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A Palavra do Papa: o fiel servidor, a beleza do desporto, a unidade amorosa, a Senhora Desatadora dos Nós e a oração em relação

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Francisco recebeu nestes dias duas delegações desportivas, recomendando-lhes a viver em estilo de comunidade. Evidenciou as “pessoas reais” da Santíssima Trindade, apresentou novas reformas do Direito Canónico e concluiu a maratona de oração pelo fim da pandemia.

Patriarca dos Arménios Católicos: “pastor atencioso”

Por ocasião das exéquias do Patriarca da Cilícia dos Arménios Católicos, Sua Beatitude Gregory Pierre XX Ghabroyan, que faleceu dia 25 de maio, Francisco enviou uma mensagem este sábado a dom Boutros Marayati, administrador da Igreja Patriarcal.

O Pontífice lembra na mensagem as várias oportunidades em que se encontraram. Durante esses anos, recorda-o “como Pastor atencioso”: “Sua Beatitude presidiu a Igreja Patriarcal da Cilícia dos Arménios, ativando contactos com várias instituições civis e eclesiásticas para que fossem apoiadas certas iniciativas de solidariedade para as populações mais provadas”.

Cardeal Cornelius: “um fiel servidor do Evangelho”

Francisco lembrou num telegrama o primeiro cardeal do Vicariato Apostólico de Brunei, que morreu este sábado, dia 29 de maio, num hospital em Taiwan, depois de lutar contra uma grave doença. No ano passado, havia sido criado cardeal, mas o Covid 19 impediu-o de participar presencialmente na cerimónia do Consistório.

A mensagem foi enviada a Wojciech Załuski, delegado apostólico do Brunei, considerada a menor diocese da Ásia com apenas três padres e 21 mil fiéis, diante de uma população de quase 430 mil habitantes.

No texto em língua inglesa, Francisco expressou proximidade “ao clero, aos religiosos e aos leigos do Vicariato Apostólico de Brunei” e a tristeza ao tomar conhecimento da morte de D. Cornelius Sim, aos 88 anos. Com “gratidão pelo testemunho fiel ao Evangelho e o serviço generoso à Igreja em Brunei e à Santa Sé” do cardeal Sim, o Papa disse unir-se “aos fiéis em oração pelo seu descanso eterno”.

Desporto: viver em estilo de comunidade

O Santo Padre recebeu nos últimos dias duas delegações desportivas: a primeira da Athletica Vaticana, associação desportiva do Vaticano, que vai participar no Campeonato de Atletismo dos Pequenos Estados da Europa, e a segunda da Federação Italiana de Basquetebol, por ocasião dos seus cem anos de fundação.

Nas ocasiões, Francisco frisou o interesse da Igreja no desporto, visto que este é uma dimensão central na vida diária das pessoas, tanto que pode ser visto como um “sacramental da beleza”.

O Papa sugeriu à Athletica Vaticana para viver sempre um estilo de comunidade, treinando juntos, correndo juntos, sem nunca perder de vista a dimensão amadora da atividade desportiva que praticam.

Já à Federação de Basquetebol sublinhou dois aspetos para si relevantes da atividade desportiva que são o espírito de equipa e a disciplina.

Para o Pontífice, os desportos, mesmo os considerados individuais, “ajudam as pessoas a entrarem em contato umas com as outras, a criar amizade entre pessoas diferentes, muitas vezes desconhecidas, que apesar de virem de diferentes contextos se reúnem e lutam por um objetivo comum”. Na sua opinião, o desporto é um “medicamento para o individualismo” um lembrete do “valor da fraternidade”, presente no coração do Evangelho.

O desporto “exige muita disciplina, não só física, mas também interior: exercício físico, constância, atenção a uma vida ordenada em termos de horários e alimentação, descanso alternado com a fadiga do treino. Esta disciplina é uma escola de formação e educação, especialmente para crianças e jovens: (…) não pretende tornar-nos rígidos, mas tornar-nos responsáveis: por nós mesmos, pelas coisas que nos são confiadas, pelos outros e pela vida em geral”, afirmou.

Santíssima Trindade: viver a unidade, mesmo na diferença

No domingo (30 de maio), refletiu no Angelus sobre a liturgia do dia que celebrava a Santíssima Trindade, “o mistério de um único Deus, e esse Deus é: o Pai e o Filho e o Espírito Santo, três pessoas”. O Pontífice disse que pode ser difícil de entender, mas “é um só deus e três pessoas”, um mistério revelado pelo próprio Jesus Cristo:

Hoje paramos para celebrar esse mistério, porque as Pessoas não são adjetivações de Deus, não. São pessoas, reais, diversas, diferentes. Há o Pai, a quem rezo com o Pai Nosso; há o Filho, que me deu a redenção, a justificação; há o Espírito Santo que habita em nós e que habita na Igreja”.

Esse é um grande mistério que fala “ao nosso coração”, insistiu o Papa, porque o encontramos incluído na expressão de São João que resume toda a revelação: “Deus é amor”. Um mistério que deve ser vivido por nós, fortalecendo a nossa comunhão com o Senhor e com as pessoas com as quais convivemos, não só através das palavras, mas com a força da unidade e do amor.

O Papa, assim, refletiu sobre a importância deste Domingo da Santíssima Trindade encorajando-nos a “contemplar esse maravilhoso mistério de amor e de luz”, sem ignorar a unidade invocada por Jesus: “a beleza do Evangelho requer ser vivida – a unidade – e testemunhada em harmonia entre nós, que somos tão diferentes!”.

Francisco aproveitou a ocasião para anunciar que se vai encontrar, dia 1 de julho, no Vaticano, com os responsáveis das comunidades cristãs presentes no Líbano, para um dia de reflexão sobre a “preocupante situação do país” e para “rezarmos juntos pelo dom da paz e estabilidade”.

A súplica do Papa a Maria: “desata os nós do egoísmo, da indiferença e da violência”

Diante de uma imagem de Nossa Senhora Desatadora de Nós, nos Jardins Vaticanos, o Papa Francisco concluiu a “maratona” de oração do Terço realizada diariamente durante todo o mês de maio para implorar o fim da pandemia.

Todos os dias, segurando entre as mãos a coroa do Santo Rosário, dirigimos os nossos olhos a ti, Mãe de misericórdia, suplicando para que acabe a pandemia e a humanidade possa retomar a vida de cada dia com mais segurança”.

Com efeito, disse o Papa no início da celebração, “são tantos os nós que pressionam as nossas existências e prendem as nossas atividades. São os nós do egoísmo e da indiferença, nós económicos e sociais, nós da violência e da guerra”.

Te pedimos, ó Mãe Santa, desata os nós que nos oprimem material e espiritualmente, para que possamos testemunhar com alegria o teu Filho e nosso Senhor, Jesus Cristo.”

Com a participação de crianças que receberam a primeira comunhão, crismandos e escuteiros de Roma, a oração do Terço foi feita diante do ícone mariano oriundo de Augsburg, na Alemanha. Trata-se de uma pintura a óleo sobre tela feita pelo pintor alemão Johann Georg Melchior Schmidtner, por volta de 1700.

O Santo Padre encerrou a cerimónia agradecendo ao Pontifício Conselho para a Nova Evangelização por organizar a maratona, aos santuários que aderiram à iniciativa, à diocese de Augsburg, na Alemanha, pelo ícone mariano, e a todos os fiéis.

Reforma do Direito Canónico: “não há misericórdia sem correção”

Com a Constituição Apostólica “Pascite Gregem Dei”, Francisco reforma o Livro VI do Código de Direito Canónico, sobre as sanções penais na Igreja. Um trabalho de revisão iniciado com Bento XVI. Entrará em vigor a partir de 8 de dezembro próximo.

O novo texto – afirma o Pontífice – é um “instrumento salvífico e corretivo mais ágil, a ser empregado prontamente e com caridade pastoral para evitar males mais graves e para acalmar as feridas causadas pela fraqueza humana”. De facto, “muitos danos foram causados pela incapacidade de perceber a relação íntima existente na Igreja entre o exercício da caridade e o recurso, onde as circunstâncias e a justiça o exigem, à disciplina das sanções”. Foram introduzidas “modificações de vários tipos na lei em vigor” e “algumas novas infrações penais”.

“Com relação à legislação sobre o abuso de menores, há uma novidade que indica a vontade de destacar a gravidade destes crimes e também a atenção a ser dada às vítimas”: estes crimes foram transferidos do capítulo “Crimes contra obrigações especiais dos clérigos” para o de “Crimes contra a vida, a dignidade e a liberdade humana”.

Observando que os bispos são responsáveis para fazer com que estas normas sejam observadas, enfatizou que “a caridade e a misericórdia exigem que um Pai também se esforce para endireitar o que às vezes se torna torto” em prol do malfeitor, das vítimas e de toda a comunidade eclesial.

Vídeo do Papa: “casar e partilhar a vida é algo maravilhoso”

O Santo Padre dedica a intenção de oração do mês de junho à beleza do matrimónio. A mensagem em vídeo habitual foi divulgada este terça-feira, com o Pontífice a questionar: “Será verdade o que alguns dizem, que os jovens não se querem casar, especialmente nestes tempos tão difíceis? Casar e partilhar a vida é algo maravilhoso.”

É uma viagem trabalhosa, por vezes difícil, chegando mesmo a ser conflituosa, mas vale a pena animar-se. E nesta viagem de toda a vida, a esposa e o esposo não estão sozinhos; Jesus acompanha-os. O casamento não é apenas um ato “social”; é uma vocação que nasce do coração, é uma decisão consciente para toda a vida, que exige uma preparação específica” realçou o Papa.

“Por favor, nunca se esqueçam disto. Deus tem um sonho para nós, o amor, e pede-nos que o tornemos nosso. Façamos nosso o amor que é o sonho de Deus”, diz ainda na mensagem.

Francisco: a oração de Jesus por todos nós não cessa

“Jesus, modelo e alma de cada oração” foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral, desta quarta-feira, realizada no Pátio São Dâmaso, no Vaticano.

O Pontífice disse que “os Evangelhos mostram-nos como a oração era fundamental na relação de Jesus com os seus discípulos. Isto já é evidente na escolha daqueles que mais tarde iriam ser os Apóstolos. Lucas coloca a eleição deles num exato contexto de oração: «Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus. Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles aos quais chamou apóstolos». “Jesus escolhe os apóstolos depois de uma noite de oração”, frisou o Papa.

A oração a favor dos seus amigos reapresenta-se continuamente na vida de Jesus. Os Apóstolos por vezes tornam-se um motivo de preocupação para ele, mas Jesus, como os recebeu do Pai, depois da oração, leva-os no seu coração, até com os seus erros, inclusive as suas quedas. Em tudo isto descobrimos como Jesus foi mestre e amigo, sempre pronto a esperar pacientemente a conversão do discípulo.”

A seguir, o Papa acrescentou que “os grandes pontos de virada da missão de Jesus são sempre precedidos por uma oração, não de maneira superficial, mas da oração intensa e prolongada. Esta verificação da fé parece ser um objetivo, mas em vez disso é um ponto de partida renovado para os discípulos, pois, a partir daí, é como se Jesus assumisse um novo tom na sua missão, falando-lhes abertamente da sua paixão, morte e ressurreição”.

No final da Audiência Geral, Francisco recordou a Solenidade de Corpus Christi que, em diferentes países, será realizada na quinta-feira: “Queridos irmãos e irmãs, amanhã celebra-se a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo que, em Itália e em outros países, foi transferida para o próximo domingo. Que vocês possam encontrar na Eucaristia, mistério do amor e de glória, aquela fonte de graça e de luz que ilumina os caminhos da vida.”

JM (com recursos jornalísticos do portal de notícias Vatican News)

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02 de Junho de 2021