserias” (bairros de Buenos Aires).

No início da mensagem, o Papa revela o perfil deste grupo com o nome “excessivo” de “Geração Francisco”, que faz da “cultura do encontro” uma escolha da vida quotidiana. E que aproveitou o aniversário do seu Pontificado, celebrado pela oitava vez no dia 13 de março passado, para aderir, em massa, à ideia concebida pelo padre José María Di de recolher mensagens de felicitações ao Papa Francisco – mais de 100 mil e continuam a aumentar graças às redes sociais – e o inesperado coro dessas vozes tocou acordes profundos no Papa, sempre sensível quando é o “pueblo” que fala.

Estamos frequentemente acostumados a tomar decisões sem consultar o povo (…) tanto na vida paroquial, quando o pároco não consulta o povo; como na vida da província, quando o governador não consulta o povo; e na diocese, quando o bispo não consulta o povo; e na nação, quando as autoridades não consultam o povo, mesmo no caso de leis importantes e controversas sobre a moral, e o povo é o grande ausente” admitiu o Pontífice.

Para Francisco, o gesto do padre Pepe – “capaz de mover corações simplesmente porque é autêntico” – serviu precisamente para isso, para desencadear o “recurso” de ouvir o povo. O único, diz ele, verdadeiramente “soberano”, porque a autoridade é legitimada pelo povo.

“Não se esqueçam, nunca se erra quando se consulta o povo, sempre na ordem civil, e nunca se erra quando se consulta o santo povo fiel de Deus na Igreja (…) que leva avante a fé e a leva no seu próprio dialeto.”

Via-Sacra com e pelas crianças do mundo

As crianças e as suas cruzes estiveram no centro da Via-Sacra presidida pelo Papa Francisco na noite de Sexta-feira Santa, realizada pelo segundo ano consecutivo na Praça São Pedro, devido à pandemia.

Os jovens autores dos textos foram os mesmos que carregaram a cruz no cenário semideserto no Vaticano.

As 14 estações foram colocadas ao redor do obelisco e ao longo do caminho que leva ao adro da Basílica. Tochas no chão traçaram o percurso, formando uma grande cruz luminosa. A cada etapa do calvário, um desenho e uma oração, como esta: “Jesus, ajudai-nos a não abandonar as nossas orações quando sentimos o nosso coração pesado frente à pedra do vosso sepulcro”.

Escuteiros, crismandos, crianças que vivem em “casas-família” refletiram angústias, ansiedades, preocupações a cada estação. Cenas corriqueiras da infância, como uma discussão com a mãe ou desentendimentos na escola foram colocados no papel. Também houve espaço para a chegada de um novo amigo migrante e a relação com os próprios limites e o desafio do amadurecimento. O dia a dia transformado pela pandemia e o luto foram exteriorizados. As experiências negativas deram espaço à solidariedade, à inclusão, à superação e à esperança.

Na oração final, o pedido dos adultos de que o Senhor “nos ajude a nos tornar pequeninos, necessitados de tudo, abertos à vida”, reconquistando a pureza do olhar e do coração.

Pedimos que o Senhor abençoe e proteja todas as crianças do mundo, para que possam crescer em idade, sabedoria e graça, a fim de conhecerem e seguirem o projeto bom que o Senhor pensou para cada uma delas.”

Ao final, o Pontífice saudou os pequenos, sendo rodeado por eles. Ao confiar as meditações da Via Sacra às crianças, o Papa Francisco convida-nos a olhar o sofrimento da humanidade – especialmente neste tempo marcado pela pandemia – através dos olhos dos pequenos. Ele pede-nos, de alguma forma, que nos baixemos para olhar o mundo na altura do olhar das crianças.

Sexta-feira Santa: Jesus, primogénito entre muitos irmãos

A homilia da celebração da Paixão do Senhor da Sexta-feira Santa 2021 foi feita pelo cardeal Frei Raniero Cantalamessa, o pregador da Casa Pontifícia.

O tema da sua homilia foi centrado na recente encíclica sobre a fraternidade do Papa Francisco “Fratelli tutti” destacando que em pouco tempo “fez renascer em tantos corações a aspiração quanto a este valor universal, trouxe à luz tantas feridas contra ela no mundo de hoje, indicou algumas vias para se chegar a uma verdadeira e justa fraternidade humana”.

“O mistério da cruz que estamos a celebrar – disse o cardeal – obriga a nos concentrarmos justamente neste fundamento cristológico da fraternidade, que foi inaugurado na morte de Cristo”. “No Novo Testamento”, continua, “‘irmão’ significa, em sentido primordial, a pessoa nascida do mesmo pai e da mesma mãe. ‘Irmãos’, em segundo lugar, são chamados os membros do mesmo povo e nação”. E amplia o conceito: “Neste alargamento de horizonte, chega-se a chamar de irmão cada pessoa humana, pelo facto de ser tal. Irmão é aquele que a Bíblia chama de “próximo”.

“Nesta linha, a Páscoa marca uma etapa nova e decisiva. Graças a ela, Cristo se torna ‘o primogénito entre muitos irmãos’ (Rm 8,29). Os discípulos se tornam irmãos em sentido novo e profundíssimo: partilham não apenas o ensinamento de Jesus, mas também o seu Espírito, a sua nova vida de ressuscitado”.

Frei Cantalamessa esclarece: “Depois da Páscoa, este é o uso mais comum do termo irmão; indica o irmão de fé, membro da comunidade cristã. Irmãos ‘de sangue’, também neste caso, mas do sangue de Cristo! Isso faz da fraternidade de Cristo algo de único e transcendente, em relação a qualquer outro género de fraternidade, e deve-se ao fato de que Cristo é também Deus”.

Vigília Pascal: Com Jesus, a vida muda. Com Ele, a vida recomeça

A Mãe de todas as vigílias: o círio pascal iluminou a Basílica de São Pedro, na cerimónia presidida pelo Papa Francisco no início da noite de sábado. Devido à pandemia, nesta vigília pascal não foram administrados batismos, mas foi feita a renovação das promessas batismais e as leituras também foram reduzidas.

Na homilia, o Papa concentrou-se sobre um versículo do Evangelho proposto pela liturgia: “Ele precede-vos a caminho da Galileia; lá O vereis” (16, 7). Para Francisco, aqui se encontra o convite da Páscoa: “ir para a Galileia”, que significa, explicou o Papa, “recomeçar”.

Aqui está o primeiro anúncio de Páscoa que gostaria de deixar: é possível recomeçar sempre, porque há uma vida nova que Deus é capaz, independentemente de todos os nossos falimentos, de fazer reiniciar em nós.”

Deus pode construir uma obra de arte até a partir dos escombros do nosso coração; a partir mesmo dos pedaços arruinados da nossa humanidade, Deus prepara uma nova história.

Ele sempre nos precede, afirmou ainda o Papa. E nestes meses sombrios de pandemia, “ouçamos o Senhor ressuscitado que nos convida a recomeçar, a nunca perder a esperança”.

Ir para a Galileia significa também percorrer caminhos novos, “é mover-se na direção oposta ao túmulo”. Ir para a Galileia significa aprender que a fé, para estar viva, deve continuar a caminhar. Temos medo das surpresas de Deus, acrescentou o Pontífice, mas hoje o Senhor nos convida a deixar-nos surpreender.

Jesus não é um personagem ultrapassado. Ele está vivo, aqui e agora.” Caminha connosco todos os dias, na situação que estamos a viver, nos sonhos que trazemos dentro de nós.

Ir para a Galileia significa, além disso, ir aos confins. Porque a Galileia é o lugar mais distante, explicou ainda Francisco, onde Jesus começou a sua missão, dirigindo o anúncio aos excluídos.

“E hoje também é lá que o Ressuscitado pede aos seus para irem. É o lugar da vida diária, são os caminhos que percorremos todos os dias, são os recantos das nossas cidades onde o Senhor nos precede e Se torna presente.

O convite final do Papa é que redescubramos a graça da quotidianidade, reconhecer Jesus nas nossas «galileias», na vida de todos os dias. Com Ele, a vida mudará. Com Ele, a vida recomeça. Porque, para além de todas as derrotas, do mal e da violência, para além de todo sofrimento e para além da morte, o Ressuscitado vive e guia a história.

Urbi et Orbi: Em meio a guerras e pandemia, o Ressuscitado é a esperança

O Papa Francisco presidiu na Basílica Vaticana à Santa Missa de Páscoa, com uma limitada presença de fiéis devido às normas anti-Covid. E foi precisamente esta situação que conduziu a mensagem Urbi et Orbi pronunciada em frente ao altar da Cátedra de Pedro.

Queridos irmãos e irmãs, feliz Páscoa! Hoje ressoa, em todas as partes do mundo, o anúncio da Igreja: «Jesus, o crucificado, ressuscitou, como tinha dito. Aleluia», começou o Pontífice.

O Papa lembrou a crise sanitária, económica e social que a maioria enfrenta nestes dias, recordando igualmente os conflitos armados existentes: “Cristo ressuscitado é esperança para quem sofre devido à pandemia, para os doentes e para quem perdeu um ente querido, para os desempregados, para os médicos e enfermeiros”.

Um instrumento essencial nesta luta, disse o Papa, são as vacinas. Por isso, exorta toda a comunidade internacional a um empenho comum para superar os atrasos na distribuição das doses e facilitar a sua partilha, especialmente com os países mais pobres.

A mensagem pascal é dirigida também aos migrantes que fogem da guerra e da miséria. E Francisco agradeceu aos países que acolhem, como Jordânia e Líbano, que enfrenta inclusive um “período de dificuldades e incertezas”. O Papa citou ainda o Myanmar, o Haiti, a Síria, o Iémen, a Líbia, a Ucrânia, o Iraque, o Sahel e a Nigéria, bem como a região de Tigré e Cabo Delgado, em Moçambique. Lembrou também o conflito israelo-palestiniano.

No mundo, há ainda demasiadas guerras, demasiada violência! O Senhor, que é a nossa paz, nos ajude a vencer a mentalidade da guerra”, foi o clamor do Papa.

Por fim, um pensamento aos muitos cristãos que nem sequer podem ir às missas por causa da pandemia. “Rezemos para que tais limitações, bem como toda a limitação à liberdade de culto e religião no mundo, sejam removidas e cada um possa livremente rezar e louvar a Deus.”

A mensagem final do Papa foi de esperança: “À luz do Ressuscitado, os nossos sofrimentos são transfigurados. Onde havia morte, agora há vida; onde havia luto, agora há consolação. Ao abraçar a Cruz, Jesus deu sentido aos nossos sofrimentos. Feliz Páscoa para todos!”

Segunda-feira do Anjo: “encontrar Cristo significa descobrir a paz do coração”

O Papa Francisco rezou a oração mariana do Regina Coeli da Biblioteca do Palácio Apostólico, nesta segunda-feira da Oitava da Páscoa, também conhecida como “Segunda-feira do Anjo”.

“A segunda-feira após a Páscoa também é chamada Segunda-feira do Anjo, porque recordamos o encontro do anjo com as mulheres que foram ao túmulo de Jesus”, disse o Pontífice no início da sua alocução.

Para elas o anjo disse: “Sei que procurais Jesus, o crucificado”. Ele não está aqui. Ele ressuscitou”. Esta expressão “Ele ressuscitou” está além das capacidades humanas. Também as mulheres que foram ao túmulo e o encontraram aberto e vazio, não podiam afirmar: “Ele ressuscitou”, mas apenas que o túmulo estava vazio.

Das palavras do anjo, podemos colher um ensinamento precioso: não nos cansemos jamais de buscar o Cristo ressuscitado, que dá vida em abundância àqueles que o encontram. Encontrar Cristo significa descobrir a paz do coração. As mesmas mulheres do Evangelho, após a angústia inicial, experimentam uma grande alegria em encontrar o Mestre vivo. Nesta Páscoa, desejo a todos que façam a mesma experiência espiritual, acolhendo nos seus corações, lares e famílias o alegre anúncio da Páscoa: “Cristo ressuscitado não morre mais, a morte não tem mais poder sobre ele”.

“Esta certeza leva-nos a rezar, hoje e durante o período pascal: “Regina Caeli, laetare – Rainha dos Céus, alegrai-Vos”. O anjo Gabriel saudou-a desta forma pela primeira vez: “Alegrai-vos, cheia de graça! Agora a alegria de Maria é plena: Jesus vive, o Amor venceu. Que seja também a nossa alegria!”, disse o Papa.

Audiência Geral: “Os santos da porta ao lado”

“Rezar em comunhão com os santos” foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral, desta quarta-feira, 7 de abril, realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico.

“Quando rezamos, nunca o fazemos sozinhos: mesmo que não pensemos nisso, estamos imersos num rio majestoso de invocações que nos precede e continua depois de nós. Nas orações que encontramos na Bíblia, e que muitas vezes ressoam na liturgia, há um vestígio de histórias antigas, de libertações prodigiosas, de deportações e de tristes exílios, de retornos comoventes, de louvores que fluem diante das maravilhas da criação. Estas vozes são transmitidas de geração em geração, num entrelaçamento contínuo entre a experiência pessoal e a do povo e da humanidade a que pertencemos”, frisou o Pontífice.

As orações, as boas, se difundem, como todos os bons, se propagam continuamente, com ou sem mensagens nas “redes sociais”: das enfermarias dos hospitais, dos momentos de encontro festivo, assim como daqueles em que se sofre em silêncio. A dor de cada pessoa é a dor de todos, e a felicidade de um é transferida para a alma de outros. A dor e a felicidade! Uma história que se torna história na própria vida, se revive a história com as próprias palavras, mas a experiência é a mesma.”

“As orações renascem sempre: cada vez que juntamos as mãos e abrimos o coração a Deus, nos encontramos na companhia de santos anónimos e santos reconhecidos que rezam connosco, e que intercedem por nós, como irmãos e irmãs mais velhos que passaram por nossa mesma aventura humana”, disse ainda o Papa.

“Os santos ainda estão aqui, não muito longe de nós; e as suas representações nas igrejas evocam aquela “nuvem de testemunhas” que sempre nos circunda. São testemunhas que não adoramos – claro, não adoramos estes santos, mas que veneramos e que de mil maneiras diferentes nos remetem a Jesus Cristo, o único Senhor e Mediador entre Deus e o homem. Um santo, entre vírgulas, digamos assim, que não nos remete a Jesus Cristo, não é um santo e nem mesmo cristão. O santo recorda Jesus Cristo, pois ele percorreu o caminho de viver como cristão. Os santos lembram-nos que mesmo nas nossas vidas, embora frágeis e marcadas pelo pecado, a santidade pode florescer. De fato, até no último momento.”

Segundo Francisco, “não é por acaso que lemos nos Evangelhos que o primeiro santo canonizado foi um ladrão e não canonizado por um Papa, mas por Jesus. A santidade é um percurso de vida, de encontro com Jesus, seja longo ou breve, seja em um instante. Mas é sempre um testemunho, um santo é uma testemunha, de um homem, de uma mulher que encontrou Jesus e que seguiu Jesus. Em Cristo existe uma misteriosa solidariedade entre aqueles que passaram para a outra vida e nós, peregrinos nesta: os nossos queridos defuntos, do céu, continuam a cuidar de nós. Eles rezam por nós e nós rezamos com eles. E nos rezamos por eles, e rezamos com eles”.

Para o Papa, “este vínculo de oração entre nós e os santos, já o experimentamos aqui, na vida terrena: rezamos uns pelos outros, pedimos e oferecemos orações. A primeira maneira de rezar por alguém é falar com Deus sobre ele ou ela. Se fizermos isso frequentemente, todos os dias, o nosso coração não se fecha, permanece aberto aos nossos irmãos e irmãs. Rezar pelos outros é a primeira maneira de amá-los, e isso impulsiona-nos à proximidade concreta”.

“Sabemos que aqui na terra existem pessoas santas, homens e mulheres santos que vivem na santidade. Eles não sabem, nós também não sabemos, mas existem os santos, os santos de todos os dias, os santos escondidos ou, como eu gosto de dizer, os “santos da porta ao lado”, aqueles que convivem connosco na vida, que trabalham connosco e levam uma vida de santidade”.

JM (com recurso aos conteúdos noticiosos do Vatican News)

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07 de Abril de 2021